É engraçado como alguns autores/diretores conseguem trabalhar temas diversos de formas mais dinâmicas e acabam criando vertentes que poderiam soar até ofensivas de uma maneira gostosa e descontraída. Digo isso, pois fui conferir "Mulheres Alteradas" pronto para sair reclamando de excessos feministas, de descontroles hormonais forçados e tudo mais, mas por incrível que pareça fizeram um filme muito condizente, cheio de situações bem "reais" e divertidas, aonde o descontrole é claro que ocorre por diversos motivos, e como bem trabalhados dentro da telona, o resultado funciona tanto como filme, quanto facilmente poderia virar uma série com grandiosas propostas para cada dia ser trabalhado um tema, que certamente viraria sucesso como ocorreu com "Confissões de Adolescente" e "Sex and the City". Ou seja, um filme que diverte pelas situações e que não força a barra para criar cada ato, sendo trabalhado ato por ato, tendo bons fechamentos, e principalmente, funcionando como deve ser algo feito a partir de uma HQ: com muita dinâmica em um ritmo aceleradíssimo aonde tudo acontece com minúcias.
A sinopse nos diz que o filme é uma comédia sobre os dilemas tragicômicos enfrentados por quatro mulheres em diferentes fases da vida: Leandra está na crise dos 30. Solteira, não aguenta mais a intensa vida noturna; sua irmã, Sônia, é o oposto. Casada e com dois filhos, sonha com uma noite de curtição; Já Marinati é uma advogada workaholic que se apaixona justo quando sua carreira está deslanchando. E Keka, está ansiosa com a viagem que programou para salvar seu casamento.
Após fazer muitas séries, eis que o diretor Luis Pinheiro se arrisca pela primeira vez em um longa-metragem, e o acerto além de ser bem colocado no estilo desenvolvido, acaba como disse funcionando nos dois meios: na telona como filme, e quem sabe virar depois uma série mais alongada com uns 10 a 12 episódios. É claro que o grande ponto do sucesso foi o roteirista Caco Galhardo ter adaptado uma HQ completamente funcional da argentina Maitena, aonde todos os quatro dilemas são bem desenvolvidos, temos pontuações colocadas com números, temos explicações, e até temos formalidades exageradas, mas tudo é resolvido e colocado com belos símbolos, que acabam mais agradando do que incomodando, e sendo assim o resultado é quase perfeito. Diria que o maior defeito é o longa ser simples e rápido, pois talvez pudessem até colocar mais detalhes, mais situações, mas aí talvez seria necessário mais personagens, e esse foi o grande trunfo da trama, trabalhar com poucas artistas e praticamente todas se conectando entre elas, o que resultou em quase um episódio de algo que pode ser bem maior, e certamente emplacará.
Outro grande ponto forte foi que as artistas foram bem dispostas a se entregar às personagens, criando vértices expressivos bem trabalhados e chamando a atenção para si em cada momento da trama, de modo que quase não vemos a existência dos figurantes, reparando completamente nelas dando seu show. Para começar temos Alessandra Negrini sendo bem coesa com sua Marinati, assumindo o papel de protagonista e dando bons shows de expressões diversificadas, não recaindo tanto a clichês e chamando para si a responsabilidade nas suas cenas. Logo seguida dela temos a supermãe desesperada com dois filhos pequenos Sônia, interpretada com muito charme por Monica Iozzi (olha, jurava que ela não tinha toda essa expressividade!!) e conseguiu se soltar muito nos seus momentos de festa, ou seja, foi bem nas duas versões. Foi engraçado ver Maria Casadevall falar que está na crise dos 30 com sua personagem Leandra, pois aparentemente parecia bem mais uma jovem de 20 e poucos, mas foi bem ao cair na bagunça das crianças e agradou bastante na conversa com a irmã. E por fim temos Deborah Secco com sua Keka, uma assistente bem maluca que está tentando salvar o casamento, e sua paranoia para dar certo com o marido foi a que causou os momentos mais engraçados, e que acabou ajudando bastante Sérgio Guizé como seu marido Dudu, que foi a piada pronta com tudo o que pode dar de errado num resort. Ainda tivemos momentos bem colocados com o galã Daniel Boaventura (que exagerou um pouco no momento de dança).
No conceito cênico chega a ser engraçado a quantidade de cores que o filme trabalha, tendo diversos elementos cênicos, desenhos aparecendo como finalizações de momentos, locações cheias de detalhes e claro também muito pensamento fluindo com mais elementos ainda, ou seja, um show da equipe de arte que conseguiu brincar bastante com a ideia sem deixar o filme pesado. Com tantas cores, a fotografia acabou um pouco poluída, mas acabou tendo uma dinâmica bem alegre funcionando como o longa desejava, ou seja, quase se parecendo com um quadrinhos realmente.
Enfim, é um filme bem gostoso e divertido, que até possui defeitos pelo exagero em muitas cenas, mas a diversão é tanta que acabamos relevando e saindo contentes com o resultado, e até torcendo por mais desenvolvimento com as histórias. Claro que terei de pontuar na nota esses excessos, mas recomendo com certeza o filme para todos que gostem do estilo, e que é certeza de diversão. Bem é isso pessoal, fico por aqui encerrando essa semana, mas volto na próxima quinta com mais estreias, então abraços e até lá.
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