Daqui alguns anos irão nos perguntar como a franquia Transformers renasceu após sequências bagunçadas e que muitos reclamavam, para algo mais próximo dos desenhos e dos brinquedos que motivaram a infância de muitos garotos e garotas nos 80/90, e a resposta vem bem clara ao assistir "Bumblebee", pois temos toda a essência necessária que vimos vir acontecendo nos muitos anos da franquia, porém sem loucuras exageradas, sem roteiros imaginários e fantasiosos, mas sim um recomeço gostoso, com personalidade, mostrando de onde vieram e por quais motivos vieram para a Terra os robozões, e principalmente unindo uma produção certeira (que claro conta com um nome certeiro como Steven Spielberg na produção juntamente com o criador dos filmes Michael Bay dificilmente daria errado) que deu ótimas características para o longa, mais uma trilha invejável de primeiro nível com canções que marcaram a época, uma ação comedida bem armada para não ficar exagerada de computações forçadas, e boas atuações deram o tom correto e fez da trama algo que o público desejava ver na telona, funcionando, divertindo e agradando quem for conferir. Porém ainda é algo que trabalha demais com coisas bizarras como uma pessoa correndo na frente de robôs trombando e lutando sem levar um tirinho sequer, e tendo apenas pequenos ralados, e isso chega a incomodar bastante, na maioria das cenas, mas quem relevar esses absurdos poderá sair até mais feliz com o resultado final, que é um grato recomeço de tudo o que já não tinha mais como ser reinventado.
A trama do longa nos coloca em 1987, mostrando que refugiado num ferro-velho numa pequena cidade praiana da Califórnia, Bumblebee, um fusca amarelo aos pedaços, machucado e sem condição de uso, é encontrado e consertado pela jovem Charlie, às vésperas de completar 18 anos. Só quando Bee ganha vida ela enfim nota que seu novo amigo é bem mais do que um simples automóvel.
Após dirigir a belíssima animação "Kubo e as Cordas Mágicas" em sua estreia como diretor, Travis Knight mostra que sabe dominar a computação gráfica como nunca e que colocar humanos no meio é mero detalhe (desde que atuem bem e interajam bem com a computação, claro!), e com uma história bem condizente criada por Christina Hodson (que devemos ainda ouvir muito seu nome pelos grandes blockbusters encomendados para ela nos próximos anos, mas que chamou atenção pelos seus dois primeiros longas tensos nos últimos anos) que deu uma certa coerência para o que já conhecíamos, e principalmente deixou o filme sem muitas loucuras e viagens como ocorreram nos últimos longas da franquia, ou seja, o diretor e a roteirista souberam entregar algo que desejávamos ver já tem um tempo, mas que muitos diretores achavam simples demais para algo que só vinha num crescente, ou seja, ao invés de destruir meio mundo, vamos apenas bagunçar uma casa, e alguns pedaços de uma cidade, e assim sendo, o resultado acaba sendo bacana de história, e também interessante de ação, mesmo que de forma contida para chamar atenção, porém mais acertado dentro de uma euforia mais nostálgica de ver nos cinemas. Sendo assim, poderia dizer facilmente que o diretor pegou algo que muitos já estavam odiando pelo desgaste de sempre entregar façanhas cada vez maiores, colocou simplicidade e entregou algo icônico que vai agradar, e principalmente, será lembrado mais para a frente.
Sobre as atuações, já havia cantado a bola lá em 2010 que Hailee Steinfeld despontaria como uma grandiosa atriz de blockbusters, não apenas pelo seu carisma, mas por saber incorporar a época e desenvolver o personagem da melhor forma possível, de modo que sua Charlie não apenas é bem colocada, despojada, e tudo mais, mas ainda por cima soube interpretar bem seu papel junto com os personagens computadorizados de uma maneira tão bem encaixada que realmente parece que filmou junto dos robôs em tempo integral, sabendo localizar seus olhares e ainda convencer nos diálogos bem escolhidos. John Cena faltou um pouco para ser vilão de impacto, e muito para ser herói de guerra e acabar empolgante, pois facilmente logo na primeira cena já sabíamos o final de seu Agente Burns, e talvez alguém mais imponente chamasse mais atenção. O jovem Jorge Lendeborg Jr. foi levemente caricato com seu Memo, mas deu um tom doce, divertido e gostoso de acompanhar, que por mais que soasse bobinho, conseguiu colocar o elo da época no personagem e chamou a atenção que devia. Quanto aos demais humanos da trama, diria que todos tentaram aparecer, e fizeram bem seus leves momentos, mas poderiam ter sido bem mais efetivos para não soarem bobos ou jogados apenas como todos da família da garota e outros agentes do governo. Agora para falar dos robôs, temos de olhar mais para a estrutura em si do que para suas interpretações dialogadas, pois o protagonista Bumblebee foi muito bem desenhado, trouxe traços agradáveis e bem escolhidos, e principalmente encontrou o carisma que todos temos pelo carrinho amarelo, que ganha forma de acordo com o que memoriza, e com muita singeleza nos entrega um carrinho que é o xodó de todos também, que é o Fusca, além é claro de sua cara expressiva que parece um leve animal de estimação da protagonista. Quanto aos vilões Decepticons, poderiam ser mais violentos, mas com traços fortes e marcantes conseguiram causar como deveriam, e entregaram uma personalidade bem colocada para que seus personagens fossem interessantes de ver dentro de uma vilania coesa e marcante.
O quesito cênico da trama foi muito bem coeso, de forma que acaba sendo até uma diversão ficar procurando as diversas referências dos anos 80 no longa, com uma cenografia impecável, uma ótima interação da computação gráfica com o ambiente na maior parte do longa (no final acabam deixando meio de lado com tiros já não acertando mais nada, e muita coisa voando sem sentido), e principalmente trabalhando bem a época com as cores da trama, criando algo bonito de ver na telona, de modo que nada soasse forçado demais, nem enfeitado demais, agradando tanto na simplicidade, quanto na concepção artística, e claro, que a criatividade para mostrar a guerra no planeta Cybertron muito bem cheio de detalhes, e com os robôs com traços imponentes e bem moldados acabaram dando um ar nostálgico e interessante de acompanhar. A fotografia brincou com um mix tão grandioso de cores, que o filme acaba sendo tão divertido e bem colocado que mesmo nos tons mais escuros acabamos não tendo uma tensão real na trama, dando o ar de aventura do começo ao fim, e envolvendo bastante com uma paleta cheia de contrastes nas cenas para agradar mesmo. Quanto do 3D do longa, diria que temos até bons momentos, mas não chega a ser nada que empolgue realmente em detalhes, e certamente poderiam ter trabalhado melhor para chamar mais atenção do público que gosta desse estilo, e arremessado mais coisas para fora da tela, deixando mais para profundidade, e não conseguindo agradar muito.
Agora sem dúvida alguma uma das melhores coisas do longa ficou a cargo da ótima escolha musical para voltarmos no tempo e dançarmos o filme inteiro com as canções que brilharam nos anos 80, trazendo ritmo para o longa e dando uma dinâmica sem tempo para descansarmos, e claro que deixo o link tanto das canções para que após conferir o filme vocês possam viajar no tempo e dançar bastante em casa.
Enfim, é um filme gostoso de acompanhar, que possui muitos bons momentos, mas que certamente poderia ter ido muito além que estava fácil agradar bem mais, mas ainda assim envolve e diverte bem mais por ser simples e efetivo, do que uma ação grandiosa cheia de efeitos para todos os lados, e sendo assim vale a recomendação, e com certeza se seguirem essa linha, os demais spin-offs da franquia Transformers sairão interessantes, e quem sabe até recomecem bem a série para agradar ainda mais o público fã dos carros-robôs. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos das demais estreias da semana, então abraços e até logo mais.
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