Histórias reais quando bem contadas, trabalhando bem o visual, colocando um ator para sofrer e transmitir o sofrimento de forma coesa e bem trabalhada para o público, e entregando uma história verossímil de acreditar, acabam resultando em longas que prendem os espectadores e resultam em tramas interessantes de conferir aonde quer que seja, e de cara pelo trailer de "Solo" já vemos muito a semelhança do filme com "127 Horas", mas ao conferir vemos que ele também possui alguns momentos que nos conectam à "Águas Rasas", ou seja, embora o filme conte uma história real que aconteceu em Setembro/2014, vemos muitas conexões com outros longas baseados em fatos reais, de forma que podemos concluir que em momentos de desespero praticamente todos fazem loucuras, deliram pensando em tudo que já fizeram de errado, e principalmente tentam sobreviver mesmo pensando em dar fim a vida de uma forma mais rápida. Diria que a diferença do longa espanhol para os outros que citei é mais pelo lado da simplicidade efetiva, e pelo protagonista não ser alguém tão famoso que acabou forçando um pouco o sofrimento, ao contrário dos outros que se entregaram mais, pois de resto, foi quase como rever os outros dois que foram bem bons, e aqui o resultado também foi bem agradável.
O longa nos mostra que numa área remota das Ilhas Canárias, um surfista cai de um penhasco, e lutando pela sobrevivência, ele acaba refletindo sobre a vida e o amor do passado.
A grande sacada aqui feita pelo diretor Hugo Stuven foi trabalhar a cenografia, dar altos voos com drones, utilizar muitas câmeras aquáticas, e com isso praticamente nos colocar junto do personagem principal que é um solitário imenso, cujo o nome real é Álvaro Vizcaíno, trabalhando com o ator todos os seus erros do passado, e claro suas angústias ali no seu momento de quase-morte no meio do nada. Diria que ele foi bem efetivo no que tentou entregar, e com uma tecnologia bem colocada, o resultado surpreende pelas ótimas imagens, mas talvez tenha faltado um pouco mais de ensaios e/ou trabalho de vivência com o protagonista para que ele soubesse passar o sentimento real do personagem naquela situação, e com isso entregasse algo mais forte nos olhares, ou seja, até temos um filme bem trabalhado, mas que falha um pouco na expressividade passada de modo levemente falso, e com isso o resultado embora bonito, também soa um pouco falso.
Como o filme é praticamente todo centrado no protagonista, Alain Hernández precisou incorporar bem a personalidade solitária de Álvaro, e ir entregando cada ato com muita sintonia, entrando em desespero nos momentos certos, jogando olhares para fora, e botando pra jogo algo que é muito difícil de fazer, que é variar a mente para não forçar ao exagero o desespero de estar sozinho, e infelizmente foi nisso que ele pecou um pouco, afinal como bem sabemos para gravar um longa o ator está rodeado de uma tonelada de pessoas da equipe, e aqui certamente se largassem as câmeras bem posicionadas, e o ator se virando sozinho realmente, o resultado seria bem diferente, mas longe do ator ter sido 100% ruim, diria que ele foi interessante ao menos na maior parte do tempo. Dentre os demais, tivemos muitas cenas para tentarmos reconhecer a paixão do protagonista por Ona, vivida pela belíssima Aura Garrido, que no que precisava fez bem, que era mostrar sua sensualidade e chamar a atenção quando precisou, e tivemos leves momentos bem encaixados para mostrar a amizade do protagonista com Nelo, vivido por Ben Temple, mas que precisaria de mais tempo para desenvolver o papel, e sendo assim soou bem fraco.
No conceito artístico, a produção encontrou um lugar paradisíaco para filmar o longa, ou montaram piscinas perfeitas pela cor da água, pois os resultados das imagens ficaram incríveis de ver, tendo objetos cênicos bem entregues para que os atos acontecessem de forma bem interessante, as captações aéreas deram um tom bem colocado, ou seja, um trabalho bem minucioso da equipe de arte, que acertou em cheio. A fotografia deixou tudo com tons bem claros, puxando um ou outro momento para tons mais escuros dando uma leve tensão para a dor do protagonista, mas ao optar pelo molde mais claro, o filme ficou menos agressivo, e assim sendo o resultado cansou menos do que poderia ocorrer.
Enfim, é um filme bem feito, que poderia ter ido muito além, caso desejassem trabalhar mais a personalidade do protagonista, e claro, como disse da interpretação talvez deixado o ator mais sozinho para conviver com o desespero realmente, pois não teria forçado tanto. Ou seja, é um longa que consegue passar bem sua mensagem, e agrada de certa forma, mas que falha aonde não poderia falhar em um filme desse estilo, que foi na atuação, e sendo assim, muitos irão se desconectar facilmente da tensão, e ao invés de sentir toda a dor e o desespero que certamente Álvaro teve, muitos irão ficar com sono no desenrolar da trama. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais um texto, então abraços e até logo mais.
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