Existem alguns filmes que saem e nem entendemos o motivo de serem lançados, e conseguem parecer tão fracos quanto a ideia completa. Dizer que "O Colar de Coralina" é um filme mal feito seria ironia, pois ele consegue ir além disso, mas aparenta ser aqueles filmes feitos de conclusão de curso de cinema, aonde tendem a querer mostrar detalhes de cenografia, bizarrices na história, e principalmente colocar trejeitos nos personagens, de tal maneira que acabamos não entendendo nem a mensagem, nem o que queriam entregar para o público, ou seja, um filme vazio, mas que até possui uma produção razoável de conferir num festival estudantil. E sendo assim, as poucas pessoas que entram na sala do cinema acabam saindo bem antes do fim pois não conseguem nem entender qual a real proposta da trama, se é que tinham alguma.
A sinopse nos conta que a menina Aninha, futura poeta e doceira, é uma criança considerada feia, frágil, desajeitada e oprimida por praticamente todos que a cercam. Ela encontra no jogo da amarelinha um meio de superar os próprios limites e, na imaginação, uma fuga do meio opressivo em que vive. Sua infância, marcada pela rejeição, é relembrada na vida adulta por sua ligação afetiva e trágica com o prato azul-pombinho, último de uma coleção de noventa e duas peças, pertencente à sua bisavó Antônia.
Em sua estreia na direção, Reginaldo Gontijo até demonstrou momentos de diferenciação em estilo, trabalhando elementos alegóricos fora da realidade para transmitir a sensação da mente fantasiosa da garotinha, mas ainda lhe falta muito tato sobre como entregar um longa mais comercial aonde o público realmente saísse da sessão refletindo sobre algo, ou até mesmo se divertindo sobre o que é mostrado, mas ele apenas entregou um filme simples de essência, bem trabalhado em trejeitos, e até bem colocado no momento temporal da trama, o que acaba sendo algo além de agradável, bacana pelo esforço, mas como disse fraco demais para vender ingressos, e assim sendo não recomendável.
Sobre as atuações, é fato que o elenco foi muito bem trabalhado para os sotaques e trejeitos, mas só isso não é algo que sustente, ficando parecendo não estarem à vontade na produção, principalmente as crianças e os mais velhos, ou seja, acabaram cansadas das diversas tomadas para o resultado final ficar bom. Diria que o papel de Leticia Sabatella é mais importante pelo contexto em si, das mulheres independentes que foram em busca de trabalho após a abolição da escravidão e da morte dos maridos nas guerras, do que sua própria interpretação, que é bem contida, mas forte como costuma fazer sempre, e assim mesmo ela aparecendo pouco, conseguiu ser interessante de acompanhar. A jovem Rebeca Vasconcelos entregou uma personalidade bem colocada para sua Aninha, mas lhe falta ainda muita entonação e carisma para chamar o filme para si, e assim sendo ela acaba parecendo estar com medo do que está fazendo, ou seja, poderiam ter trabalhado mais ela. Embora seu personagem soe simples, a empregada vivida por Val Moreno acaba sendo uma grata surpresa pelas colocações da atriz junto dos demais personagens, e assim sendo temos algo ao menos simples e funcional na trama. Agora quanto aos demais, é melhor nem pontuar, tendo a visita sendo a coisa mais estranha que já vi na vida no cinema.
No contexto artístico, o filme ao menos se preza, pois, conseguiram arrumar locações bem colocadas dentro do período em que o longa se passa, souberam usar adereços bem simples, mas eficientes em quase todos os momentos, tirando claro os bailes e viagens da mente da garotinha que vemos o uso de papel simples demais para um longa, parecendo um trabalho ultra amador, ou seja, poderiam ter gasto um pouco mais para não parecer desleixo ali, afinal é o momento mais funcional da trama. Ao menos nas animações, conseguiram ser singelos e bonitos, mas nada que impressione realmente.
Enfim, um filme que não tenho como recomendar, pois, beira muito o amador, sendo vendido como uma coisa, e entregue outra que nem passa perto da ideia, além de voltar a frisar que já vi muitos trabalhos de faculdade de cinema anos-luz melhores que o entregue aqui, fazendo os 77 minutos de duração parecerem maiores que uma novela de muitos capítulos, de tanta enrolação. Ou seja, ainda estou procurando saber quem era Coralina sem ser a senhora no fim, pois durante o longa inteiro nem falam nada disso, além do colar ficar com Aninha. Portanto, fujam que não tem como ver e recomendar. Bem é isso pessoal, fico por aqui agora, mas vou ver outro para tentar salvar o dia, então abraços e até logo mais.
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