Com toda certeza quando a Pepsi convidou o jogador de basquete Kyrie Irving para uma "pegadinha" com jovens e jogadores profissionais, que acabou viralizando e claro sendo muito usada como comercial do refrigerante, ninguém imaginaria do potencial para a ideia virar um filme completo, mas com o sucesso logo a empresa já fez uma parceria grandiosa com uma produtora, e pronto, logo estavam capturando outros grandes jogadores mais antigos para formar um timaço pronto para detonar nas quadras com muita maquiagem de envelhecimento no longa "Tio Drew". Aí você vem e pergunta para o Coelho, é uma comédia engraçada que valha a conferida? E a resposta vem bem direta: se você gosta de basquete, a trama vai lhe envolver e divertir bastante principalmente após a metade do longa, agora caso contrário, acabará soando cansativo e com mensagens bem jogadas, sem muita dinâmica de carisma, afinal quase todos os protagonistas são jogadores e não atores, então falta uma pegada mais expressiva, mas confesso que ao chegar realmente nos jogos a trama emociona e acaba agradando bastante, mas certamente poderiam ter trabalhado mais para que o filme ficasse mais com cara de filme e não apenas algo encomendado.
A trama nos conta que Dax é um grande fã de basquete, que atua como técnico de um time amador. Ele decide gastar todas as suas economias para garantir a presença de sua equipe em um campeonato de basquete de rua realizado no Harlem, Nova York, de olho no prêmio de US$ 100 mil ao vencedor. No entanto, após uma série de eventos desastrosos, ele perde o controle do grupo e precisa urgentemente formar uma nova equipe. Para resolver o problema, ele recruta uma grande lenda do esporte, o incrível tio Drew, que está aposentado há anos. Com um novo time repleto de setentões, Dax acredita que finalmente conseguirá alcançar uma vitória em sua carreira esportiva.
É engraçado que muitos diretores que fizeram pequenos filmes no começo dos anos 2000 voltaram a produzir agora (será que o barateamento das filmagens em digital comparada com o alto custo das películas? Ou apenas acabaram seus anos sabáticos?), e com isso alguns estilos que víamos muito nas diversas sessões da tarde, ou em filmes jogados na noite na TV começam a surgir com uma frequência maior, e Charles Stone III até teve algumas obras bem montadas, mas acabou não decolando, e agora ele traz uma boa dose de dinâmica emocional dos filmes esportivos, mas brincando com a sagacidade da família, da velha escola tanto de basquete quanto de cinema, e que se talvez fosse mais trabalhado com atores do que com jogadores, e usasse mais lições de moral para que o longa tivesse um peso maior, a trama até poderia recair nos moldes de "Space Jam" e virar um marco, mas como aqui ele focou bem mais no esporte, em algo aparentemente encomendado por órgãos esportivos, a trama acabou um pouco engessada e os raros momentos engraçados acabaram ficando levemente cansativos e forçados, o que é uma pena, pois após a trama engrenar, já estamos quase finalizando, e é fácil notar potencial no time completo.
É até difícil falar das atuações, afinal temos aqui um timaço de estrelas antigas e novas da NBA, que até demonstraram um certo afeto para com suas expressões cheias de apliques na cara para o longa, mas como disse antes, não são atores, e com isso o resultado acabou pecando um pouco. Lil Rel Howery como de praxe é exagerado em suas atuações, de modo que seu Dax parece uma gralha gritadora desesperada no começo do filme, claro que dá uma melhorada no miolo e finaliza bem, mas poderia ter sido mais homogêneo que agradaria muito mais e ainda passaria a mesma personalidade. Kyrie Irving ainda atua no basquete, e já considera seu Drew quase uma segunda personalidade com o tanto de comerciais e séries que fez com o personagem (ganhando muito dinheiro de seu patrocinador é claro!), e aqui ele foi bem condizente, até entregando bons olhares, mas falta aquele empurrão para mostrar que sabe atuar também e não apenas jogar, pois nas cenas com a bola deu show. Após se aposentar das quadras, Shaquille O'Neal já fez tantos filmes que podemos dizer que tem um pouco mais de dom com as câmeras, de modo que seu Big Fella consegue soar interessante mesmo fazendo algumas caretas estranhas, e poderiam ter trabalhado mais a relação dele com Drew, não ficando apenas a resolução rápida e rasteira. Aaron Gordon também ainda tem muita carreira no basquete, pois com apenas 22 anos, apenas serviu de elo com seu Casper para mostrar sua habilidade com a bola, mas foi quase um enfeite cênico. Chris Webber também já se aposentou das quadras, e podemos dizer que foi o que mais se esforçou em fazer bem seu Preacher, de modo que soou hilário em sua cena de batismo e teve boas dinâmicas na fuga de sua esposa, não apelando tanto para trejeitos. E falando na esposa, temos mais uma estrela das quadras, Lisa Leslie, a primeira mulher a fazer uma enterrada na WNBA, que aqui como Betty Lou ficou digamos um pouco estranha e meio desengonçada, mas que ao pegar a bola deu show também. Nate Robinson ainda joga, mas aqui sentado em uma cadeira praticamente a metade do longa com seu Boots, o que mais assustou foi sua cabeleira monstruosa. Para finalizar o elenco de jogadores, tivemos ainda Reggie Miller que ao fazer o cego Lights acabou divertindo demais com a desenvoltura do personagem nas cenas que precisaria ver as coisas, e assim acabou agradando também. Quanto aos demais atores, Nick Kroll acabou forçando a barra com seu Mookie, apelando para trejeitos e dinâmicas bobas para criar um personagem bobo, que poderia ser mais leve e ainda ter o mesmo tom. E para finalizar as demais moças até tentaram cair bem na trama, mas Erica Ash foi singela demais com sua Maya (embora bonitinho o seu carisma) e Tiffany Haddish gritou demais com sua Jess (parecendo uma gralha).
No conceito visual o longa teve muitos elementos interessantes, como a van trabalhadíssima em detalhes, os asilos, o parque de diversões bem montado para agradar o velhinho, as quadras bem preparadas para os jogos incríveis, mas sem dúvida o grande feitio da equipe de arte foi o trabalho da equipe de maquiagem para transformar jogadores de no máximo 46 anos em velhinhos com bem mais de 70, o que acabou lhes dando novas personalidades, e praticamente fazendo com que o público sequer os reconhecesse, ou seja, um show de coisas estranhas, mas que agradou bastante. A fotografia oscilou muito para tentar dar as lições de moral, recaindo para tons pasteis, mas ao dar um colorido vibrante para tentar fazer o público rir, o longa acaba apelando e isso não dá o tom cômico que a trama pediria.
Enfim, como filme a trama acaba sendo mediana, pois poderia ter alçado voos maiores, mas como um show de basquete com velhinhos, o resultado acaba sendo incrível e muito bem feito. Volto a dizer que está bem longe de ser algo ruim (afinal gosto muito de basquete), mas poderiam ter trabalhado mais as disputas, ou o relacionamento entre os velhinhos, ou até mesmo mais problemas entre eles para que aí sim tivéssemos um filme mesmo, mas ainda assim como disse no começo quem gostar de bons jogos de basquete, aqui é uma boa dica. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais textos, então abraços e até logo mais.
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