Quando falamos em invasões alienígenas, mutações e tensões, certamente entramos num caminho estranho de pararmos para pensar, pois chega a ser difícil entendermos algo além do que conhecemos e/ou vemos em filmes, e geralmente nas mãos dos diretores conseguem florear ainda mais tudo e deixar nosso inconsciente pensando sobre tudo o que está acontecendo na trama. Com "Aniquilação" não foi diferente, pois a trama chega com tudo na ideia de enfrentar algo desconhecido com pessoas que perderam algo e vão praticamente para uma missão suicida, assim como muitos soldados vão para uma guerra, mas enquanto em uma guerra se sabe o poderio do adversário, aqui não temos sequer ideia de onde podem chegar. Diria que o filme é bacana pela tensão criada, mas falha um pouco na condução e na dinâmica empregada, pois certamente poderiam ter feito um filme denso com mais ação, com desespero, com força e tudo mais, ao invés de deixar que tudo acontecesse de maneira calma e com muita análise. Ou seja, sei que foi um filme do começo do ano, e muitos já até viram ele, mas aqueles que ainda não conferiram podem embarcar rapidamente na trama e desenvolver teorias para tudo o que é mostrado e o que deve acontecer, mas ao final ficamos levemente cansados e sem muitas explicações, o que dá um ar meio que de não saberem para onde estava melhor fechar a trama. Dessa forma, o resultado até é válido, mas poderiam ter ido muito além.
A sinopse nos conta que uma bióloga se junta a uma expedição secreta com outras três mulheres em uma região conhecida como Área X, um local isolado da civilização onde as leis da natureza não se aplicam. Lá, ela precisa lidar com uma misteriosa contaminação, um animal mortal e ainda procura por pistas de colegas que desaparecem, incluindo seu marido.
Após fazer uma excelente estreia com "Ex_Machina: Instinto Artificial", o diretor e roteirista Alex Garland volta com uma produção cheia de reflexões, mas aqui envolvendo formas alienígenas e mutações genéticas, o que pode deixar um pouco nossa mente confusa, mas também acabar agradando pela essência passada no decorrer da trama, ou seja, o diretor consegue prender o espectador até o final, trabalhando todas as situações, desenvolvendo e apresentando os personagens durante toda a trama com seus problemas, faz uma montagem cheia de desenvolturas que quebram pedaços e desenrolam formas, mas que poderia ter ido muito além no final com algo que apenas nos deixa com a dúvida: "Quem está ali é ela, ou não?", pois pela cena anterior até podemos imaginar uma coisa, mas no final pensaremos em outra, ou seja, como é de costume de muitos diretores, deixar aberto a ideia ao final é algo de praxe nas produções originais da Netflix, veremos nos próximos, mas aqui esperava um pouco além.
Sobre as interpretações, mais uma vez Natalie Portman dá seu casual show de personalidade dúbia e confusa, o que é interessantíssimo de ver em boas atrizes, e sua Lena é pesada de conflitos, está em dúvida de tudo o que faz, mas não transparece em cena, e agrada por saber desenvolver cada ato como algo individual bem colocado, agradável e que resulta em boas cenas, talvez um pouco mais de atitude daria um tom melhor, mas ainda assim fez muito bem. Oscar Isaac é o tradicional ator com interrogação na face, de modo que seu Kane no começo parece meio robótico, duro, sério e cheio de ações estranhas, que vamos descobrir mais para frente no longa o motivo, e quando descobrimos, vemos que o ator foi incrível no que fez, mostrando que mesmo com pequenos momentos/atos ele sabe ser preciso e agradar. Jennifer Jason Leigh está tão diferente com sua Dra. Ventress que envolta numa personalidade forte e cheia de imposições, acabamos até ficando com uma certa raiva dela, de modo que acabamos não nos conectando como era necessário para que sua personagem entregasse a vivência da doença que possui, muito menos entregasse algo bem colocado, mas ainda assim com muitos flertes jogados para o ar, acabou sendo acertada no que fez até o final. Quanto as demais integrantes da missão, diria que cada uma, tendo uma profissão diferente e um estilo diferente, acabaram representando também personificações diferentes dos possíveis medos e atos dentro do "Brilho", e assim cada uma deu e teve um bom momento no longa, não tendo nenhum grande destaque expressivo, mas ao menos foram bem coerentes, de modo que temos de parabenizar os atos de Tessa Thompson com sua Radek, Tuva Novotny com sua Sheppard, e Gina Rodriguez como Thorensen.
Quanto da arte da trama, temos algo incrivelmente belo, e ao mesmo tempo aterrorizador, pois a equipe conseguiu dar um ar meio que apocalíptico, mas também cheio de cores pelas mutações de plantas e cores, criando um ecossistema próprio belíssimo dentro do Brilho, o que certamente foi bem pensado e elaborado com minúcias, mas também vemos falhas de coisas jogadas no ar meio que sem explicações, o que mostra um certo exagero por parte de lerem a história e desejarem ir muito a fundo na criatividade, ou seja, o famoso bordão de menos é mais poderia ter sido usado, que daria a mesma essência e ainda agradaria bastante. A fotografia não quis ousar com cenas muito escuras, o que talvez desse uma tensão maior para a trama, mas souberam entregar um tom claro que deu um ar de aventura bem colocado ao menos.
Enfim, sei que é um longa que já estreou faz tempo na plataforma da Netflix, mas como possui uma história bem interessante, e muitos até julgaram ele como um dos melhores do ano, resolvi conferir e gostei do que vi, dando para realmente recomendar pela essência de tensão e criatividade por parte de uma possível aniquilação alienígena futura. Ou seja, quem quiser um bom suspense cheio de personalidade, fica a dica. Bem é isso, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos de filmes da Netflix, afinal só na próxima quinta teremos estreias nos cinemas, então abraços e até logo mais.
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