O que falar quando o terceiro filme de uma franquia funciona bem mais como cinema do que os seus predecessores e entrega um bom drama envolvente, que também trabalha o lado religioso? Pois bem, acredite ou não, eis que "Deus Não Está Morto - Uma Luz Na Escuridão", assim como o seu subtítulo diz, encontrou uma luz para o formato e conseguiu sair da vitimização religiosa que era exagerada nos dois longas anteriores, e conseguiu com classe trabalhar um drama bem pautado, com certos exageros, mas que que trabalha bem a ideia e entrega com desenvoltura uma trama que mostra que no meio das brigas, a religião sim pode ter um papel coerente, que é o de apaziguar os problemas e conseguir conciliar as partes envolvidas. Ou seja, diferente dos anteriores que as brigas eram entre quem era religioso e quem não era, aqui a trama recai sobre algo mais condizente que são as dissidências de tradição ou não, que acaba sim envolvendo a religião, mas que não necessitou ficar forçando nada.
A sinopse nos conta que em meio a um intenso debate sobre se uma universidade estadual deve ter uma igreja em seu campus, o pastor Dave é surpreendido com um incêndio na igreja Saint James, no qual morre seu grande amigo, o reverendo Jude. O incidente foi provocado por Adam, que atirou um tijolo em uma janela da igreja após brigar com a namorada. A situação acirra o debate, ainda mais devido à proposta da universidade em comprar o terreno usado pela igreja para ali construir um centro educacional. Decidido a lutar até o fim, Dave busca ajuda com seu irmão Pearce, que é advogado.
Claro que parte da responsabilidade por essa mudança de estilo se deve à alteração do diretor da franquia original, que agora nas mãos do estreante Michael Mason conseguiu trabalhar o roteiro dele e de Howard Klausner (que já é bem experiente em longas religiosos) de uma forma mais crível e que facilmente conseguimos enxergar, com empresas brigando por locais, jovens discutindo por acreditar ou não em algo maior, e até mesmo se uma universidade deva ter uma igreja ou não, ou seja, temas recorrentes que hoje vemos ocasionalmente na mídia, e não pessoas discutindo em ser ou não ateus como os demais filmes fizeram. O único e maior defeito do diretor foi exagerar em imagens de jornalísticos, virando algo quase exagerado, que a toda hora precisasse ser noticiado, ou visto com ângulos de discussões que fizeram seu filme virar quase um esquete exagerado de reportagens defendendo cada lado e acusando o outro, de forma que poderiam ter colocado isso como algo mais linear, envolvendo os personagens que certamente ficaria mais interessante. Não digo que isso tenha sido algo ruim, mas poderiam ter trabalhado com algo que envolvesse mais os protagonistas e não dependesse tanto de discussões espaçadas, que aí sim teríamos a perfeição, mas só essa melhoria de não forçar a briga entre cristãos e ateus já foi algo que transformou completamente a franquia de algo que era somente voltado para um público bem específico e passou a ser um filme maior para outros conferirem também.
Sobre as atuações, vou falar um pouco das personalidades e das caras e bocas feitas pelos personagens, pois assim como os demais longas da franquia (e outros religiosos também), as distribuidoras nunca manda filme legendado, então ouvimos as tradicionais vozes iguais para quase todos os personagens, o que é algo muito ruim sempre. David A. R. White que esteve nos três longas como o Pastor Dave, que era bem secundário, aqui assumiu praticamente toda a responsabilidade do longa, e como já fez diversos longas religiosos sabe bem trabalhar olhares mais sutis, de modo que até mesmo nos momentos em que seu temperamento forte brilha, o ator encaixou serenidade e envolvimento, o que é um grande feitio. John Corbett foi uma grata escolha para viver Pearce, irmão de Dave, que com um ar mais bem humorado, e que mesmo nas discussões familiares conseguiu encaixar boas dinâmicas com o protagonista e acabou agradando bastante. Ted McGinley até foi bem colocado como o diretor da faculdade, Thomas, mas acabou transparecendo exageros nos trejeitos parecendo não se colocar bem como poderia. Samantha Boscarino acabou forçando demais os trejeitos da garota com dúvidas do que deseja, e seu namorado interpretado por Mike C. Manning também ficou com um personagem forte para a trama, mas com pouca expressividade na interpretação, de modo que ambos poderiam até ser eliminados pelas atuações, mas como seu Adam e Keaton são importantes para o desenrolado do longa, o resultado até que soa razoável.
No conceito cênico, tivemos boas locações e efeitos digamos que poderiam ser bem melhorados, como o fogo na igreja completamente digital, a transição de um interior da igreja queimado para um céu estrelado, mas tirando esses detalhes, as cenas na casa do pastor com seu irmão relembrando coisas antigas foi algo muito bem colocado que acabou agradando e mostrando uma boa pesquisa por parte da equipe de arte. A fotografia trabalhou bem as sombras para criar uma certa dramaticidade em algumas cenas, mas nada que impressione realmente como poderia, mas também passa longe de ser um erro iminente como costumam fazer nesse estilo de longa.
Enfim, é um filme que trabalha bem a mensagem que deseja passar, e que funciona também como um bom drama, ou seja, está longe de ser uma obra prima, mas ainda assim é muito melhor que outros feitos apenas para o público religioso, sendo possível até recomendar a trama. Após o filme tem um videoclipe com a canção tema interpretada pelo cantor de rock gospel Fernandinho, que também foi bem produzido, e entregue bem colocado em substituição ao tradicional som da banda Newsboys que fechou os outros dois longas. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais um texto, então abraços e até logo mais.
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