Bem, estamos aqui hoje para falar de mais um filme da safra religiosa nos cinemas! Só que não!!! Ou melhor, só um pouquinho, afinal para falarmos de um mal, ou de algo maligno/demoníaco temos de entrar em termos nos conceitos religiosos, e claro que no longa "A Freira" temos conexões com Vaticano, com votos religiosos, e tudo mais para dar tema ao longa, mas antes de entrarmos nos moldes que o filme se baseia, temos de voltar em um ponto que culminou no feitio desse longa, e que agora definitivamente se fechou um círculo, mas que claro será bem trabalhado ainda, pois é o que mais anda dando lucro nos filmes de terror ultimamente, e assim você já está por dentro que estou falando do "Universo de Invocação do Mal" ou "The Conjuring Universe" como vem sendo chamado nos bastidores cinematográficos, que começou lá em 2013 com o primeiro filme dos Warren, aonde apareceu a boneca Annabelle, que derivou dois outros filmes (um mais ativo e um de origem realmente), depois tivemos em 2016 o segundo longa de Ed e Lorraine Warren, aonde apareceu uma certa entidade da qual muitos ficaram curiosos por saber de onde veio, e eis que agora o ciclo se completa, ao sermos apresentados para essa moça muito charmosa de roupa preta que vai aterrorizar o sono de algumas pessoas que forem conferir o longa. Digo isso de aterrorizar até com um certo ponto de ressalva, pois embora apareça em cenas tensas, meio que do nada, o público que confere esse estilo já até sabe a hora que vai aparecer pelo estilo de filmagem, e sendo assim não temos pulos surgindo a todo momento, mas sim uma boa conexão mista de cenas tensas, com o casual de toda grande franquia, que é a inserção de pontos cômicos para dar uma aliviada, e aqui raspou a trave de não ficar exagerado demais esse tom na trama. Ou seja, é um bom filme, que vai agradar quem gosta do estilo, e claro que ficou esperando por demais esse longa, mas ainda assim esperava sair mais tenso e arrepiado como aconteceu com os dois principais longas da trama, mas ainda assim vale muito a conferida, afinal, se temos franquias de super-heróis que ficamos empolgados, porque não vamos ter uma super franquia de filmes de terror/suspense, pois a de monstros da Universal já foi para o brejo!!
A sinopse nos conta que presa em um convento na Romênia, uma freira comete suicídio. Para investigar o caso, o Vaticano envia um padre atormentado e uma noviça prestes a se tornar freira. Arriscando suas vidas, a fé e até suas almas, os dois descobrem um segredo profano e se confrontam com uma força do mal que toma a forma de uma freira demoníaca e transforma o convento num campo de batalha.
Tudo bem termos uma história de James Wan, que é o atual detentor dos melhores longas de terror dos últimos anos, mas sabemos que hoje o que faz um bom filme de terror funcionar é a mão do diretor e não apenas sua história, e embora Corin Hardy tenha feito um único filme bem bom ("A Maldição da Floresta"), acredito que para o andamento da franquia seguir uma linha de tensão bem apropriada, talvez alguém de maior renome deveria ter assumido a cadeira principal, pois não digo que ele tenha errado a mão aqui, mas um orçamento bem mais amplo e uma história já mais desenvolvida acabaram deixando o diretor deslumbrado demais, de modo que o filme em si possui uma essência bem tensa, mas brinca demais com pontos cômicos para dar uma quebrada, coloca o clichê mais tradicional de sustos sendo preparados para acontecer, e com isso, ao invés de termos uma freira aterrorizante como foi sua aparição em "Invocação do Mal 2", Valak acabou sendo mais moderada, e embora o longa tenha situações fortes, sempre temos uma acalmada para não ficar tenso por inteiro. Ou seja, temos quase uma montanha russa de situações, que poderiam ser minimizadas e que aí entregaria somente um longa tenso e forte, mas como costumo dizer, se fosse bem forte seria 18 anos, e só de olhar a sessão anterior a minha (dublada) que estava abarrotada de crianças acompanhadas de pais e jovens, vemos que o terror mais leve, e próprio de uma franquia para todos, é mais bem encaixado para dar bilheteria do que sustos e tensões. Ou seja, novamente, é um bom longa, feito de forma mais ampla como um blockbuster realmente, e como acaba acontecendo com blockbusters, as falhas aparecem em grandes teores, mas veremos ainda o que acontecerá no capítulo 3 de "Invocação do Mal", e claro que estaremos na torcida para ser nas mãos de James Wan.
Sobre as interpretações, podemos dizer que a irmã mais nova de Vera Farmiga (que dá o tom como Lorraine Warren em "Invocação do Mal"), Taissa Farmiga, acabou entregando uma Irene bem colocada, com um vigor despojado para a protagonista, e que soube transparecer no ar tanto sua fé, quanto também seu temor pelo mal, entregando boas cenas e até chamando a responsabilidade para si em alguns momentos, mas é claro que assim como todo clichê de filme de terror, acaba fazendo diversas paias corajosas de enfrentamento, indo num breu apenas com uma vela, saindo na calada da noite atrás de um barulho e tudo mais, mas como costumo falar, se a pessoa ouvir um barulho e ficar na cama, não acontece o filme de terror, então ela ao menos fez com olhares tensos e criou a tensão para com o espectador seguindo-a. Demián Bichir é um ator bem eclético nas escolhas que faz, e procura incorporar trejeitos para os personagens que faz, de modo que aqui seu Padre Burke foi bem robusto na opinião que tinha, mas acabou com sua história sendo algo meio que jogada na trama, não condizendo muito sua escolha (não acredito que façam um longa anterior para mostrar mais da personalidade do personagem, mas nunca se sabe!), e assim sendo por diversas vezes ficamos até reclamando demais de sua desenvoltura tanto do personagem quanto do ator, ou seja, tirando sua cena mais tensa no caixão, o ator quase foi inútil na trama. Jonas Bloquet caiu muito bem na personalidade de Frenchie (e até teve um final bem mais interessante do que esperávamos para ele!), mas talvez poderiam ter maneirado um pouco no excesso cômico do personagem, pois a trama raspa a trave de virar um pastelão exagerado, e não é isso o que esperamos ver num terror, mas ao menos ele foi coerente do começo ao fim, agradando no que fez. Agora posso até ser crucificado pelo que vou falar, mas Bonnie Aarons sem maquiagem assusta até mais que a freira protagonista, mas souberam nos momentos mais fortes colocar uns dentões assustadores e o resultado ficou bem tenso de ver, de modo que a atriz acabou saindo até bem no que fez. Quanto aos demais, a maioria deu boas conexões, mas praticamente apareceram e sumiram em algumas cenas, tendo leves destaques para Ingrid Bisu como Irmã Oona e Charlotte Hope como Irmã Victória, mas nada que seja impressionante por parte delas.
A grande sacada da franquia está em colocar os personagens dentro de ambientes lotados de elementos cênicos precisos para criar tensão, sempre trabalhando bem a época em que o filme se passa, e principalmente desenhando o ambiente principal com uma grandiosidade que até nos perdemos para onde olhar, e aqui a Abadia é um antro cheio de símbolos, que mais para o final acabamos sabendo um pouco mais da história do lugar, e que a equipe de arte soube entregar com uma minúcia incrível para que víssemos em cada detalhe todo o orçamento bem empregado, ou seja, um filme repleto de detalhes que quem quiser estudar até um pouco mais poderá quem sabe achar algum easter egg perdido, mas preferimos ficar apenas com as cenas de abertura e fechamento, e encaixar a trama toda dentro da perspectiva que nos tentaram mostrar. Como tradicionalmente ocorre na maioria dos longas de terror, o filme usa a escuridão ao seu favor para dar sustos nos espectadores mais desprevenidos, entregando assim uma fotografia com boas sombras, mas com excessos de nuances no meio da escuridão quase total, portanto recomendo que vejam em cinemas com uma projeção mais forte para não perder os detalhes e ficar sem ver boa parte do longa, pois com muitas velas, e até luzes "imaginárias" vindo de quem sabe do luar, o resultado até fica bem interessante.
Enfim, sendo sincero esperava até um pouco mais do longa, afinal a franquia tem sido sensacional (tirando o primeiro "Annabelle") e aqui a trama funciona, mas exagera um pouco no humor, e assusta usando dos tradicionais artifícios clichês de sustos preparados, de modo que poderia ter muito mais tensão caso quisessem entregar um filme mais adulto e menos comercial, mas isso é um detalhe que muitos nem vão ligar, pois o filme funciona bem dentro da franquia, como algo que era necessário ser entregue, e que vai agradar quem for sabendo o que esperar. Ou seja, recomendo o filme com leves ressalvas, pois alguns desprevenidos vão se assustar mais, e outros vão até achar o longa bobo demais, mas como costumo falar, em franquias de altíssima bilheteria, vender é melhor do que causar, então aqui certamente vão vender muito. Bem pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais estreias, então abraços e até logo mais.
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