Quem for assistir "Amigos Para Sempre" esperando chorar horrores e se emocionar sem fim como ocorreu com "Intocáveis" certamente irá se decepcionar, porém posso dizer que não temos um longa ruim não, muito pelo contrário, com uma versão levemente diferente do original francês, adaptando para algo mais real e americano, o resultado conseguiu ser leve e gostoso de acompanhar, trabalhando bem as boas expressividades dos atores, criando um estilo bem próprio, e o melhor, mantendo a essência de amizade no ar, o que é algo raro de ver em uma trama bem feita. Ou seja, usando de base a história original, transportaram ela para algo mais vivenciado nos EUA, e conseguiram deixar o longa bem gostoso de acompanhar, com um humor leve sem ser forçado, e tendo uma boa divisão dos papeis para conhecermos até um pouco mais da vida do cuidador, e não apenas do cuidado, como foi no original. Diria que o resultado foi bom, nada de muito impressionante, mas gostoso de conferir, valendo o tempo de sessão.
O longa nos mostra que Philip é um homem rico que fica tetraplégico, após sofrer um acidente. A situação o deixa desgostoso com a vida, já que está sempre rodeado de enfermeiros e pessoas para ajudá-lo. Até que um dia, durante a seleção de um assistente, ele simpatiza com Dell, um jovem com registro criminal que não tem a menor experiência na função. Philip decide contratá-lo e, ao seu lado, reencontra o prazer pela vida.
O diretor Neil Burger é mais costumeiramente visto fazendo grandes longas de ação, e ao assumir essa refilmagem de um grande drama francês muitos ficaram com o pé atrás da forma que ele iria entregar, mas posso dizer após conferir que ele soube dosar as situações para que o longa soasse divertido, emocionante e gostoso, não forçando a barra em momento algum, e principalmente sendo bem trabalhado na interação entre os protagonistas, criando uma química simples, porém bem encaixada, de modo que vemos as situações de ambos protagonistas sem recair para o coitadismo, e isso é o que mais agrada, pois certamente tudo o que ocorre poderia recair para um lado de pena para cada ato, mas foram singelos e bem colocados, e principalmente emocionando sem forçar muito a barra, que certamente caso montassem algo diferente do tradicional francês levaria muitos às lágrimas, o que não ocorre aqui. Ou seja, conseguiram deixar o longa com a cara deles, usando de base uma trama que já era boa, e isso é raro de ver, pois ou copiam e estragam, ou mudam coisas demais a ponto de perder o elo e desandar também, o que felizmente não ocorreu.
Quanto das atuações, sei que muitos irão ver o longa esperando todo o ar dramático e o carisma de Omar Sy, que deu um tom incrível para o original e chega a ser até engraçado vermos também um ator que é um comediante fazendo drama, e ousando pegar esse papel que foi de um monstro do cinema, mas Kevin Hart simplesmente foi muito bem colocado como Dell, entregando personalidade, trabalhando carisma e criando uma versatilidade que nem parecia existir nele, pois sempre víamos ele como aquele cara extrovertido, barulhento e tudo mais, mas conseguiu mostrar algo marcante bem moldado e que chama atenção. Outro ponto que foi muito interessante de ver foi Bryan Cranston saindo completamente de sua personalidade que muitos viram durante anos com "Breaking Bad", e mostrando ares bem fortes para seu Philip, criando virtudes e claro rancores comuns do personagem, entregando algo bem bacana de ver com trejeitos marcados. Nicole Kidman não foi muito aproveitada com sua Yvonne, mas entregou graciosidade e soube colocar as dinâmicas certas nos momentos certos, trabalhando um carisma até que razoável para a personagem, mas como sempre esperamos muito dela, o resultado ficou um pouco abaixo. Quanto aos demais, tivemos boas conexões rápidas com pouquíssimos, entregando uma aparição aqui, um momento mais marcante ali, sendo apenas importante destacar o jeito falho que Julianna Margulies acabou ficando com sua Lilly, de modo que pareceu meio estranha com o papel, mas de resto tudo seguiu como o original.
Outro ponto que mudou bastante, mas acredito que deu um ar menos pesado, foi o conceito artístico entregue no longa americano, que mesmo mostrando Philip como alguém muito rico, a trama conseguiu deixar o ambiente menos pesado de ornamentos caríssimos, dando sim um ar luxuoso para o apartamento dele, mas trabalhando com símbolos mais comuns e ousados, além disso, conseguiram dar uma boa trabalhada no lado de Dell, mostrando o envolvimento com a família, os ares da periferia, e sua vontade de fazer com que o filho saísse dali, além claro da boa simbologia escolhida para os momentos finais, que deram um tom além do tradicional, ou seja, foram bem concisos, e sem exageram na arte, conseguiram mostrar algo bacana. A fotografia também não pesou muito a mão, dando ares mais extrovertidos e coloridos para deixar a densidade dramática menos forte, e embora seja um acerto para que o longa não ficasse tão emotivo como foi o francês, acabaram deixando leve demais para um drama, o que é um pequeno problema.
Enfim, usaram a velha história do copia, mas não faz igual, que usando da ideia original deram uma trabalhada para que tivesse a mesma sensibilidade, mas não ficasse uma cópia apenas mudando os atores, ou seja, quem for conferir esperando ver o mesmo filme certamente irá sair bem desapontado, mas aqueles que forem prontos para algo novo, envolvente e divertido, com toda certeza sairá da sessão feliz com o resultado. Como bem sabemos, os americanos, assim como muitos brasileiros, não gostam de filmes legendados, então quando veem um bom filme europeu/latino geralmente compram os direitos e vão lá fazer a sua versão, e o resultado geralmente costuma decepcionar quem vai muito empolgado esperando ver algo semelhante, mas aqui ao menos fizeram um bom trabalho que vai agradar quem gostar de um bom filme, mesmo que não emocione tanto como o francês. E assim sendo, fica minha recomendação. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje já encerrando a semana das estreias no cinema, mas volto ainda nessa semana com mais alguns filmes na Netflix, então abraços e até logo mais.
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