É engraçado como alguns filmes são feitos atualmente, mas lembram tanto de outros do passado, que ficamos pensando que não é possível ser apenas referências, é algo que o roteirista desejou copiar mesmo para entregar tanta semelhança. Digo isso, pois "O Mistério do Relógio Na Parede" lembrou tanto "Castelo Ratimbum" e "Goosebumps", que chega a ser até piada vermos uma cena no filme lembrando tanto o trailer da continuação de Goosebumps que passou antes de começar o longa de hoje, e a sintonia com personagens, o feitio de aprender a ser feiticeiro, livros e objetos que passeiam ainda lembraram outros longas como "O Aprendiz de Feiticeiro", e por aí vai, ou seja, temos muitas conexões que o formato de histórias com bruxos sempre vão nos conectar, e não podemos fugir, mas o pessoal que escreve precisa urgentemente dar umas recicladas, pois senão a chance de que daqui a pouco tenha uma cópia completamente escancarada está bem perto de acontecer. Tirando esse detalhe, o filme consegue ter dois vértices bem interessantes, o primeiro é tentar ser infantil, e com isso ter situações tão bobas jogadas no miolo que chega a dar pena, e o segundo é que se caso quisessem, com tantos personagens bizarros no porão da casa, conseguiriam facilmente fazer um longa de terror dos bons, ou seja, a trama foi trabalhada de muitas maneiras para conseguir divertir, que ficamos na dúvida de como ela funcionaria, e embora não seja um filme engraçado, ele consegue ser bem feito, com bons efeitos, e até agradar bem de leve.
O longa nos mostra que Lewis, de apenas 10 anos, acaba de perder os pais e vai morar em Michigan com o tio Jonathan Barnavelt. O que o jovem não tem ideia é que seu tio e a vizinha da casa ao lado, Sra. Zimmerman, são, na verdade, feiticeiros.
Outro ponto bem engraçado é ver um diretor de filmes de terror tentando fazer um longa infantil, pois quem conhece o currículo de Eli Roth sabe que seus filmes são do nível mais alto de terror, e claro que aqui mesmo o filme não sendo tenso, temos algumas cenas bem propícias do estilo, mas como a trama é baseada em um livro infantil, o diretor não incorporou mais tensão, e até tentou puxar um pouco o lado cômico usando Jack Black, mas nessa mistura toda de lados, o resultado ficou um pouco aquém do que poderia, aparentando uma indecisão maior do que o filme desejava seguir. Não digo que o filme tenha ficado ruim de conferir, mas ao mesmo tempo que vemos pessoas se assustando com coisas aparecendo do nada, e um certo ar tenso com cenas escuras, também temos pessoas sorrindo (apenas, pois rir mesmo não teve um na sala) com algumas situações bobas, o que mostra a falta da escolha de lados. Ou seja, tivemos alguns momentos bem bonitos, como a cena dos planetas, tivemos algumas cenas bem trabalhadas como a cena do relógio, e tivemos muitos momentos perdidos, como as cenas na escola, e sendo assim, vai ter público gostando e reclamando do que o diretor fez em todos os momentos.
Sobre as atuações, o jovem Owen Vaccaro até se esforçou bastante para parecer um jovem prodígio que lê muito o dicionário, e que acaba aprendendo magias de forma bem fácil com seu Lewis, mas aparentou ser bobinho demais para empolgar e deixarem a responsabilidade do longa em suas mãos, de modo que toda cena que precisava de um pouco mais e era dele o enquadramento, o filme parecia afundar, e isso é algo que o diretor poderia ter corrigido, mas não ocorreu. Jack Black é aquele ator que vamos conferir já sabendo o que vai fazer em cena, e seu Jonathan é cheio de trejeitos, faz alguns feitiços interessantes, mas é desengonçado e bobo demais para ser alguém que impressione, e isso acaba chamando atenção demais, o que não é legal de ver. Cate Blanchett mesmo fazendo um personagem praticamente abobado, com sua Sra. Zimmerman, consegue se destacar, manter a pose de dama, e incrivelmente chama uma desenvoltura até maior para o seu papel, o que é comum de vermos em seus filmes, mas claro que está longe de ser perfeita como costuma, afinal é duro misturar comédia e suspense, e ainda ser clássica. Quanto aos demais, a maioria só participou das cenas, tendo um ou outro destaque por parte das crianças e da vizinha, mas nada que impressione para ser destacado.
No conceito cênico, a trama foi bem moldada, cheia de detalhes com personagens/objetos que se mexem, diversos relógios de todos os tipos, e muita cenografia de composição para que a trama ficasse composta na época que se passa (anos 50), e ainda tivesse todo um vertente mágico, afinal estamos falando de bruxos e feitiços, e com isso, tudo tem um impacto visual bem maior do que o imaginado, e sendo assim, o trabalho da equipe de arte se mostrou bem primoroso e cheio de nuances, de modo que mesmo o longa não sendo 100% para as crianças, esses efeitos conseguiram segurar até os mais pequenos nas poltronas numa sessão legendada, ou seja, o efeito de cores e objetos passeando ficou ao menos atrativo. Agora o porão da casa, é daqueles que o diretor com certeza desejava fazer um belo filme de terror ali, pois os bonecos não são nada amigáveis nem visualmente, nem nas suas atitudes. A fotografia foi bem escura, mas como tivemos muitos efeitos, os tons acabaram brincando bastante com o dourado, laranja e até algumas nuances roxas, o que acabou fazendo com que o filme brincasse bastante com o olhar do público para vários pontos da tela.
Enfim, é um filme que como disse no começo acabou ficando bem em cima do muro, mas que agrada tanto adultos como os mais pequenos, lembrando bem os longas que citei. Confesso que esperava um pouco mais dele, pois aparentava ser uma história mais próxima de algo infantil e gostoso de ver, e como ficou meio propenso a ser uma cópia de "Goosebumps", o resultado decepcionou um pouco. Bem é isso, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais um texto, então abraços e até logo mais.
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