Acho bacana quando uma produção consegue entregar a essência romântica que foi proposta no roteiro brincando com canções icônicas nacionais e internacionais de diferentes épocas, e aqui em "Todas As Canções de Amor" a vida dos dois casais funciona perfeitamente encaixadas no mixtape encontrado para dizer até mais do que os próprios diálogos em si. Porém longe do filme ficar artificial e dependente apenas das músicas, a diretora soube ser precisa no que pediu para os quatro artistas entregarem com primor expressivo, e assim agradar numa trama bem docinha envolvendo de um lado um casal recém-casado e do outro um já nos momentos mais críticos, ou seja, uma história gostosa de acompanhar mesmo sendo bem simples.
A sinopse nos conta que Chico e Ana se mudam para um novo apartamento em São Paulo. Enquanto arrumam as coisas, ela acha uma fita K7 e decide escutar. Trata-se de uma mixtape que Clarisse fez 20 anos antes para seu marido, Daniel. Os dois casais, apesar de distanciados pelo tempo, têm muito em comum.
Em seu primeiro longa metragem, a diretora Joana Mariani foi singela nas ações, mas encontrou tanto musicalmente, quanto através de bons ângulos o modus operandi de uma boa trama romântica, pois acabamos nos envolvendo com cada ato, em que vamos conhecendo mais da personalidade do casal do passado na mesma ânsia que a escritora deseja falar sobre eles através da fita encontrada, e sabiamente escolheram canções que dizem muito em suas letras, de modo que tudo foi contado ali sonoramente, e sendo coerente com as sensações que as canções foram transmitindo, souberam dosar as emoções dos atores para que o áudio tivesse vida, ou seja, uma real produção audiovisual incrivelmente bem feita.
Diria que as atuações nem seriam necessárias na trama, podendo ser até animações de palitinho com as boas músicas escolhidas, mas os dois casais souberam entregar boas cenas expressivas e acabaram agradando bastante no que fizeram, de modo que Marina Ruy Barbosa colocou sua Ana como alguém desesperada para saber da vida alheia através do tape, criando como uma boa escritora a história do outro casal, e a jovem entregou bons olhares, devaneios coerentes e agradou muito em tudo o que fez. Bruno Gagliasso foi bem colocado como Chico, pois soube ser simpático e experiente com a sua amada, trabalhando bem o sentimento de casal novo. Luiza Mariani deu um show como Clarisse, trazendo personalidade, cantando bastante, e incrivelmente dando de uma forma excessiva que a personagem pedia, um ar forte e bem trabalhado. E para fecha tivemos o sempre bom Julio Andrade com seu Daniel cheio de trejeitos intrínsecos bem desenvolvidos para realçar tanto a vida do casal com problemas, como a de cantor romântico de barzinhos, ou seja, bem interessante de ver também.
No conceito artístico, o longa praticamente todo tem o charme do apartamento sendo desconstruído com o fim de um casamento, e moldado pelo outro nascendo, ainda com plástico bolha e tudo mais, além de cenas bem interessantes de mudança dos casais na rua, com passagens bem sacadas em que tudo se encontra maravilhosamente. Além disso o clássico toca discos antigo moldando os ares de fita das duas épocas, passando no tempo antigo algumas chamadas da TV da época bem colocadas. A fotografia brincou com luzes de contra envolvendo os personagens e dando um clima bem doce para a trama.
Como costumeiramente acontece em longas nacionais, temos um filme musical, com uma trilha sensacional, que faz parte completamente da trama, mas não liberam as canções para o público em lugar algum, ou seja, só quem for conferir irá poder ouvir as ótimas escolhas que Maria Gadú fez como diretora musical do longa.
Enfim, um longa bem trabalhado, envolvente e que consegue transmitir sentimentos principalmente pela boa trilha, então com certeza vale a recomendação para casais e também para quem gosta de bons filmes românticos, com um tom clássico agradável. E sendo assim fica a dica para todos. Bem é isso pessoal, fico por aqui agora, mas já vou para mais um longa, então abraços e até logo mais.
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