É interessante observarmos que quando achamos que um gênero está indo para a vala, ressurgem bons exemplares capazes de trazer a esperança para os fãs do estilo acreditarem que bons longas vindouros acabarão surgindo, e se tem uma dupla que gosta de Faroeste são os Irmãos Joel e Ethan Coen, que agora nos trazem 6 histórias desconectadas entre si, mas que em sua base trabalham bem a essência e todos os possíveis clichês do formato, e isso não é algo ruim, pois com uma belíssima direção de arte e uma fotografia incrível, o resultado acaba impressionando e envolvendo o público, ao menos em cinco das histórias.
A primeira história, "A Balada de Buster Scruggs", nos apresenta Buster Scruggs com suas canções desaforadas, duelos impressionantes, jogos de baralho, sallons, e tudo desse estilo mais balanceado, aonde Tim Blake Nelson como o protagonista consegue entregar personalidade, ter bons olhares e dinâmicas, e agradar de tal forma surpreendente que certamente se o longa o mantivesse durante toda a exibição cantando nas demais histórias, iríamos assistir tranquilamente e adorá-lo mais ainda, mas como não era essa a proposta, sua história abre bem o longa, e o resultado surpreende.
A segunda história, "Perto de Algodones", entrega os tradicionais assaltos à bancos, os ataques indígenas violentíssimos aos bandos, e também uma das mais comuns punições da época: a forca, aonde James Franco consegue trabalhar do seu jeitão meio forçado, e claro, deixa para a cena final, uma piada muito bem ousada e sacada, de modo que por ser a história mais curta da trama é simples e efetiva, de modo que é bem capaz de esquecermos ela rapidamente também.
A terceira e extremamente cansativa parte vem com "Vale Refeição", aonde um jovem sem pernas nem braços, interpretado com muita eloquência por Harry Melling, é carregado de vila a vila por Liam Neeson como seu empresário, contando sempre a mesma e enfadonha história que não acaba nunca, e todos os espectadores ficam ouvindo cansativamente, e isso é repetido umas milhões de vezes (brincadeira, deve ser umas 6-7, mas pareceu uma eternidade), até ter um final bem genial, mas que para chegar nele, raspou de dormirmos.
O quarto trecho vem com "O Cânion de Ouro", uma história também um pouco alongada, mas que entrega uma cenografia maravilhosa, aonde Tom Waits busca encontrar sua grande pedra de ouro através de cálculos bem interessantes, e o ator foi muito preciso nas cenas ao ponto de nos cativar a seguir junto com ele, e o carisma entregado para cada momento ali.
Na quinta parte, chamada "A Garota Que Ficou Nervosa", temos desde um início com as famosas refeições em pousadas aonde todos praticamente só brigavam pela comida falando sobre assuntos sem muito nexo, para na sequência irmos para uma grandiosa caravana atravessando todo o Oeste, com claro muitas cavalgadas, romances, animais bonitinhos e chatos, intempéries, e claro, índios atacando em conflito, aonde Zoe Kazan foi muito serena com sua Alice, Bill Heck trabalhou bem seu Billy Knapp, e Grainger Hines fez um Sr. Arthur impactante e bem coeso na última cena.
E para fechar, a sexta parte nos entrega uma história bem densa com duas premissas fortes e que podemos pensar por muitos ângulos, chamada de "Restos Mortais", temos as conversas sobre mortos, os caçadores de recompensa, os estrangeiros juntos em carruagens, e muita filosofia e religião pensada em poucos momentos por Jonjo O'Neil, Bendan Gleeson, Saul Rubinek, Tyne Daly e Chelcie Ross, com todos muito bem expressivos nos seus atos de modo que a história mesmo sendo reflexiva consegue nos prender e envolver para todas as ideias que os Coen desejavam mostrar em todos os trechos.
Enfim, falei um pouco de cada ato, mas de certa forma é um longa mais bonito pela essência e pelo visual, do que pela história em si, mas que mostra bem o estilo dos Coen que tanto vimos em "Bravura Indômita" e "Onde Os Fracos Não Tem Vez", de modo que mesmo quase dormindo na terceira parte, reacordamos e saímos ao final com um bom resultado. E sendo assim até recomendo bem a trama para quem gosta desse estilo western. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.
PS: as notas individuais seriam, 9, 8, 2, 7, 7, 9, que na média dá 7, então essa é a nota final do longa.
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