Posso estar sendo preconceituoso, mas se tem um país que gosta mais de filmes no formato novelão do que os brasileiros, são os espanhóis, e olha que as vezes até acertam em alguns para que fiquem ao menos tensos e divertidos, mas infelizmente não foi o que aconteceu com "Quando Os Anjos Dormem", que aparentava ser razoável, mas foi enrolando tanto, com tantas coisas acontecendo da forma mais bizarra possível, que quando até torci para o final ser daquela forma, pois ô moça chata e burra essa do filme, e mais ainda maluco o personagem principal pelas atitudes dele, fora todo o restante desnecessário que ocorre com diversos personagens fora do centro da ação. Ou seja, fica a dica para pular esse lançamento da Netflix, pois são 96 minutos bem alongados de enrolação, em algo que não recai nem para drama, nem para terror, ficando entre novelona bagunçada e novela de segunda linha bizarra.
A sinopse nos conta que Germán é um executivo de uma importante empresa de seguro de vida ocupado demais com o trabalho para dar atenção a sua família amorosa. Quando, na noite do aniversário de sua filha pequena, ele tenta dirigir para causa exausto de tanto trabalhar, um acidente transforma aquela noite em um terrível pesadelo.
Diria que a ideia se bem trabalhada duraria no máximo 40 minutos, mas o diretor Gonzalo Bendala resolveu ser criativo demais, e acabou enrolando o desenvolvimento da trama, de modo que esse certamente será daqueles filmes que se um dia alguém sem paciência de conferir se pegar assistindo, ou irá parar na primeira besteira, ou vai acelerar umas partes para ver o que rola no final, pois até temos diversos momentos de tensão no decorrer, alguns que vamos nos ficar perguntando o motivo besta das coisas que acontecem, mas principalmente iremos ao final reclamar o motivo de termos ficado assistindo até tão tarde um longa tão bobo e enrolado como esse. Ou seja, talvez se o longa recaísse realmente para algo voltado para o terror, talvez o longa até empolgasse mais, mas a ideia ficando no meio do caminho foi algo tão bizarro, indo e vindo toda hora com a esposa do protagonista desnecessariamente acontecendo coisas por lá também, que certamente enxugando o longa resultaria em algo mais bem feito.
Sobre as interpretações, assim como ocorre em novelas, temos atores fazendo carões, correndo, se jogando, e raramente entonando qualquer situação melhorada nos diálogos, de modo que Julián Villagrán até tentou fazer um Germán bem colocado, mas logo na sua primeira cena já vemos formações absurdas na reunião, e quando vai para a direção todos seus momentos são coreografados demais para envolver, resultando em algo muito fraco de ver. Ester Expósito faz algumas expressões até fortes com sua Silvia, mas praticamente só soube correr de um lado para o outro, gritando, socando e tudo mais, parecendo estar num daqueles filmes de terror que o assassino passa o longa inteiro correndo atrás da pessoa, e a moça indefesa só grita, e acredito que isso era o que estava no seu roteiro, pois foi só isso o que fez. Dos demais, a maioria teve raras aparições, a maioria jogada, tendo leve destaque para a esposa Sandra, interpretada por Marian Àlvarez, que apareceu um pouco mais e por bem pouco não botou uns chifres no protagonista, mas de resto, seria melhor nem ter feito nada.
No conceito visual, além do carro vagando por uma estrada completamente escura e sem nada para ser desenvolvido, os protagonistas aparecem em casebres abandonados no meio do matagal, tivemos algumas cenas em plantações, diversos momentos no apartamento do personagem principal (completamente desnecessário para a trama), e claro tivemos vários frisos em objetos cênicos como carteiras, celulares, facas e drogas, que poderiam ter sido mais bem usados, mas também não atrapalham. A fotografia não soube trabalhar direito nas cenas noturnas no escuro, e com isso tivemos muitos falsos atos iluminados, o que incomoda demais, mas também se deixassem na forma real, não veríamos praticamente nada, ou seja, o erro foi até propositalmente acertado.
Enfim, é um filme completamente dispensável, que até possui uma ideia interessante, que já até vimos em outros longas de terror, mas que acaba soando tão novelesco que não temos como curtir nada do que acaba acontecendo. Sendo assim, fica a dica para pularem esse quando estiverem caçando algo para ver na Netflix. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais filmes conferidos na plataforma, e também nos cinemas, então abraços e até logo mais.
2 comentários:
Legal vc ter entrado no mundo do streaming.
A qualidade do conteúdo da Netflix caiu muito e atualmente o serviço tenta nos empurrar uma enxurrada de conteúdo original cuja qualidade não costuma ser lá essas coisas; então, vai ser muito bom ter um parâmetro confiável de avaliação e recomendação de filmes.
Eduardo Martins.
Valeu Evandro... concordo que os filmes andam bem fraquinhos, tirando alguns exemplares fora da curva, mas verei todos que forem surgindo, assim pelo menos tenho algo para os dias sem filmes nos cinemas... abraços e obrigado pela confiança!!
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