Contar histórias de origem já virou quase que um nicho para a falta de criatividade de muitos roteiristas, pois se der certo ao menos já garantem uma refilmagem de algo clássico que alguém certamente já viu diversas versões e nunca se cansa do que é entregue. Dito isso, é fato que "Robin Hood - A Origem" possui muitas falhas, falta conexão, desenvolvimento e explicação para diversos personagens (alguns apenas pipocam na tela e somem), mas certamente é algo bem divertido e gostoso para se entreter num final de semana, com muita tecnologia, cenas de ação completamente malucas, e claro bons atores entregando boas personalidades ao menos, e sendo assim, passa bem longe de todas as diversas críticas monstruosas que andavam explodindo sobre ele, valendo a conferida para ao menos pensar na possibilidade de um herói mais moldado pela vida, do que apenas um simples ladrão. Ou seja, é um filme que muitos vão odiar, mas certamente quem gosta de ação desmedida sem muito desenvolvimento sairá feliz com o que verá.
A sinopse nos mostra que um cruzado endurecido pela guerra e um comandante mouro montam uma audaciosa revolta contra a corrupta coroa inglesa em uma emocionante aventura de ação. Repleto de cenas no campo de batalha, coreografia de luta e um romance atemporal, o longa apresenta uma história nunca antes vista de como Robin Hood tornou-se o ícone e a lenda como o conhecemos hoje.
Acho que já falei isso outras vezes, mas se tem uma coisa que me incomoda sempre que um diretor que só fez séries vai para as telonas é o fato dele achar que terá a mesma duração de milhões de capítulos para poder entregar tudo o que deseja, e quando vê que não tem mais jeito, já colocou 600 personagens que teriam alguma importância na trama, e o resultado acaba que ninguém é desenvolvido e o protagonista acaba parecendo um bobo que falou com todos, mas não sabe nem quem é quem. Digo isso, pois Otto Bathurst até tentou entregar sua primeira direção da maneira mais inglesa possível, com diálogos sendo trabalhados, cenas de ação funcionando com coesão e tudo mais, mas com toda certeza chegou o produtor Leonardo DiCaprio e falou: "para tudo, essa é uma versão maluca da história, e bota tudo pra quebrar que tenho a verba pra isso!", e o pobre diretor saiu ensandecido colocando tudo a perder sem limites cênicos, inserindo mais e mais personagens a cada ato, e ao final a única coisa que ele sabia era que precisava fechar com o começo da história aonde todos já conhecemos, não importando o que ocorresse no miolo, e eis que entregou algo até assistível numa sessão da tarde, com muita pipoca e sem ligar para mais nada, pois temos sim ótimas sequências de ação,
Sobre as atuações, temos um elenco de peso, com um time que chama muita atenção, a começar pelo protagonista que é um bom ator, mas já anda se achando demais, de modo que Taron Egerton nos entrega um Robin cheio de atitude, mas que sai completamente dos eixos de alguém de simples atos, querendo mais se mostrar do que fazendo a ação fluir realmente, e isso incomoda muito, pois é exagerado, e força talvez a falta de possibilidade de desenvolver qualquer um ao seu redor. Jamie Foxx entrega um John bem interessante, cheio de personalidade como todos seus personagens, e diverte com boas sacadas, mas lhe falta um pouco mais de ganho histórico para encontrarmos realmente seu personagem. Eve Hewson consegue soar interessante e sensual dentro da personalidade de sua Marian, e agrada com olhares e um tom bem singelo, mas sua cena no meio da ação toda é absurda demais para acreditar no que vemos, de modo que poderiam ter economizado deixando ela dentro da caixa. Ben Mendelsohn entrega um bom Xerife, com um ar maldoso e esnobe, de tal maneira que acontecia realmente na época aonde o dinheiro das taxas falava bem mais entre esses homens, e seus atos até que soam bem trabalhados e dinâmicos para ficarmos com certa raiva como deve acontecer com vilões. Sabemos que o Frei Tuck é um personagem bem importante na mitologia de Hood, e aqui é uma pena não terem trabalhado mais Tim Minchin, pois pelos trejeitos que o ator aparenta demonstrar em diversas cenas, ele estava bem disposto a tudo, e aqui ficou preso a poucas cenas, mas que foram bem feitas ao menos. Quanto aos demais, tivemos rápidas participações de Paul Anderson como Gisbourne, Jamie Dornam com um Will bem trabalhado, mas bem longe do que as mulheres esperavam dele, e até duas ótimas cenas de F. Murray Abraham como um Cardeal, mas sem muito o que termos para apontar.
No conceito cênico tivemos como todo bom longa de ação, muita madeira voando para todo lado, explosões de uma mina (sabe se lá de que!), figurinos ousados e intrigantes, e como filme de arqueiros, flechas sem limites que nos fazem pensar de onde vem tantas! E com boas locações em meio a toda a ação, a cidade parece algo insano cheio de montagens de madeira aonde cavalos correm por cima de tudo, saltam e de forma desenfreada resulta em um filme bem propenso a ter falhas para aparecer em cada canto que quisermos olhar, mas ao menos passa o contexto mais revolucionário de tempos modernos, só que vistos na época das Cruzadas. A fotografia trabalhou bem os tons mais escuros, encontrando o vermelho e o preto para se destacar em muito cinza, e com isso o filme fica até próximo de algo noir, mas com boas dinâmicas de ação, o resultado vem para algo menos contido e agrada.
Enfim, estamos bem longe de algo perfeito, mas ao menos funciona bastante dentro da proposta de recomeçar uma franquia a partir da criação da lenda, mas para isso a bilheteria vai precisar engrenar, e se depender dos críticos internacionais, eles estão desejando que o longa queime por demais, mas vos digo que é algo interessante e que diverte ao menos dentro do que pretendiam entregar: um filme de ação desmedido, e quem for conferir ele assim, não sairá muito desapontado. Sendo assim, recomendo o filme com leves abordagens para que não se preocupe muito com a história, senão a chance de detestar é bem alta, e se for apenas preparado para a ação, o resultado empolga. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.
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