A Disney certamente está precisando de um novo nome forte lá dentro de suas produções live-action, pois andam fazendo alguns longas tão jogados de forma despretensiosa que acabamos não entendendo que rumos estão tentando atingir, e digo isso com um grande pesar, pois visualmente a produção de "O Quebra-Nozes e os Quatro Reinos" tinha tudo para fazer acontecer, criar um espírito natalino além do comum, e brilhar os olhos das crianças para algo que já vimos de diversas formas, seja como animação, seja como balé, especiais e tudo mais, mas agora num vértice mais alegórico, o resultado acabou soando completamente fora de eixo, com situações bagunçadas, explicações de roteiro mal desenvolvidas, e diversas situações aparentemente brilhantes para serem desenvolvidas, mas que apenas formaram uma colcha de retalhos imensa, faltando até linha para ser costurada. Ou seja, um filme vazio de ideias, que é bonito por fora, que entregou um trailer interessante, mas que desandou no resultado final, entregando algo que pareceu faltar um pouco de tudo. Confesso que achei bonito diversos momentos, e até senti uma atração por algumas cenas bem interessantes, mas esperava um final completamente diferente, uma explicação mais coesa sobre a ligação dos personagens com a mãe e a garotinha, mas nada foi entregue e com isso é apenas um filme bonitinho, mas que você sairá da sessão se perguntando: "o que foi que eu vi?", e isso não é nada bom para uma produção com selo Disney de qualidade.
A sinopse nos conta que tudo que Clara deseja é obter uma chave – uma chave única, capaz de abrir uma caixa que contém um presente de valor inestimável deixado por sua falecida mãe. Um fio de ouro, apresentado a ela na festa anual de seu padrinho Drosselmeyer, leva Clara à cobiçada chave - que rapidamente desaparece em um estranho e misterioso mundo paralelo. É lá que Clara encontra um soldado chamado Phillip, uma gangue de camundongos e os regentes que presidem os três reinos: o Reino da Neves, o Reino das Flores e o Reino dos Doces. Clara e Phillip precisam enfrentar o sinistro Quarto Reino, onde vive a tirana mãe Ginger, para recuperar a chave e ter esperança de trazer a harmonia de volta ao seu mundo.
O interessante é pensar que o problema não está na direção do longa, pois tanto Lasse Hallström quanto Joe Johnston, que comandou as refilmagens, são dois experientíssimos diretores, que souberam fazer grandiosos filmes, de orçamentos imensos, e que aqui conseguiriam também trabalhar com algo mais floreado, com cenografias incríveis, e tudo mais, mas aparentemente é notável que essas refilmagens acabaram bagunçando o andamento do longa, criando diversos pontos sem explicação lógica, e principalmente criando um ritmo estranho para a desenvoltura da trama, de modo que temos uma apresentação rápida, um miolo quase morto, algumas resoluções perdidas, e um final novamente rápido, ou seja, não há uma coerência de ritmo, nem de estrutura, que acabaram aparecendo com muito impacto na montagem final. Ou seja, os diretores até tentaram entregar algo bem feitinho, mas certamente a pretensão de criar algo maior na montagem, e claro, necessitar refilmar para aparecer isso, acabou causando uma das maiores bagunças em filmes que a Disney já fez em anos, tendo sim um longa bonitinho, mas que se aprofundarmos em tudo o que já vimos, sairemos da sessão sem ter entendido nada do que desejavam entregar.
Sobre as interpretações, é notável o esforço de todos pelo melhor da trama, mas alguns personagens pareceram aparecer e sumir com uma frequência tão grande, que o longa pareceu ter quatro personagens e diversos figurantes de luxo. Dentre os quatro protagonistas mesmo, está Mackenzie Foy com sua Clara, bem colocada, fazendo expressões meio que forçadas, mas que soou graciosa e determinada para com a sua responsabilidade, e com isso, tivemos algumas cenas boas dela, mas algumas bem estranhas de se conectar com o que ela estava fazendo. O soldadinho quebra-nozes Phillip, interpretado por Jayden Fowora-Knight é o exemplo claro de carisma em um jovem ator, mas que por ser praticamente sua estreia nos cinemas, ficou um pouco perdido do que fazer, sendo interessante em alguns momentos, mas em outros parecia ter sido colocado ali por encomenda de alguém, ou seja, não que ele tenha falhado muito, mas talvez um nome mais forte para o papel agradasse mais. Keira Knightley entregou para sua fadinha Plum uma personalidade bem bacana, e surpreendeu pelo que faz na trama, mas diria que faltou um pouco de motivação e entrega para sabermos mais de onde veio tanta raiva, parecendo que apertaram um botão e pronto, agora você é outra, e isso acabou ficando estranho de ver, mesmo a atriz tendo se saído bem nos seus momentos. Agora certamente a grandiosa Helen Mirren deve estar querendo socar seu agente pelo papel de mãe Ginger, pois é notável que suas cenas foram as mais cortadas, aparecendo em picotes moldados tão estranhos, que mesmo a atriz entregando o máximo de personificação para a personagem, acabamos ficando nos perguntando, mas afinal quem é a Ginger, ou porque ela mudou tudo, e isso é um erro tão absurdo, que mesmo se ela fosse a vilã da trama, precisaria desenvolver bem mais tudo, e isso não ocorreu. Dentre os demais, ainda estou tentando entender um pouco mais da personificação de Eugenio Derbez como um dos anfitriões de um dos reinos, a pequena participação bem bonita de Morgan Freeman como padrinho da garotinha, isso sem falar de todos da família dela, que chega a dar pena não pelo acontecimento ruim familiar anterior à trama, mas pelas caras de serem jogados apenas na trama para praticamente nada, ou seja, um monte de atores bons desperdiçados.
No conceito cênico, algo que foi muito interessante de ver foi o rei rato, formado por diversos ratinhos, os diversos voos rasantes da coruja e de outros pássaros que acabam assustando o público com o 3D do filme, e claro alguns cenários bem encontrados para mostrar o castelo, a floresta do quarto reino e até mesmo a grandiosa mansão do padrinho, toda ambientada numa época colonial chique e interessante de ver, mas certamente o pessoal da equipe de arte ainda deve estar inconformado com a pouca aparição dos demais reinos (da flores, dos doces e dos flocos de neve), pois tudo foi construído cheio de detalhes, e tivemos praticamente uma mísera cena de nem 30 segundos de cada um deles, ou seja, uma falha imensa de beleza que poderia ser usada e acabou sendo mero enfeite. Outro ponto bem legal ficou a cargo dos soldadinhos de plástico, que realmente acabaram sendo visualmente incríveis, e quem assistir as cenas que mostram no Flix Channel, verá que foram pessoas realmente vestidas com aquelas roupas estranhas, mas incríveis de ver, em marcha ordenada, ou seja, um belo trabalho feito também. A fotografia do longa teve momentos cênicos bem encaixados, com tons escuros para moldar o ar de tensão no ar, que em meio a uma guerra bem feita acaba soando desenvolvido e contrastando com ares bem coloridos dos diversos reinos, e com uma maquiagem cheia de detalhes, acabou ousando em luzes até embaixo dos vestidos, nuances floreando cada espaço, e até muitas projeções para envolver o espectador, ou seja, algo bonito de se ver realmente. Sobre o 3D da trama, diria que funcionou nas cenas com os pássaros como falei acima que acabam até assustando vindo do nada, e teve alguns momentos com boas perspectivas, mas nada que impressione realmente, sendo apenas um ganho a mais para a trama, pois não incrementa nada.
Enfim, é um filme com mais defeitos do que acertos, que até é bonitinho de se ver, e que algumas pessoas podem viajar no estilo natalino e enxergar coisas além do que foram mostradas, mas que certamente é um filme que logo mais acabaremos até esquecendo que vimos ele, ou seja, poderiam ter caprichado bem mais em tudo para que o resultado fosse melhor. E sendo assim, nem tenho muito como recomendar ele, embora muitos irão ver pelo simples fato de ser algo da Disney, mas o arrependimento pode ser bem alto, e dificilmente as crianças conseguirão ficar quietas conferindo algo que não vai lhes prender a atenção. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com a última estreia dessa semana, então abraços e até logo mais.
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