Sabe quando você vê a cara de uma criança que se divertiu horrores num parque de diversão e no ultimo brinquedo ainda foi surpresa ao pegar um urso imenso? Essa foi a minha cara ao conferir "Oito Mulheres e Um Segredo", pois o longa beirou algo genial para ser humilde, com uma concepção de plano de roubo tão bem arquitetada que impressiona em cada detalhe, e junto disso souberam escolher um elenco tão bem coeso que a cada nova virada de cena na execução do plano só íamos ficando com o queixo mais próximo do chão, e o que falar do gran finale? Não tem como! Ou seja, fazendo uma rápida comparação, me senti vendo o original "Onze Homens e Um Segredo" misturado com a genialidade de "Truque de Mestre" unindo a isso o mundo fashion e glamoroso da moda com grandiosas mulheres interpretando bons papéis, ou seja, perfeito demais para uma diversão completa nos cinemas!
A sinopse nos mostra que a recém-saída da prisão, Debbie Ocean logo procura sua ex-parceira Lou para realizar um elaborado assalto: roubar um colar de diamantes no valor de US$ 150 milhões, que a Cartier mantém sempre em um cofre. O plano é convencer a empresa a emprestá-lo para que a estrela Daphne Kluger use a joia no badalado Met Gala, um dos eventos mais chiques e vistosos de Nova York. Para tanto, Debbie e Lou reúnem uma equipe composta apenas por mulheres: Nine Ball, Amita, Constance, Rose e Tammy.
É fácil saber o motivo de tanta genialidade, pois com direção e história de Gary Ross("Jogos Vorazes") que sabe bem como dar o empoderamento que tanto se fala, e que conseguiu iniciar lá trás uma grandiosa franquia difícil de ser concebida, aqui foi praticamente fichinha construir um plano mirabolante na história e desenvolver isso com muita interação dinâmica, de tal maneira que o longa agradasse em cada ato, e fosse entregando cada vez mais. Não digo que o diretor tenha surpreendido, pois era de se esperar algo grandioso de sua parte, mas ele foi além e ainda criou conexões fortes, boas interações entre as protagonistas, várias possibilidades de furos, mas sem dar erro, e ainda incorporar muito carisma, coisa que vi somente nos dois filmes de roubo que citei acima. Ou seja, se hoje eu pudesse fazer um pedido ao diretor seria conectar ainda mais esse novo filme ao original, não apenas falando do irmão da protagonista, mas quem sabe arrumar um jeito de ter um crossover entre as duas tramas, sei que seria difícil, mas nunca se sabe!
Sei que essa parte talvez fique imensa, afinal são tantos bons personagens, mas vou tentar falar um pouco de cada um. É para começar é claro que tem de ser ela, a dona da p**** toda, Sandra Bullock com sua Debbie Ocean, de tal maneira que ela consegue fluir seu plano tão dentro da trama que ficamos a todo momento perguntando se ela já havia aparecido em algum dos outros filmes do original, e com olhares fortes, e muita classe no seu estilo, ela acaba conseguindo chamar atenção e entregar uma personagem perfeita. Cate Blanchett pode até fazer comercial de comida para gato que continuará sendo impactante e clássica, de modo que sua Lou acaba sendo meio que uma conexão para a trama, e ainda dá um charme completo. Anne Hathaway é a clássica mulher bonita para o plano funcionar, e sua Daphne Kluger teve bons trejeitos que a personagem pedia e ainda serviu muito para o plano, agradando da forma boa que ela costuma fazer. Acho que Rihanna finalmente encontrou um personagem que coubesse no seu estilo, pois Bola 9 é cheia de personalidade, tem o estilo hacker e ainda consegue passar o charme do gueto, ou seja, encaixou como uma luva. Money Kaling talvez tenha entrado no famoso grupo de cotas, afinal sempre precisam de algum indiano em longas grandes, mas sua Amita foi bem colocada como uma joalheira e sua cena no banheiro foi incrível. Da mesma forma Awkwafina entra na cota dos orientais, mas teve um gingado bem interessante para com sua Constance e entregou bons momentos divertidos, agradando nos detalhes. Helena Vinham Carter e sua excentricidade é constante, e não teria papel melhor para ela do que uma estilista falida, e para compor o papel ela apenas teve de manter suas caras estranhas e se vestir de forma estranha também, ou seja, seu jeito usual. Sarah Paulson foi bem coordenada com sua Tammy, entregando dinâmicas de olhares e fazendo trejeitos mais simples, mas funcionais ao menos. Quanto do elenco masculino temos de pontuar praticamente só James Corden como o responsável pela seguradora John Frazier, que soou divertido e ainda entregou ares diferenciados para a trama, até sabermos sua história, embora não tenha aparecido nos demais filmes. E por último, mas não menos importante, tenho de falar de Richard Armitage com seu Claude Becker, ou o famoso bonitão que serve como parte do plano e agrada nos seus momentos como galã da trama.
No conceito cênico, a equipe de arte foi bem grandiosa, tanto na elaboração da execução do plano, quanto na construção de uma festa imensa cheia de convidados com figurinos riquíssimos dando um charme a mais para a produção, e claro que com tantos bons elementos no plano, cada detalhe da equipe funcionou para ter um simbolismo e ainda chamar atenção para cada detalhe, de modo que desde a pequena cena de atuação dentro da prisão, até a grandiosa festa, passando pela formação da equipe, e até mesmo as cenas finais, tudo está completamente recheado de detalhes cênicos que conseguem agradar demais. Quanto da fotografia todo longa de ação e roubo possui diversos momentos diferenciados para incorporar cada momento e criar as sensações de aflição que faz o público achar que os protagonistas serão pegos, usando para isso tons mais densos, mas também trabalha com muitas cores para que tenhamos cenas divertidas, e com isso o longa nesse quesito brilhou bastante.
Enfim, é um longa que imaginava que seria bem bacana, mas não esperava me surpreender tanto como acabei sendo surpreendido, pois cada ato foi mais genial que o outro, e talvez até me arrependa numa segunda conferida não achando ele nem metade disso, mas com toda certeza nesse momento tenho de recomendar demais o filme para todos que gostem desse estilo, pois o diretor/roteirista foi genial, as interpretações foram perfeitas é a composição/edição final acabou incrível, e só não dou nota máxima para o filme por um mero detalhe, a falta de uma trilha mais forte e talvez algumas leves pontas soltas que falharam um pouco, mas se tivesse notas quebradas certamente seria um filme para 9,5. Bem é isso pessoal, fico por aqui agora, mas já vou conferir mais um longa do Festival Varilux, então abraços e até logo mais.
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