Já disse algumas vezes que os americanos raramente acertam a mão em dramas cômicos, as famosas dramédias, pois costumam entregar o tema mais para algo deprê do que para algo que divirta e emocione, e é exatamente isso o que ocorre em "A Última Gargalhada", pois o filme tenta mostrar a amizade entre dois senhores, que já trabalharam juntos há 50 anos, um como agente, outro como comediante, mas que não vingaram (ao menos juntos), e que resolvem fazer uma turnê em formato de road-movie para que o humorista stand-up volte a pegar jeito nas piadas para se apresentar num grande show. Até aí a ideia seria boa, mas é claro que vão colocar as pitadas de doenças, dos filhos e netos, do amor na terceira idade, e por que não colocar também drogas, e tudo mais, ou seja, completar tudo, mas isso não é o problema do filme, mas sim a falta de um ritmo que empolgasse e cativasse o público, parecendo que vamos ver algo que vai acabar bobo, ou sequer acabar, e a trama pedia algo a mais, que não nos é entregue, ficando somente em algo bonitinho para quem desejar perder um tempinho na Netflix, vendo algo leve até demais.
O longa nos mostra que o agente de talentos aposentado, Al Hart se reencontra com o seu primeiro cliente, Buddy Green – um humorista que deixou o show business 50 anos atrás. Ele o convence a fugir da casa de repouso, e os dois caem na estrada para uma turnê de comédia por todo o país.
É engraçado que se esse mesmo tema caísse nas mãos de um diretor francês teríamos algo memorável que certamente iria fazer todos chorarem ao final, e durante toda a história iríamos rir sem parar, mas o que Greg Pritikin acabou desenhando aqui foi apenas algo singelo e envolvente, que falta tanto com boas piadas para o público rir, quanto com algo comovente que emocionasse, de forma que mesmo ao descobrirmos a doença, acabamos ficando sem muita expressão e o resultado soa comum demais. Claro que tivemos 5 minutos de loucura e muita bizarrice por conta de alguns cogumelos, mas a sintonia geral do longa é bem tradicional e não empolga como poderia. Diria que o diretor quis fazer algum tipo de homenagem para algum comediante stand-up, e não declarou isso, pois faltou muito para ser um longa realmente fora do comum.
Sobre as atuações, diria que a dupla Chevy Chase e Richard Dreyfuss estava bem afiada, com uma química bem conectada, de modo que realmente pareciam amigos de longa data em praticamente todas as cenas, mas ambos foram sutis demais na comicidade que poderiam entregar, e mesmo Dreyfuss transformou seu Buddy num comediante de stand-up bem leve, com piadas simples e coloquiais, tendo apenas um momento de provocação bem interessante, e sabemos bem que esse estilo embora os americanos gostem muito, hoje já não funciona tão bem se não for mais impactante. Chase também deu um ar muito calmo para seu Al, de modo que um agente de estrelas não é assim tão calminho, geralmente produzindo e atacando com um grande cunho, envolvendo a todos para que seu artista tenha mais e mais resultados para se apresentar, mas ao menos sua última cena junto do comediante famoso foi incrível e mostrou um bom tom na sua resposta. Quanto aos demais, diria que foram simples para conectar apenas cada ato com os protagonistas, tendo apenas um leve destaque para Andie MacDowell com sua Doris.
A grande sacada aqui ficou por trabalhar bem o estilo road-movie, que fez com que a direção de arte passeasse por diversos bares e casas de shows pelo país inteiro, mostrando detalhes e até colocando leves preconceitos por características das regiões, azucrinando os cowboys, os orientais, os negros, e por aí vai, coisa bem típica de comediantes stand-up, e com isso a equipe brincou com os figurinos e os estilos dos hoteis, das casas, e assim o resultado visual acabou até que bem interessante.
Enfim, é um longa bem básico que até poderia divertir e emocionar mais caso quisessem, mas que optou por uma forma light de entrega, e resultou com simplicidade em algo que soou bonitinho ao menos. Não diria que recomendo ele, mas também não coloco ele como algo que falhou e deva ser apagado. Quem sabe mais para a frente alguém pegue a história e melhore ela. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.
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