Alguns personagens da história mundial acabam tendo tantos filmes, séries, programas, documentários e tudo mais para tentar mostrar diversos pontos de vista de suas loucuras que a cada novo que aparece ficamos ainda mais surpresos com tudo o que nos mostram, e mais ainda com as personificações que cada ator acaba entregando para que o personagem fique ainda mais bizarro. Digo isso, pois em "Escobar - A Traição", temos o ponto de vista da amante de Pablo que acabou escrevendo um livro sobre tudo o que soube e viu durante os bons e maus momentos que teve com o maior (e mais famoso) empresário do tráfico que a Colômbia já teve, e aqui por dizerem ser a história mais verdadeira, o resultado é bem interessante para mostrar que dinheiro compra o que quiser e puder, mas a hora que não dá mais, a bomba explode sem piedade! O filme é bem dinâmico, bem interpretado pelos protagonistas, mas para ser melhor poderia ser falado em castelhano, com algumas cenas em inglês, mas a opção de venda internacional falou mais alto, e o resultado foi pessoas falando um "inglesol" cheio de sotaque durante o longa inteiro, o que não é ruim, mas também não agrada como poderia.
O longa nos situa em 1981, na Colômbia, aonde o líder do Cartel de Medellín, Pablo Escobar é um dos maiores traficantes de cocaína para os Estados Unidos, o que faz com que governo de Ronald Reagan insista na criação de um tratado entre os dois países que permita que ele seja julgado em solo americano. Decidido a combater tal ideia, Escobar se candidata e é eleito deputado federal. Paralelamente, ele se envolve com Virginia Vallejo, uma popular apresentadora de TV que não se importa em como o amante consegue sua fortuna, apenas em como o dinheiro é empregado.
O diretor espanhol Fernando León de Aranoa é conhecido por ter filmes bem cultuados em festivais, com uma pegada mais artística e que geralmente não evoca muito no público, mas se tem uma coisa que sabe fazer bem é inserir sua opinião de uma forma bem direcionada, mesmo em longas baseados em fatos reais, e aqui vemos claramente que ele não se apegou ao tempo para conseguir passar praticamente 12 anos na telona em apenas 2 horas, com uma evolução completamente crível e bem forte de detalhes, sem se ater a pudores ou situações que outros prefeririam omitir para deixar seu longa mais leve, e com isso o resultado impressiona em diversos momentos, faz rir em outros, mas principalmente nos faz acreditar que Pablo era um maluco disposto a tudo para conseguir seu dinheiro e sua fama, e isso foi mostrado a esmo com muita sabedoria pelo diretor, entregando um longa direto e sem firulas, que não cansa em momento algum, e que principalmente, entrega para os protagonistas a direção desenvolvida para aparecerem, e eles fizeram tudo com muita classe e melhoraram ainda mais o que já sabíamos sobre o personagem.
Sobre as atuações é fato que o casal por ser casado realmente possui uma química imensa, e com isso vemos seus momentos juntos tão bem encaixados que vale até jogo de olhares, mas felizmente ambos saíram muito bem também nos seus momentos individuais, de modo que Javier Bardem pode ser considerado um dos melhores intérpretes de Pablo Escobar, conseguindo encaixar impacto nos diálogos, força nas atitudes e principalmente sabendo ser irônico com olhares dignos de quem vai matar sem pensar, trabalhando no limite de quase fazer um maníaco, o que não era a personalidade de Pablo, só não sei se o ator engordou tudo o que aparece na telona para fazer o papel, ou foi maquiagem, mas chega a ser monstruoso suas formas. Da mesma forma Penélope Cruz também colocou olhares fortes, mostrou que não precisa mais trabalhar tanto sua sensualidade como fazia antigamente, e agradou bem entregando uma Vallejo cheia de atitude, mas também com muito medo do que poderia acontecer com ela, de modo que fazendo a autora do livro conseguiu demonstrar bem o ponto de vista que a personagem também tinha sobre Pablo. Dentre os demais, muitos são conexões, fazem boas dinâmicas e até encaixam alguns momentos mais fortes junto dos protagonistas, mas são bem raros os momentos de destaque, tendo leves nuances na personalidade da esposa de Pablo com Julieth Restrepo, e uma sagacidade de olhares com o agente da DEA interpretado por Peter Sarsgaard, mas nada que impressione como poderia.
No conceito cênico o longa não ousa tanto com detalhes, mas possui mansões imensas no meio do nada, festas grandiosas, e claro figurinos de época bem trabalhados, além de roupas luxuosas e presentes que a amante ganhava do traficante, retratando bem a época, mas sem dúvida alguma o ponto mais hilário foi ao mostrar a cadeia que Pablo construiu para ficar preso, que ganha de muitos hotéis de luxo por aí, e dessa forma a equipe de arte conseguiu entregar um bom resultado e agradar sem precisar fazer algo muito grandioso. Mas se temos de dar um destaque para algum momento artístico, sem dúvida temos de pontuar a força impactante das cenas de tortura, tanto as mostradas, como as faladas, pois conseguiram intensificar algo que sabíamos que faziam, mas mostraram com muita dureza cênica que funcionou demais. A fotografia foi homogênea nos tons sem abusar de cores fortes, mas também não recaindo para tons claros, deixando que o filme fluísse naturalmente sem muita dramaticidade, mas também não pecando pela falta de humor, criando um vértice interessante, mas quase novelesco para retratar a vida do personagem.
Enfim, é um ótimo filme que tem leves defeitos, principalmente por tentar mostrar a vida completa de Pablo, que certamente foi uma loucura imensa já mostrada em séries maiores, o longa acabou ficando um pouco corrido, mas nada que tenha atrapalhado por demais, mas é algo que quem prefere um filme mais trabalhado nos momentos certamente irá se perder. Com toda certeza recomendo a trama para todos, pois é um filme com boas atuações, uma direção precisa, e uma história bem interessante de conhecermos, principalmente por ser uma visão diferenciada por alguém que não estava dentro dos princípios, como foi o caso dos demais filmes e séries, então vale a conferida. Bem é isso, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais textos nessa semana bem recheada, então abraços e até logo mais.
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