O estilo de animação da Illumination é o que mais gosta de trabalhar sensações em contraponto do que emoções, e procurando sempre encontrar diversas lições morais para passar para as crianças que assistem aos seus filmes, os diretores e roteiristas acabam se subvertendo geralmente em moldes pouco usuais. Digo isso, pois a essência da nova animação, "O Grinch", é bem trabalhada em lições para as crianças poderem dar mais valor às mães que trabalham fora e em casa tentando dar o melhor para seus filhos, também procura mostrar um pouco mais de amor ao próximo e por aí vai, entregando boas pitadas, dentro de uma animação bem colorida, com nuances puxadas para o clima natalino, e claro também brincando com a maldade do personagem principal (aliás acho que todos temos um pouquinho de Grinch dentro de nós, que provoca os demais em momentos de revolta). Para quem já viu o longa live-action de 2000, ou o curtinha de 1966, a trama é extremamente semelhante, mudando bem pouco no estilo, mas aqui acabou ficando bem mais próximo do livro realmente de Dr. Seuss, por ser quase uma leitura para crianças, cheia de narração, e claro usando muito do estilo poético cheio de rimas que o livro foi escrito lá no começo dos anos 1900. Vale como um bom passatempo para a garotada já entrar no clima natalino, mas poderia ter ido mais além caso quisessem.
O longa nos apresenta o infâme Ginch, que vive em uma caverna no Monte Espicho com a companhia de Max, seu cão fiel. Com uma caverna repleta de engenhocas e invenções feitas para suas necessidades do dia a dia, o Grinch só faz questão de ver seus vizinhos de Quemlândia quando se vê sem comida.
Todo ano, sua tranquilidade e solidão são interrompidas pelos vizinhos com suas celebrações de Natal, cada vez mais brilhantes e mais barulhentas. Quando os Quem declaram que farão um natal três vezes maior este ano, o Grinch percebe que só existe uma maneira de ter paz e silêncio: ele deve roubar o Natal. Para isso, ele decide que irá tomar o lugar do Papai Noel na véspera de Natal, mesmo que para isso ele tenha que ir atrás de uma rena para puxar um trenó.
Enquanto isso, em Quemlândia, Cindy-Lou Quem, uma menininha alegre e sua turma de amigos armam um plano para prenderem o Papai Noel durante suas rondas na véspera de Natal, para que ela possa agradecê-lo por ajudar sua mãe solteira e sobrecarregada. Assim que o Natal se aproxima, no entanto, suas boas intenções se deparam com o mais nefasto estilo do Grinch. Cindy-Lou atingirá o objetivo de finalmente conhecer o Papai Noel? E o Grinch, conseguirá silenciar a alegria do Natal dos Quem de uma vez por todas?
A trama é bem gostosinha, com algumas pitadas divertidas, mas certamente faltou um pouco mais de maldade para o personagem principal, pois aparentou ser apenas um mal-humorado que tem uma data marcada que odeia, não sendo um personagem "vilanesco" como poderiam fazer, e assim sendo os diretores acabaram criando uma história bonitinha e engraçadinha. Claro que como disse no começo, os livros de Dr. Seuss sempre foram orquestrados por histórias infantis rimadas em versos, que conseguem passar boas mensagens mesmo com personagens rabugentos e contraditórios, como é o caso de Grinch, do Loráx e até um pouco de Horton, e aqui não quiseram mudar muito essa ideia, deixando a trama um pouco engessada. Mas quem pensa que isso atrapalhou a cadência da trama, muito se engana, pois souberam trabalhar os personagens secundários muito bem, e com isso, o carisma foi lá para o alto, de modo que se não tivessem narrado tanto a trama, o resultado agradaria ainda mais.
Já que falei dos personagens secundários, diria que graças a eles o longa consegue ser muito bonitinho e envolver demais, tanto com o cachorrinho Max que foi completamente personificado nos mais inteligentes cachorros que vemos por aí afora, fazendo de tudo um pouco e sendo muito bem colocado na trama, quanto a garotinha Cindy-Lou com sua doçura e boa educação pertinente disposta para conseguir mais qualidade de vida para sua mãe que trabalha demais e não tem tempo de ficar com os filhos, numa graciosidade tão bem moldada que acabamos nos envolvendo demais, e claro a rena bem divertida que faz grandes sacadas também. Ou seja, um filme cheio de pequenos personagens que acabam chamando até mais atenção que o protagonista, que se não fosse verde para se destacar, acabaríamos nem nos envolvendo com ele. A dublagem de Lázaro Ramos não é lá muito envolvente, e felizmente não é forçada, de modo que não notamos seus trejeitos como protagonista, ou seja, a galera que ficou brigando por não ser um dublador profissional, como é o caso do Guilherme Brigs que dublou Jim Carey na versão live-action nem tem muito fundamento.
O contexto visual do filme também é cheio de detalhes, engenhocas mirabolantes e muitos detalhes para todos os lados, tendo até alguns easter-eggs da produtora Illumination (exemplo, o coelhinho de pelúcia da garotinha é o mesmo de "Pets", entre outros), mostrando que assim como a Pixar faz com seus longas, poderemos ver mais outros brincando com isso. E com boas simbologias natalinas, cheia de envolvimento na vila, o resultado visual mostra algo que vai até além dos mais malucos decoradores de cidades, com gigantescas árvores, luminosos, e tudo mais, o que mostrou uma grande preocupação da equipe visual. Quanto do 3D do longa, até temos alguns momentos com boas profundidades, muitas cenas com aceleração visual de primeiro plano (a famosa cena de montanha russa dos simuladores), e um ou outro elemento saindo da tela, mas nada que empolgue muito, ou seja, quem gostar dos efeitos até vai achar pouco, mas certamente poderiam ter abusado mais, que local para colocar mais teriam.
As canções poderiam ter sido dubladas também para ouvirmos as mais tradicionais canções natalinas, de modo que o momento em que o coral fica seguindo o protagonista, acaba soando até estranho, mas nada que atrapalhe.
Enfim, é um longa bonitinho, que até vai segurar bem as crianças que forem conferir, e divertir os adultos também, mas que está bem longe de ser algo que vamos lembrar mais para frente e gostar de rever, sendo talvez até um daqueles que passe diversas vezes nas programações natalinas das TVs. Ou seja, fica uma recomendação meio que moderada, pois não é algo muito empolgante também. Bem é isso, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais um texto, então abraços e até logo mais.
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