Chega a ser triste ter de falar mal de um filme, principalmente os bem produzidos, que conseguem entregar visuais incríveis como é o caso de "Alfa", mas não tem como dizer que o longa consegue empolgar em sequer uma cena, e olha que temos atropelamento por búfalos, temos queda em precipício, temos ataque de lobos, temos afogamento em lago congelado, entre muitas outras coisas que nos fazem quase acreditar que o personagem principal era um gato com sete vidas ou mais, mas a história é tão rasa, sem algo que chame a atenção, que se fosse transformado a trama em apenas um documentário de um lobo passeando por paisagens incríveis, o resultado seria muito melhor, pois é o que salva somente nessa produção: belos cenários maravilhosos que com a tecnologia 3D acabaram ainda mais imersivos, e um lobo treinado que fez melhores expressões que muitos atores do cinema, ou seja, um filme que poderia chamar a atenção, fazer o público chorar copiosamente, mas que apenas faz passar a hora.
A sinopse nos conta que na Era do Gelo, há 20 mil anos, um grupo de caçadores parte para uma arriscada expedição. Um deles é atacado e dado como morto. Agora, ele tem de aprender a enfrentar as adversidades e um lobo ferido se transforma em seu grande aliado nessa luta pela sobrevivência.
Oito anos! Esse foi o tempo que o diretor Albert Hughes ficou sumido dos holofotes cinematográficos, e se na parceria conjunta com seu irmão Allen em "O Livro de Eli" conseguiu explorar a dramaticidade em um cenário interessantíssimo, aqui ele apenas colocou o cenário para jogo e esqueceu que precisava fazer o ator ficar interessante também na história, e mais do que isso, fazer com que a história ficasse interessante para o público se empolgar com o que visse na telona, ou pelo menos não dormir, e infelizmente ele não conseguiu essa façanha, pois o longa mesmo tendo boas situações, acaba sendo morno demais, raso de perspectivas, mas inegavelmente ele arrumou a locação perfeita em Alberta no Canadá, passando por Vancouver também e até mesmo na Islândia, para que seu filme tivesse um visual incrível que até talvez esquecêssemos que ele não teve criatividade para entregar um roteiro também, quiçá diálogos expressivos para que os atores atuassem ao menos. Ou seja, um filme que vale ser visto pelo visual, mas que seja completamente esquecido pela história, se é que tem alguma para ser contada.
Sobre as atuações, só tenho a dizer que quem foi o melhor ator foram os dois lobos usados para interpretar o protagonista Alfa, pois eles fizeram olhares tristes, rosnaram, foram carismáticos e tudo mais, completamente diferente dos humanos que começaram o longa com uma expressão e terminaram com a mesma, e nem vou falar de interjeições, pois a distribuidora boicotou o país mandando para 99% das salas apenas cópias dubladas, então é melhor nem pensarmos nas vozes femininas todas iguais e sem entonação alguma, e nas do garoto que já não entrega emoção alguma com os olhares, aí com a voz calma então, ficou mais apático ainda. Dito isso, podemos dizer que o problema foi de direção, pois Kodi Smith-McPhee tem entregue boas interpretações nos seus últimos longas, e aqui seu Keda é muito inexpressivo, de modo que quase torcemos para que ele não consiga atingir seu objetivo, para ao menos ficarmos com raiva dele, mas como bem sabemos, os longas não são assim. Jóhannes Haukur Jóhannesson entregou um líder bem colocado, com expressividade forte inicialmente, mas que precisa aprender a chorar, pois suas cenas de desespero foram piores que muitas novelas mexicanas, ou seja, falso ao extremo. Quanto aos demais, tudo praticamente figurantes, com raras falas espaçadas, ou seja, melhor nem comentar.
Agora sem dúvida alguma o longa teve um conceito visual de tirar o fôlego, com cenários precisos, cheios de detalhes, com uma profundidade de campo tão bem encaixada, que aliada à tecnologia 3D deu uma imersão maravilhosa para o longa, tanto nas cenas a noite com labaredas de fogo e vagalumes, quanto nas cenas de neve, aonde temos uma névoa branca incrivelmente bem colocada, fazendo com que o público praticamente se envolva com os personagens, em locações maravilhosas, ou seja, um trabalho primoroso que merecia uma história melhor para não ser algo desperdiçado. E digo que os efeitos até funcionaram para entregar algo bem composto, pois não digo que é um 3D esplêndido, pois tirando a profundidade de campo, temos umas 6-8 cenas no máximo que procuram trabalhar mais algo com dinâmica imersiva ou expansiva para fora da tela, mas nada que empolgue realmente.
Enfim, é um filme muito fraco para que lembremos dele daqui há algumas horas, e isso me deixa muito triste, pois é uma produção grandiosa de 51 milhões de dólares, que já com um mês de exibição mundo afora, não está nem perto de se pagar, e nem tenho como recomendar ele para que dê mais bilheteria, pois quem for conferir até irá se agradar com o visual, se emocionar com bonito desfecho, mas vai sair da sessão se perguntando: qual foi a história mesmo? Ou seja, um filme que até tenta passar uma mensagem de esforço para conseguir sobreviver às intempéries do clima, com muita dor no pé por ter quebrado e tudo mais, mas que não empolga como poderia. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais um texto, então abraços e até logo mais.
0 comentários:
Postar um comentário
Obrigado por comentar em meu site... desde já agradeço por ler minhas críticas...