Que os filmes de HQs já viraram moda nos cinemas todos já sabemos, e que o Brasil possui bons escritores do estilo também já havíamos ouvido falar, mas foi lá no começo dos protestos em 2013 que a HQ de Luciano Cunha ficou mais famosa ao mostrar um justiceiro que mata políticos corruptos, o que de fato é a grande vontade da maioria dos brasileiros, e sendo assim era claro que não perderiam a oportunidade de fazer um filme com um super-herói nacional, e hoje eis que o longa "O Doutrinador" foi lançado, e posso dizer que para uma história de origem, o resultado foi até que satisfatório, agradando tanto em conteúdo, quanto na ação entregue pelo protagonista, mas assim como ocorre em grandes longas do gênero, a trama é recheada de furos e abusos de livre expressão, que poderiam ser amenizados e melhor tratados para não deixar o público com cara de bobo. Dito isso, o que posso falar é que fui preparado para ver um longa exageradamente politizado, mas felizmente fui surpreendido com uma boa ação, e com os momentos políticos ficando apenas colocados como mote, o que agradou de certa forma sem muita apelação para tudo o que já estamos acostumados a ver.
A sinopse nos conta que um vigilante mascarado surge para atacar a impunidade que permite que políticos e donos de empreiteiras enriqueçam às custas da miséria e do trabalho da população brasileira. A história do homem por trás do disfarce de "Doutrinador" envolve uma jornada pessoal de vingança na qual um agente traumatizado decide fazer justiça com as próprias mãos.
O diretor Gustavo Bonafé, juntamente com Fábio Mendonça, soube trabalhar a história para que tivéssemos algo bem dinâmico e cheio de atitude, e usando dos melhores moldes de filmes do gênero, eles acabaram transformando a HQ de Luciano Cunha em algo que soa mais forte do que algo apenas politizado, brincando com um personagem que ataca nossas atitudes mais ocultas (a de desejar que todos políticos morram com uma bala na testa), mas podendo ir além, e com isso, eles souberam entregar algo bem colocado dentro da proposta, com um ator experiente para ficar saltando e atirando com muita excelência, e acabou agradando mesmo com alguns erros, principalmente no que diz a forma de hackeamento, de locações arbitrárias, e principalmente de policiais e seguranças frouxos demais, que perdem feio em brigas com o protagonista, mas nada que atrapalhe o resultado final, e sendo assim iremos esperar para ver o que vão entregar na série que já está sendo filmada e será lançada no ano que vem em 7 capítulos, com 4 dirigidos por Bonafé e 3 por Mendonça.
E claro que para um bom herói surgir, é necessário um bom ator desempenhar expressões coerentes para que o filme flua bem, e Kiko Pissolato conseguiu entregar um Miguel bem impactante, deixando de lado dublês, e fazendo em seu primeiro longa depois de muitas novelas, um personagem forte e que até torcemos para meter mais bala na testa de outros políticos, ou seja, mostrou atitude e boa conexão para que o protagonista funcionasse e torcêssemos por ele. Tainá Medina também agradou como Nina, sendo uma boa parceria para auxiliar o protagonista nos assassinatos, mas sem precisar dar um tiro sequer, apenas usando da boa tática hacker que todo super-herói necessita ter, ou seja, ela é quase o Alfred do Batman! Samuel de Assis foi bem colocado com seu Edu, mas falhou um pouco em perspectiva, e claro como amigo do protagonista poderia ter dado um rumo diferente numa das principais cenas, pois esperava ver algo a mais ali, mas não atrapalhou o resultado, e se houver continuação, ele pode agradar também. Dentre os políticos, tivemos bons nomes que nem precisaram forçar muito nas atitudes, afinal vemos nos jornais todos os dias os maiores caras de pau, e copiar foi fácil para todos, desde Eduardo Moscovis como um governador, que foi a melhor cena com o protagonista, passando pelo delegado corrupto interpretado por Tuco Andrada, até chegar em Carlos Betão com seu Antero Gomes, cheio de refinamento clássico de políticos corruptos.
No conceito artístico, não consegui identificar em que cidade o longa se passa, mas isso não foi de grande importância num primeiro momento, por entregar cenas cotidianas de uma grande capital, e com isso, termos boas cenas em meio a prédios altos, boas mansões e restaurantes, e claro boa munição para o protagonista usar, mas num segundo ato que a trama se passa na capital do país, falharam em mostrar algo que parecesse Brasília, pois ficou um pouco falso para quem costuma ver sempre o desenho da cidade, e claro, o Palácio do Planalto que tanto é mostrado nos jornais, mas ao menos a cena foi bem bacana, e fica a dica para quem for maluco! A fotografia soube trabalhar bem as cenas escuras, dando um tom avermelhado pela máscara do protagonista, e com isso, o resultado soou bem próximo do que costumamos a ver em longas estrangeiros de heróis, e sendo assim acertaram na boa dinâmica de ângulos, e o resultado até impressiona.
Enfim, um longa corajoso de entregar em meio a tudo o que anda ocorrendo no país, mas que foi trabalhado na medida certa para entregar o que o público gosta de ver em longas de ação/heróis, e com isso tenho certeza de que vai agradar bem quem for conferir sem esperar muita coisa. Apenas digo que poderiam ter sido menos arbitrários com erros técnicos, pois aí sim já poderiam preparar continuações bem colocadas para termos uma liga da justiça nacional. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais um texto, então abraços e até logo mais.
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