Já faz um bom tempo que como diria o programa "Zorra Total" está difícil competir com os nossos políticos para entregar algo mais cômico do que o que vemos nos jornais e nos programas eleitorais, mas ainda assim, alguns roteiristas ainda tentam a sorte em criar filmes e esquetes para divertir o público e criticar é claro o sistema e a baderna que se encontra nossa capital nacional, e se em 2014 a trama de "O Candidato Honesto" praticamente era um afronte com o que acontecia e fazendo graça cutucava o povo para o começo de uma bagunça de aparecimentos de roubos e falcatruas na máquina do governo, agora com a continuação em "O Candidato Honesto 2" praticamente se esforçaram para conseguir fazer graça com tudo o que ocorreu e com o que pode ocorrer, mas diferente de salas lotadas rindo de comicidades, o que vi hoje na sala foi algo mais calmo com o pessoal rindo até de algumas boas colocações (principalmente as crianças), mas aparentemente todos os demais estavam pensativos com as possibilidades de ver alguém honesto na nossa máquina pública, até onde funcionaria, de quem depende para aprovar tudo, e por aí vai, de modo que quase choramos com o que vimos na telona, mas ao menos de uma coisa temos de dizer, conseguiram entre aspas fazer um longa apartidário, brincando com vários loucos que temos por aí, trabalhando com a bagunça que foi o processo de impeachment, e claro usando de muita ironia para falar de coisa séria, ou seja, um filme que consegue ser engraçado dentro da proposta, mas que faltou um pouco mais de força para conseguir ser mais engraçado que a situação do país.
O longa nos conta que após cumprir quatro dos quatrocentos anos de cadeia, João Ernesto é convencido a se candidatar à presidência novamente. Adorado pelo povo por ser um político que assumiu seus erros, ele vence as eleições, mas não tem vida fácil em Brasília acompanhado excessivamente de perto pelo sinistro vice Ivan Pires.
Chega a ser interessante ver o formato que o diretor Roberto Santucci e o roteirista Paulo Cursino acabaram moldando a trama, pois temos um pouco de tudo, de jornalísticos em vários formatos (TV e rádio), temos estruturas de romance, de drama, de terror (o arquétipo do castelo do Drácula ficou algo incrivelmente bem feito pela equipe de composição cênica!), e claro muita comédia, trabalhando piadas velhas, piadas em cima (claro) de política, e até piadas em cima do cinema nacional, de modo que acabaram brincando até mesmo com o estilo próprio deles fazer filmes, ou seja, a trama toda foi arquitetada para "tentar" fazer rir, e coloco entre aspas mesmo, pois, temos muitos momentos forçados, e como costumo dizer, esse não é o melhor estilo de fazer comédia, mas ainda assim entregaram boas cenas engraçadas, e mesmo apelando para o riso, o resultado funcionou até mais do que uma comédia, mas sim um longa explicativo dos moldes que funcionam a máquina pública, aonde até temos um grandioso representante lá em cima, mas geralmente quem comanda e faz funcionar são as peças mais para baixo da cabeça, e se esses não fizerem seu serviço direito, quem morre é a cabeça. Ou seja, a trama tem além de piadas, uma certa reflexão para o público que for conferir, pois dessa vez ao invés de ser lançado no meio do primeiro e do segundo turno, agora veio bem antes do primeiro, juntamente com o início das campanhas eleitorais, e assim sendo quem sabe o povo consegue enxergar quem manterá a piada, e quem mudará tudo.
Dentre as atuações, já havia dito isso outras vezes, e volto a repetir, um pouco da comicidade de Leandro Hassum foi embora com seu emagrecimento, e ele praticamente mudou seu estilo de piadas, pois se antes ríamos por ser um gordinho engraçado, agora rimos de suas caretas encaixadas nas formas de entregar suas gags, de modo que seu João foi bem entregue, mas não chega nem aos pés do que fez no primeiro filme. Agora sem dúvida a diversão do longa se deve às cenas com Cássio Pandolph e Anderson Muller, que entregam respectivamente Ivan Pires (uma cópia exagerada de Temer) e Pedro Rebento (uma cópia quase fiel de Bolsonaro), em que sempre que aparecem em cena conseguiram entregar loucuras tão grandiosas e bem feitas quanto às personalidades reais que foram inspirados, de modo que o resultado do longa quase fica dependente deles para junto com Hassum conectar e agradar. Dentre as mulheres o maior destaque fica com Rosanne Mulholland com sua Amanda, que entrega cenas bem coesas desde o começo como a escritora da biografia de João, tem um miolo bem inteligente e cheio de interseções, e um fechamento fortíssimo para aqueles que sabem o mundo negro que é a política nacional, ou seja, ela fez boas expressões para conseguir passar todos os seus momentos e acabou agradando bastante no que fez. E claro, Mila Ribeiro entregou a tradicional Dilma com suas frases que ninguém entende, soando mais como piada do que como algo funcional para o longa.
O conceito cênico da trama foi bem arquitetado, com mansões, salas imensas, e claro muitas semelhanças com os locais que vimos nos jornais e na TV durante todo o processo de impeachment da Presidenta Dilma, e dessa forma o longa se compôs quase como uma réplica fiel dos acontecimentos, mas mostrado de uma outra forma, o outro bom momento se dá pelo programa Roda Livre, e claro pelo debate lotado de xingamentos, ou seja, uma tradicional bagunça como costuma ser o nosso processo eleitoral. Ou seja, a equipe de arte tinha materiais suficientes para reproduzir com fidelidade cada detalhe, e conseguiu chamar bastante atenção em diversos momentos.
Enfim, é um filme que possui um estilo de humor que nem todos gostam, mas que conseguiu entregar algo razoavelmente bem feito, pois possui sim defeitos técnicos, alguns exageros nas piadas, mas que no contexto completo diverte e passa a mensagem para refletirmos nas nossas escolhas completas para administrar nosso país nas eleições que estão chegando, ou seja, vale a pena rir por enquanto da nossa própria desgraça, e quem sabe se tudo der certo não teremos história para que a equipe faça um terceiro filme. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com a última estreia dessa semana, então abraços e até logo mais.
2 comentários:
Senhor coelho, acompanho suas críticas desde sempre. Eis uma pergunta que não quer calar: Qual seu candidato a presidência? Rs
Olá Marlon... rsss... mandei e-mail para todos os candidatos com a seguinte questão: garantir 3 filmes novos por semana + exterminar dublagem dos cinemas... o que responder que isso faz parte da sua campanha, estarei votando... kkkkkk
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Obrigado por comentar em meu site... desde já agradeço por ler minhas críticas...