O que acontece quando um diretor tradicional de comédias se mete a fazer um suspense policial? Um suspense cômico! Pois bem, não sei se já existe esse gênero catalogado, mas posso dizer que o longa "Um Pequeno Favor" se encaixa completamente nele, pois temos mistério, inúmeras reviravoltas e suspense policial, mas tudo envolvido em muita comicidade, de modo que vemos a sala do cinema rindo a quase todo momento com as loucuras e insanidades das protagonistas. Ou seja, um filme que certamente nas mãos de outro diretor seria tenso, cheio de impacto e causaria muitos conflitos na cabeça dos espectadores, mas aqui com Paul Feig, foi tudo tão sutil, cheio de desenvoltura, com pegadas de internet, que acabamos nos divertindo tentando descobrir as façanhas de Emily, quem era quem, e claro tudo aliado a uma detetive vlogger de um canal culinário para mães, ou seja, não tem como ficar sério com tudo isso. Você deve estar achando que odiei o longa e só vou falar mal dele, mas muito pelo contrário, adorei a forma que o filme foi composto e ri demais na sessão, pois já pelo trailer dava para tirar muitas conclusões do que aconteceria, mas o desenvolvimento e o desfecho foram tão bem colocados, que nem precisaria dos escritos na tela, pois o encerramento já valeria por completo.
O longa nos conta que Stephanie é uma jovem mãe que divide o tempo entre a criação do filho e a dedicação ao vlog de culinária. Ela é uma pessoa solitária, que se torna fascinada pela mãe de um colega de escola de seu filho. Esta mulher, Emily é poderosa, destemida, e leva uma vida de luxo ao lado do marido. Um dia, Emily desaparece. A polícia tem dificuldades para lidar com o caso, mas Stephanie parte em busca de respostas por conta própria. No caminho, descobre que a nova amiga não era nada do que ela pensava.
O diretor Paul Feig é daqueles que gostam de experimentar bem diversos estilos, e claro misturá-los para ver no que dá, e aqui ele felizmente não decepciona ao criar um vértice todo misterioso com o sumiço da protagonista, brinca com o passado de todos, ousa fazer sátira com a proposta de vlog culinário que conversa com as mães, e ainda consegue brotar sutilezas em personificações de suas cenas, de modo que seu filme é daqueles que passa num piscar de olhos, e nem sentimos as quase duas horas de duração. Agora sem dúvida alguma terão aqueles que vão olhar o longa e achar ele banal demais, que fica exagerado ao trabalhar a comicidade e tudo mais, mas certamente se o longa não tivesse esse vigor de inovação, o resultado final certamente seria daqueles que compararíamos a trama aos diversos outros, que cheios de clichês acabaríamos somente reclamando, ou seja, o filme tem sim uma base comum dos longas policiais que envolvam suspense e desaparecimento de pessoas, mas principalmente por se diferenciar do estilo de contar isso, é que o resultado soa interessante e está lotando as salas como foi o caso de hoje, ou seja, um grande acerto, que quem sabe ao invés de mostrar nos créditos finais a grande sagacidade por trás de tudo, poderiam resolver qualquer outro caso na telona usando a mesma base, num segundo longa que funcionaria bem.
Outra grande sacada do diretor foi usar uma atriz jovem como protagonista, afinal esse estilo vlogger até caberia em alguém mais velha, mas Anna Kendrick mandou muito bem no estilo de sua Stephanie e conseguiu criar muitas nuances que estamos acostumados a ver em vídeos de mídias digitais, além claro que ela como detetive também foi bem divertida e como sempre se expressou bem com olhares, foi colocada na medida certa para um filme que brinca com o fato de mentiras para todos os lados. Já era fã de Blake Lively pelas ótimas personificações de seus últimos longas, e agora com toda a imponência que deu para sua Emily não temos como não nos apaixonar por seu estilo e forma de atuação, de modo que ela vai criando a personagem e ao mesmo tempo que ficamos nervosos com sua loucura, também torcemos um pouco para ela ter uma saída mais forte ainda, ou seja, perfeita. Henry Golding foi digamos um ponto meio que jogado por precisarem de um marido para acontecer tudo, pois o ator até criou bons momentos, mas foi quase um objeto na maioria das cenas, com expressividade fraca e imponência de menos quando necessitava dele, ou seja, fraco demais para um filme que as mulheres o devoraram só nos olhares. Os garotinhos Ian Ho e Joshua Satine também mandaram bem em suas poucas cenas, e sempre com diálogos afiados aparentaram até ser mini-adultos, com sagacidade nas respostas e sem jogar olhares fora, o que é um grande primor de ver. Quanto aos demais, a maioria apenas foi encaixe, tendo falas espaçadas sem muito o que falar, e sendo assim nem merecem destaque.
Quanto ao visual da trama, arrumaram uma mansão daquelas de tirar o chapéu para ser a casa da protagonista, mas não apenas no luxo foram coerentes, de modo que conseguiram uma mansão destruída para as investigações, num trabalho preciso da direção de arte, souberam brincar com os formatos dos vídeos de culinária da protagonista, e até mesmo nos momentos mais jogados como na escola e no funeral souberam trabalhar com elementos cênicos simples, mas bem colocados para o público tentar pegar algo, além claro da visita ao espaço de trabalho de Emily, que teve a cena mais cômica do planeta com a atendente de telefone (garanto que eu no lugar de Stephanie não colocaria apenas a mão no gancho do telefone, mas tacaria o telefone na cabeça da atendente!). Com um tom bem claro, e cores sempre neutras, tendo leves destaques mais chamativos, a trama não pesou nem para o lado do suspense, nem fez nada que soasse exageradamente cômico, e com isso o filme acabou ficando leve e gostoso de acompanhar pela fotografia entregue, e isso é algo raro de ver em filmes que envolvem desaparecimentos.
Enfim, é um filme muito interessante de assistir, que já fui até sabendo o que veria, com algumas afirmações na cabeça sobre o desaparecimento (afinal o trailer passou acho que pelo menos umas 20x nos últimos meses!), e que por trabalhar bem o lado cômico da situação me fez rir por demais, e não apenas eu, pois a sala que estava lotada por completo, se divertiu bastante do começo ao fim, ou seja, um longa que vale a pena recomendar, e que só não vale uma nota maior por certos exageros e clichês empregues, que poderiam ter sido relevados, mas digo que quem gostar de boas sacadas num filme cheio de reviravoltas pode ir conferir que é garantia de satisfação. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais textos, afinal ainda faltam duas estreias para conferir, então abraços e até logo mais.
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