Muitas vezes nos vemos pensando alto sobre os contínuos recomeços de uma franquia, reclamamos de tal personagem agora não ser tão legal com determinado ator como era com outro, falamos que seu uniforme ficou descaracterizado, e por aí vai, mas o que o público dos cinemas se esquecem é que nos quadrinhos temos vários universos paralelos do mesmo personagem rodando em conjunto, de modo que vemos um personagem de um jeito numa revista, na outra ele tá completamente diferente, e assim o público das HQs estão completamente acostumados com alguns personagens que são vistos em inúmeros formatos diferentes, e um deles é o amigão da vizinhança que nos cinemas já vimos três versões bem diferentes, e que costumeiramente sempre veremos alguém reclamando de alguma delas. Pois bem, eis que resolveram nos mostrar todos os imaginados (ou uma grande parte deles) em "Homem-Aranha no Aranhaverso", brincando com realidades paralelas, universos diferentes, e até sacando alguns bem semelhantes como no caso dos Peter Parker's, de modo que tudo foi muito bem sacado, interpretações nas medidas (felizmente veio versão legendada para podermos nos divertir com o original!!), boas dinâmicas com muita ação, mas principalmente o que mais chama atenção no longa sem dúvida alguma é a técnica usada de animação, que fez com que o público praticamente visse uma história em quadrinhos gigante animada em diversos frames, trabalhando e usando o 3D principalmente para dar textura aos desenhos feitos à mão/computação bidimensional, ou seja, algo que dificilmente seria formatado antigamente, e que empolga demais junto com toda a história bem encaixada cheia dos principais vilões, e claro nos introduz alguns Aranhas que não conhecíamos, dando força principalmente para Miles Morales, que foi sabiamente bem trabalhado, ou seja, um filmaço que vale a pena a conferida e a diversão será garantida para quem gosta de HQs.
O longa nos mostra que Miles Morales é um jovem negro do Brooklyn que se tornou o Homem-Aranha inspirado no legado de Peter Parker, já falecido. Entretanto, ao visitar o túmulo de seu ídolo em uma noite chuvosa, ele é surpreendido com a presença do próprio Peter, vestindo o traje do herói aracnídeo sob um sobretudo. A surpresa fica ainda maior quando Miles descobre que ele veio de uma dimensão paralela, assim como outras versões do Homem-Aranha.
A grande sacada dos diretores Bob Persichetti, Peter Ramsey e Rodney Rothman foi não ligar para coisas irreais, o que acaba acontecendo muito em filmes com atores, pois geralmente vem as famosas brigas de Física, teorias que isso não aconteceria, e todo aquele blábláblá, e aqui com a animação pegaram e se deixaram florear criando tudo com muita desenvoltura, diversas pegadas cômicas bem encaixadas, e mesmo com tantos personagens (sim, vemos a história de cada um dos protagonistas retratada quase que completamente - de forma acelerada com tudo o que aconteceu até chegar ali!) conseguiram entregar uma dinâmica bem coesa, participativa entre todos, mas principalmente trabalharam bem o protagonismo de Miles Morales, deixando que sua história por ser a que mais podem trabalhar ainda (afinal conhecemos praticamente nada, e os universos estranhos como o japonês, o noir e o abstrato com o porco são ideias meio absurdas de seguirem pra frente) ficasse bem evidente e interessante de ser contada. Ou seja, vamos conhecer bem o Brooklyn, os personagens atuais dali, a família do jovem, e até claro as situações que ocorreram por ali, agradando bastante, e sempre deixando aberto momentos para que tanto piadas fortes quanto emoções avantajadas acontecessem de forma bem contundente e sacada para que os atos funcionassem.
Sobre os personagens e seus intérpretes, foi muito bacana ver a versão legendada para ouvir vozes conhecidas que se encaixaram muito bem na produção (pretendo ver a dublada para ver se ficou interessante também, mas aqui vou falar dos originais hoje!), mas mais do que apenas vozes bem entonadas para cada personagem, o resultado da animação ficou a cargo das características que conseguiram colocar para cada um, e isso realmente foi um show de ver. Para começar, Miles é um garoto que é completamente envolto nas artes, e sua dinâmica é bem colocada para os momentos de grafite, as canções, e até mesmo trabalhando bem nos estudos acaba agradando pelo envolvimento familiar, e o ator Shameik Moore conseguiu dar uma jovialidade bem bacana nos trejeitos de sua voz, agradando bastante cada ato seu. O tio do jovem Aaron também teve uma personalidade forte, grandes sacadas no olhar, um desenvolvimento oportuno, e claro uma grandiosa surpresa mais para o miolo, e o grande ator Mahershala Ali entregou um tom que é completamente sua cara, com pausas respiratórias fortes, e muita sagacidade para que o personagem fosse bem marcante. Cris Pine como de praxe deu um show com as vozes dos dois Peter Parker, mas mudando trejeitos de acordo com o momento, e se no primeiro ato tivemos um Aranha cheio de desenvoltura, brigando muito, mas cansado, num segundo ato temos um personagem cheio de rancor por tudo o que aconteceu, barrigudo, com um tom amargurado e muito bem marcado, o que acaba sendo até engraçado de ver. Tivemos também uma ótima Gwen Stacy, cheia de personalidade, gingado e muita desenvoltura para que ficasse marcada como uma Aranha feminina da melhor qualidade para que as garotas também curtissem o longa, e Hailee Steinfeld (será que está com problemas financeiros pela quantidade de filme que anda fazendo?) deu um tom nos trejeitos bem gostoso de ouvir e envolvendo bastante. E claro que chegamos no Aranha noir (ou preto e branco como muitos irão chamar), que teve um tom muito engraçado pelas dinâmicas que entrega, e claro que para um clássico herói tivemos um ator clássico também dublando, e Nicolas Cage empresta sua voz, coloca timbres completamente conhecidos e agrada muito no que faz. As duas demais versões do Aranha são as mais estranhas, que são um porco falante com toda a personalidade de Guaguinho do Looney Tunes, porém fantasiado de Aranha, que soa bizarro no que faz, mas até que diverte, e claro a versão japonesa no melhor estilo dos animes, com um robô imenso aracnídeo que é controlado por uma garotinha, que certamente foi usado mais para vender pelo lado oriental o longa. Os vilões foram também muito fortes e interessantes, com o Rei do Crime dominando a cidade, e usando de sua força e inteligência para fazer o mal de forma bem impactante em diversas cenas, tivemos o Scorpion em alguns momentos, o Gatuno, o Duende Verde e até uma Doutora Ock (a versão feminina do Doutor Octavius que tanto conhecemos), ou seja, para quem reclamou que no filme live-action da versão do Garfield tiveram muitos vilões, aqui vão achar até exagero, mas todos tiveram momentos razoáveis e bem trabalhados. E claro tivemos a devida homenagem para Stan Lee tanto nos escritos, quanto um bom personagem para ele na animação de forma bem coerente de aparecer. O policial pai do garoto também foi bem trabalhado e colocaram bons momentos caricatos e cheios de virtudes para mostrar boas atitudes, o que chama a atenção para o realce família do longa. Tivemos claro também uma Tia May bem tecnológica, cheia de desenvoltura no melhor estilo de um Alfred para o Batman, e isso chamou bem a atenção.
No conceito artístico, a produção foi muito bem desenhada, cheio de onomatopeias passeando pela tela (diversas traduzidas para nosso idioma para dar aquele charme tradicional que gostamos de ver, e muito se tem usado), traços fortes e bem coloridos para realçar os personagens na tela, e claro muitos efeitos estroboscópicos para bagunçar as mudanças de realidades/planos/universos, o que brincaram também nas cenografias mudando de um mundo para o outro. Além disso brincaram bastante com os formatos das revistas HQs, que são disformes, com quadros quebrados para todos os lados, e assim como disse no começo fizeram uma HQ completa na telona. A fotografia teve ousadia para trabalhar com muitas cores, tons escuros e densos, outros mais realçados, mas sempre mantendo a personalidade dos protagonistas. Quanto do 3D do filme, diria que é bem desnecessário, tendo raros momentos em que temos uma perspectiva de profundidade cênica, mas nada que chamasse muito a atenção, de modo que usaram mais a tecnologia para dar contornos e tirar o desenho de um plano bidimensional das HQs, para algo mais movimentado apenas, então quem quiser economizar, provavelmente não fará nenhuma diferença.
O longa contou também com uma trilha bem interessante, divertida, cheia de canções bem colocadas para ditar o ritmo e dar volume para o filme, e claro que não poderia deixar de colocar ela aqui para todos ouvirem, então segue o link.
Enfim, o longa tem sido elogiado por todos os lados possíveis, tem ganhado diversas premiações, e é bem fácil entender toda essa desenvoltura, pois conseguiram entregar algo que saiu do comum de uma animação simples, que funciona como uma HQ realmente deva ser mostrada, e principalmente por divertir a todos de uma maneira consciente e interessante, como é a personalidade do Aranha, sendo assim a melhor versão que já vimos dos filmes do personagem. Claro tem alguns momentos que poderiam ser melhores, outros estranhos demais, o 3D poderia ser mais impactante, mas acabamos dançando tanto com a trilha, vibrando tanto com as lutas, rindo demais com os personagens, que acabamos saindo da sessão após esperar muito tempo pela ótima cena divertida pós crédito (FIQUEM NA SALA!), recomendando para todos irem conferir, e por detalhes apenas não darei minha nota máxima raspando um 9,5 que irei arredondar para baixo para ser honesto com o que vi. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais um texto, então abraços e até logo mais.
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