Existem alguns filmes que são lançados nos cinemas que vemos claramente que não foram bem pensados dentro da proposta completa, ou até talvez os roteiristas pensaram demais criando algo que fosse além do que seria capaz de entregar, pois sempre que vejo um filme de ação aonde ocorrem situações tão descabidas como as que são mostradas em "Refém do Jogo", de uma moto correr no telhado laminado de um estádio, ou pessoas voando de andares altos e logo em seguida saindo correndo, ou até um profissional armado dar diversos tiros a esmo e errar seu alvo, fico pensando: será que pensam que o povo é bobo de acreditar nisso, ou apenas estão tentando nos entreter? Melhor ficar com a segunda opção, pois entretenimento nunca é demais, e ao menos isso o longa consegue atingir e agradar, pois com uma dinâmica bem envolvente, o resultado é que você acaba ficando interessado pela forma conduzida, pelos personagens, e até ri de diversos absurdos, mas certamente um ator melhor daria um tom mais propício e talvez lembraríamos mais dele daqui algumas semanas, pois é diversão apenas para num momento descontraído perder algumas horinhas na frente da TV, e nada mais.
A sinopse nos conta que de tempos em tempos, Michael Knox viaja a Londres para rever a esposa e filha de um grande amigo, que faleceu quando ambos estavam servindo no Afeganistão. Numa destas visitas, Knox leva a adolescente Danni para um importante jogo do West Ham, que pode levá-lo à decisão da Liga Europa. O que ele não esperava era que um grupo de dissidentes russos teria um plano de ação em pleno jogo de futebol, tornando todos os presentes reféns enquanto busca seu antigo líder, até então considerado morto.
O diretor Scott Mann mostra que sabe pegar uma trama interessante e colocar dentro de uma proposta maior com um orçamento relativamente baixo, pois embora aqui tenha um jogo de futebol acontecendo, poderia estar rolando qualquer outra coisa, já que nada do que acontece realmente na partida importa, mas sim as corridas nos corredores, na cozinha do estádio e até mesmo no telhado, aonde os maiores absurdos acontecem. Porém como disse no início, aqui faltou para o diretor se encontrar com a proposta para que o filme entregasse algo maior, e não apenas uma correria desenfreada, pois no início até temos diversos momentos jornalísticos para tentar conectar o público com a ideia revolucionária dos antagonistas, mas tudo é simplório e não atinge um objetivo mais formatado, e de outro lado também acabam mostrando algo quase nulo para tentar conectar a garota e o protagonista, numa das conversas mais soníferas do cinema mundial, cheia de melodrama barato que não chega a lugar algum, daí então quando tentam colocar isso no meio do jogo, o resultado parece até uma grande mistura exagerada, mas funciona, e quem sabe se tivessem envolvido também algum fator de campo, algum jogador, ou o técnico quem sabe, aí sim o longa pegaria fogo e ficaria bem mais interessante do que uma caça de um determinado personagem jogado na arquibancada que vai aparecer nem quase 15 minutos e já entra como "protagonista" do pôster.
Quanto das atuações, tudo bem que desejavam um brucutu grandão para protagonista, mas sabemos bem que Dave Bautista é alguém bem limitado no conceito de diálogos e de trabalhar expressividade sem ser boas porradas e trabalhos com ares cômicos, de modo que acabamos vendo algo que chega a desanimar em diversos atos de seu Mike Knox, só voltando a funcionar quando ele sai na mão com os vilões, tendo ao menos um pouco mais de coesão, ou seja, poderiam ter se arrumado um ator mais de ponta ou algum grandalhão menos conhecido que talvez chamasse até mais atenção para que o público se envolvesse realmente com ele. Lara Peake é daquelas garotinhas tão bobas na trama, com um ar triste, que faz besteiras e tudo mais com sua Danni, que acabamos até torcendo para que ela morresse na história (aliás o semi-fechamento da trama se acabasse ali, faria o público sair chocado com o resultado e o longa seria um dos melhores do ano talvez! Mas como não acaba, sendo uma leve pegadinha para quem não prestou atenção no filme desde o começo, ainda deram conta de atrapalhar um pouco mais). Amit Shah deu a comicidade que não puderam dar ao protagonista para seu Faisal, e usando artifícios, até que preconceituosos, conseguiram dar dinâmica e boa coesão para um personagem que certamente passaria despercebido em um longa mais sério, mas ao menos seus momentos foram engraçados, e agradaram no resultado final. Ray Stevenson tem um estilo clássico de vilão, sabe trabalhar bem olhares e entonações, mas seu Arkady ficar praticamente mais da metade do longa apenas mandando por uma sala de controles não demonstra nem metade do que sabe fazer, talvez ele agindo mais como foi no final, o longa teria ido para rumos bem melhores. Todos sabem bem Pierce Brosnan é um grande ator, sabe entregar expressividade em seus personagens, criar bons diálogos, e tudo mais, aí me vai um diretor e coloca ele sentado numa poltrona de estádio 90% do filme, usando seu Dimitri apenas em duas cenas praticamente, aí não tem como defender, pois, acabou nem fazendo nada, sendo apenas um gasto na produção. Quanto os demais, diria que apenas participaram, tendo leves destaques para a russa maluca Tatiana, interpretada por Alexandra Dinu que correu, bateu e fez muitas caras e bocas como vingança pessoal até sua última cena sendo bem forte.
No conceito artístico, a trama até entregou algo interessante de ver, mas que sabemos ser totalmente impossível, como corridas de motos pesadas no telhado de um estádio (com toda certeza só de passar perto já despencaria), bons corredores, e claro muita munição para tiros, facadas e tudo mais, mas sem dúvida as melhores cenas foram na cozinha, aonde todos os objetos cênicos foram usados ao extremo, e assim funcionando como um bom longa de ação violenta deve entregar. Quanto da fotografia, a trama brincou com os tons de um estádio, dividindo bem a torcida, usando luzes de helicópteros, sinalizadores, e claro trabalhando muito os tons vermelhos para causar a sensação de ação ainda maior, ou seja, foram coesos.
Enfim, é um longa que quem for conferir esperando ver uma boa ação, irá se divertir e sair satisfeito, mas quem esperar ao menos um pouco de complexidade, ideias para reflexão, bons diálogos ou até mesmo um roteiro mais coeso, vai sair revoltado, então como costumo dizer, pegue uma boa pipoca e curta, ou quando estiver zapeando na TV, veja relaxado, pois só servirá para isso mesmo, passar um tempo na frente de uma telinha ou telona, e até rir quando passar na TV e cortarem diversas cenas inúteis. Ou seja, um filme bem mediano, mas que não incomoda. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais um texto, então abraços e até logo mais.
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