Se tem um distúrbio que muito ouvimos falar é a tal da paralisia do sono, e claro que muitos longas de terror gostam de trabalhar a ideia, cada um de sua maneira, para causar conflito na mente do público e claro discutir um pouco mais sobre como demônios podem te dominar nesse momento, ou seja, para tudo existe um demônio, e o da vez agora é o do sono (que mais para o final do longa entendemos que ele deveria ter outro nome, mas não vou colocar aqui para não dar spoiler!). Trabalhando bem essa temática, o longa "Mara - O Demônio do Sono", (aliás gostaria de saber quem resolveu batizar ele de Mara, que no longa não nos falam!) conseguiu envolver bem a trama, colocar o desespero dos protagonistas num ponto bem forte, e principalmente causar estranhamento e sustos (muitos gratuitos, que só toma quem quiser!) nos espectadores, e embora soe um pouco forçado, a trama consegue ser interessante de acompanhar com o mote principal, ou seja, o resultado final não é dos piores, e até dá para encontrar uma boa diversão para quem gosta do gênero. Claro que muitos vão falar que falhou em diversas perspectivas, que o monstro é bizarro demais, que os sustos são desnecessários, que o suspense não foi bem fundamentado, mas como costumo falar, se um longa de terror for tentar agradar todos os estilos que o público gosta de ver, é capaz de nem mesmo o diretor entender o final que vai acabar colocando, e sendo assim, aqui ao menos agrada bem em um dos estilos, que é o de assustar em cima de um tema usando um monstro/entidade estranho.
O longa nos mostra que uma psicóloga criminal investiga o assassinato de um homem que, aparentemente, morreu estrangulado enquanto dormia e descobre a lenda de um terrível demônio que mata as pessoas durante o sono. Agora ela precisa salvar a própria vida e dos demais antes de dormir novamente.
Em seu primeiro longa Clive Tonge soube trabalhar algo que muitos diretores de terror costumam deixar de lado, que é a expressão de medo dos protagonistas, e aqui vemos todas as mudanças de trejeitos da protagonista, que inicialmente duvida do que está vendo, depois fica curiosa, passa a ter receio, entra no medo, e a loucura passa a dominar sua cabeça, e essa é a melhor forma para que o público acredite em algo que tenta ser mostrado. Claro que muito se fala sobre a tal paralisia do sono, diversas pesquisas já foram feitas, mas como bem sabemos o estudo da cabeça pelos neurologistas ainda é algo muito difícil de ser 100% entendido, e aí entrou outro grande acerto do longa, a dúvida médica em o que está acontecendo realmente, ou seja, o diretor conseguiu numa tacada só brincar com o tema deixando a pulga nas orelhas dos espectadores, acertando no estilo, e causando o terror. Só diria que ele não foi incrível por não ter trabalhado tanto a tensão, pois assistimos o filme tranquilamente, levando sim alguns sustos forçados, mas não passamos a roer as unhas ou grudar na televisão para ver tudo o que venha nos ser mostrado, e se tivesse feito isso, seria daqueles filmes que iríamos ter certamente um medinho para dormir.
Outro grande acerto pela produção foi a escolha de Olga Kurylenko como protagonista, pois mesmo já não sendo tão jovem, a artista possui um rosto bem jovial e sabe encaixar perfeitamente boas dinâmicas em seus atos, e conseguiu com primor trabalhar cada momento do filme com sua Kate, encaixando personalidade, e principalmente fazendo com que o público acreditasse no que estava sentindo/vendo, ou seja, foi muito bem no que fez. Craig Conway botou toda a sua loucura para jogo com seu Dougie, mas funcionando bem sendo aquele personagem que nos explica toda a história, e o melhor de tudo é que ele como um personagem forte acabou nos impondo tudo, o que é bem interessante de ver pelo seu poder de entrega. Sempre que vou conferir o monstro protagonista dos filmes de terror, a novidade é quase nenhuma, pois geralmente é Javier Botet quem entrega com muita personalidade e altos contorcionismos para assustar e causar estranhamento no público, e aqui ele atacou de Mara com um visual bem forte e bizarro, que ao menos cria uma leve tensão ao ficarmos olhando para o ser. Dentre os demais, tivemos boas cenas com a mãe surtada interpretada por Rosie Fellner, a garotinha triste bem colocada por Mackenzie Imsand, mas quem acabou se destacando pela incredulidade foram o policial vivido Lance E. Nichols e o médico Mitch Eakins, pois ambos não acreditando na entidade foram testados e se mantiveram firmes, o que é raro de ver em um terror.
No conceito visual, a trama se desenrola bem com objetos cênicos sendo quebrados, cortinas voando, uma boa maquiagem para a entidade, e claro para os olhos de todos os personagens, mas sem dúvida alguma a grande cenografia ficou a cargo da cena dentro da casa de Dougie, pois lá nos foi mostrado toda a história da entidade, a protagonista monta a linha temporal para entendermos, e usando muitos recortes, pinturas e tudo mais a equipe de arte deu um show para que o filme tivesse suas explicações. Infelizmente a fotografia brincou com a famosa utilização de cenas escuras para pegar o público desprevenido, e isso é um clichê tão grande de longas de terror, que as vezes até funciona bem, mas aqui já praticamente ficamos preparados para todos os momentos, e sendo assim, o resultado dos tons falhou um pouco.
Enfim, é um longa interessante pelo conceito, que trabalha bem a situação, mas que não impacta como poderia, assustando bem levemente e causando um certo estranhamento, o que certamente com uma tensão mais bem moldada faria o público pular da cadeira a cada minuto do longa. Sendo assim, até recomendo ele para quem gosta de um terror tradicional de espíritos/entidades, com um leve suspense por trás de tudo, mas não garanto que a maioria vá gostar do que verá. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.
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