Se tem uma coisa que deixa esse Coelho extremamente feliz é ver um documentário bem imparcial sobre um homenageado, pois estamos tão acostumados a ver homenagens aonde todos só falam que o cara era um fenômeno, que seus filmes foram gloriosos, que criou um modo diferenciado disso e daquilo, e todo blábláblá usual, que geralmente cansa e saímos da sessão apenas com uma ideia bem simplória da carreira de alguém, mas como bem sabemos raramente alguém é 100% santo, e já fez inúmeras cagadas na vida, e quando vamos contar uma história sobre alguém para outro alguém que não o conhece, é sempre bom que tudo seja dito para que cada um faça seu vértice de se gosta, ou se odeia tal pessoa. Dito isso, o que nos é entregue em "Bergman - 100 Anos" é algo que vai além de um simples documentário, pois vivenciamos quase todas suas obras, ouvimos diversos depoimentos sobre o diretor, são mostradas entrevistas que nunca foram exibidas e o resultado consegue além de entregar o quão genial foi o diretor, mas também entregar suas manias, defeitos e excessos, de tal forma que tudo acaba perfeitamente imparcial e maravilhoso, ou seja, uma obra que além de ser bem detalhada, ainda nos faz ficar com muita vontade de rever ou ver diversos dos longas que conhecíamos apenas como filme, mas que após ver seus bastidores ficamos ainda mais curiosos de olhar com outros olhos para cada obra, ou seja, um documentário do melhor estilo possível, que vale demais a conferida.
O longa nos conta que em 2018, o diretor sueco Ingmar Bergman, falecido em 2007, teria completado 100 anos. Este documentário resgata a obra monumental do cineasta, autor de filmes como O Sétimo Selo, Morangos Silvestres, Persona, Gritos e Sussurros, Luz de Inverno, O Ovo da Serpente e Fanny e Alexander. O foco é o ano de 1957, quando Bergman lança dois filmes, filma mais dois, dirige um telefilme e quatro peças de teatro. Conversando com atores, colaboradores, críticos e historiadores, o filme traça o retrato de um homem obsessivo, instável, difícil de lidar, mas ao mesmo tempo um dos maiores artistas da história da Suécia, e também o único diretor a receber a "Palma das Palmas" no festival de Cannes.
A diretora Jane Magnusson é uma verdadeira pesquisadora sobre Bergman, tendo já uma mini-série para TV com vídeos sobre o diretor e um outro documentário feito em 2013 que conta mais sobre a vida dele, mas diria que a sua obra-prima ficou aqui por focar numerologicamente em cima do ano de 1957, indo para diversos lados, mas sempre voltando no ano da glória/loucura do diretor, e principalmente por conseguir ser muito imparcial na obra inteira, criando grandes momentos, trabalhando sempre os depoimentos com imagens bem exemplificadas e assim o longa ganha um ritmo tão bem colocado que dificilmente nos vemos perdidos por algo (mesmo que não sejamos grandes conhecedores dos longas do diretor!) e o resultado acaba surpreendendo a cada novo ato.
Como costumo falar, documentários nem dá para discutirmos muito, pois é algo para conferirmos e conhecermos detalhes do que o pesquisador/diretor trabalhou para que o público conhecesse o homenageado e/ou determinado trabalho, e aqui confesso que não sou um grande conhecedor da obra de Bergman, tendo visto apenas alguns inteiros e outros apenas trechos, de tal modo que o que a diretora acabou fazendo foi me instigar a querer ver alguns completos, principalmente "Fanny e Alexander" pela essência mostrada durante o documentário, mas com certeza rever "O Sétimo Selo", "Persona" e "Morangos Silvestres" sabendo mais do que foi pensado durante as gravações, certamente será um deleite diferenciado.
Certamente sabia que o diretor era muito saidinho e que teve diversos casos com atrizes e mulheres da equipe de produção, mas não imaginava nem metade do que rolava por lá, e com toda certeza se hoje ainda tivesse vivo seria daqueles que hoje muitas mulheres estariam queimando no "Time's Up", pois independente da carreira, no longa víamos que ele tinha muita familiaridade com todos, e isso para muitos hoje já virou motivo de queimar na fogueira.
Enfim, não vou falar muito mais senão acabo estragando a obra, mas desejo que quem puder conferir o longa, vá, pois tenho certeza que será um ótimo programa para conhecer como eram os filmes, e como pensava um dos grandes diretores do século passado. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais estreias, então abraços e até breve.
PS: Irão me perguntar o motivo de não dar nota máxima para o longa, e explico bem rapidamente, que é pelo simples fato de demorarem demais para engrenar, com um começo monótono, e pelo excesso de toda hora estar falando 1957, que já estava quase saindo da sessão e passando na loteria com o tanto que falaram o número, mas de resto é um filmaço.
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