É engraçado que de tempos em tempos surgem sagas novas para suprir as que vão acabando, e muitas vezes os primeiros filmes acabam nem chamando tanta atenção, por aparentarem estranhos nos trailers, e muitas vezes não cativam por não serem livros estourados de vendas, ou seja, primeiro precisam mostrar serviço para depois o público empolgar com o que vê, e começar a torcer pelas sequências. Digo isso sem pesar nenhum, pois inclusive esse Coelho que sempre vos digita foi conferir "Mentes Sombrias" sem saber nada da trama, apenas tendo consciência de que eram cinco livros, e com uns dois pés atrás pelo trailer que aparentava ser um "X-Men" genérico que correram para entregar antes de "Os Novos Mutantes", mas agora após conferir posso dizer com toda certeza que é um filme bem interessante, com uma trama bem moldada que funciona dentro da proposta que segue, de ser um longa teen com romance, ação, aventura, superpoderes e tudo mais que se espera ver num filme desse estilo, ou seja, um clássico da sessão da tarde, que se cair em uma mão mais impactante, de um diretor de maior sucesso, certamente pode transformar o segundo e os demais filmes em grandes obras que todos irão querer conferir. Dito isso, vá e confira, pois certamente se você gosta desse estilo, a obra vai lhe agradar muito, e fará você virar um fã desejando saber o que acontecerá com cada personagem na continuação.
A sinopse nos conta que em um mundo apocalíptico, onde uma pandemia mata a maioria das crianças e adolescentes da América, alguns sobreviventes desenvolvem poderes sobrenaturais. Eles então são tirados pelo governo de suas famílias e enviados para campos de custódia. Entre elas está Ruby, que precisa se esconder entre as crianças sobreviventes devido ao poder que possui.
Mais conhecida por dirigir as animações "Kung Fu Panda 2 e "Kung Fu Panda 3", a diretora Jennifer Yuh Nelson agora se aventura em um mundo bem diferente, o de filmes live-action preparados para ser sagas, se baseando em livros, e aqui com a trama escrita originalmente por Alexandra Bracken, ela conseguiu entregar um filme com uma boa dinâmica, com uma história que consegue conectar com o público, e até possui uma boa essência, mas acaba lhe faltando um tino mais impactante para que o filme decolasse como poderia, sendo realmente uma apresentação mais colocada de personagens, aonde demoramos demais para conhecer seus poderes, quem são os vilões, e o que pode acontecer a seguir, de modo que o filme tem um pouco de tudo, mas aqueles que forem mais exigentes certamente irão reclamar de muita coisa, ou seja, é o famoso filme pipoca que consegue agradar bastante o público que é destinado, é daqueles que você assistiria tranquilamente na sala de casa durante uma tarde tranquila, mas que faltou para a diretora uma expertise maior para empurrar no público aquele sentimento de desejo pelo longa, e mesmo que o filme não seja ruim (muito pelo contrário é algo até bem interessante), a crítica em geral prefere queimar ele do que indicar, e esse talvez seja a maior falha da trama, a de não conseguir convencer o povo que poderia vender melhor ele, mas volto a frisar, que como não sou como os demais, recomendo sim, e até irei torcer muito para dar bilheteria, pois quero muito saber o desenrolar da trama, e não estou afim de ler outros quatro livros.
Outro ponto levemente problemático para o público não empolgar tanto com a trama foi a escolha do elenco, que para um filme com uma pegada levemente romantizada não possui rostinhos de galãs, e para um filme que tem muita ação e superpoderes, não tem atores fortes e interessantes dispostos a buscar um público mais voltado para isso, ou seja, escolheram atores simples demais, que até conseguiram ter uma boa química entre eles, souberam ser interessantes, tiveram bons conflitos e trejeitos, mas para uma saga adolescente, o resultado não é o que o público desejava ver nas telonas. Digo que talvez até tenham pegado a ideia da autora para como os atores deveriam parecer, mas não foram bem trabalhados. Amandla Stenberg já é rata desse mundo, pois começou lá trás em "Jogos Vorazes" com sua Rue sem muito protagonismo, e no ano passado já estrelou um drama teen mais quente em "Tudo e Todas as Coisas", e agora colocando praticamente toda a responsabilidade em suas costas, ela fez de sua Ruby uma personagem com um carisma até que bem interessante, que agrada, tem bons trejeitos, tem bons poderes, mas terá de se esforçar muito para ser a super-heroína que o segundo filme aparentemente irá lhe exigir, pois ela não tem todo esse impacto, ao menos não mostrou aqui. Harris Dickinson também não é aquele par romântico que esperamos ver, mas seu Liam tem um quê interessante de acompanhar, seus poderes são bem fortes, e o ator conseguiu ser carismático e chamativo para gostarmos dele, mas com um final que não esperávamos ver, iremos ficar bem curiosos para seguir sua saga. Myia Cech é uma japonesinha bem engraçadinha, mas sem dizer uma palavra sequer durante todo o longa com sua Zu acabou ficando mais necessária de ações, e embora algumas sejam bem bacanas, faltou um pouco para ela. Skylan Brooks faz um Bolota bem inteligente e que demonstra bem seu "poder", e soa bem como aquele amigo que todos querem ter tanto para Ruby quanto para os demais, mas ele é simples demais, e o ator também não chama para si a responsabilidade, ficando bem em segundo plano. Quanto aos demais, apareceram pouco e até chamaram a atenção, mas como é um filme introdutório, tanto Patrick Gibson com seu malvadão Clancy que fez boas cenas, quanto Mandy Moore como a doutora Cate, que aparece no começo, some o miolo todo e volta no final, fizeram pouco para serem lembrados pelos trejeitos e interpretações, veremos o que farão nos próximos (se houver!).
No conceito cênico a trama foi bem inteligente de situações, com locações simples, mas cheias de efeitos, que acabaram impressionando pela grande quantidade de figurantes, muita velocidade, poderes bem colocados e sem exagerar a equipe de arte soube dosar os elementos para que o filme fluísse sozinho e entregasse uma boa dinâmica e agradasse a todos. Porém a grande sacada ficou pelos efeitos especiais não ficarem tão falsos, pois o filme tinha claro uma cara de ser um X-Men, mas deixaram tudo bem simples que a qualidade não ficou forçada e nem impressionando por algo de grande teor. A fotografia da trama trabalhou com tons mais escuros para criar um clima mais tenso, e mesmo pesando nas cores o filme não soou exageradamente tenso, o que é interessante, pois poderia recair para algo mais dramático e atrapalhar mais do que agradar.
O longa também contou tanto com boas canções quanto trilhas originais bem encaixadas para ditar um ritmo bem cadenciado, e como costumo dizer, se um bom filme tem uma boa trilha sonora, o resultado para conquistar o público já é de quase 50%, e claro que não deixaria de fora o link para que todos possam ouvir, afinal boa música é aquela compartilhada por todos.
Enfim, muitos vão dizer que fiquei maluco por gostar do longa, pois tecnicamente ele é sim algo fraco, mas a trama é bem envolvente, e se gosto bastante desse estilo de franquias juvenis que conseguem amarrar bem o espectador, de modo que indico o longa e certamente estarei torcendo para que os demais sejam lançados. Uma grande sacada da trama foi fazer um filme que teoricamente não depende dos demais, ou seja, se não der bilheteria e resolverem não fazer os demais, a mensagem foi bem passada aqui nesse primeiro filme, mas acredito que o potencial é bem grandioso para que os demais funcionem até melhor do que esse que foi uma grande apresentação. Ou seja, vá conferir e se divirta com toda a ação, se embale nos romances jogados, e a chance de gostar é bem alta, mas se esse não faz seu estilo, fuja, pois, a chance de odiar também é bem alta. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas ainda tenho duas estreias para conferir, então abraços e até breve.
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