Já ouviram aquele ditado que sozinho nem um santo faz milagre, e ele preenche completamente o que vemos em "O Peso do Passado", aonde temos uma montagem muito maluca correndo em três tempos diferentes (dois que confundem muito!!!), aonde a protagonista Nicole Kidman completamente irreconhecível tenta conseguir segurar toda a barra da trama indo pra cima de tudo e todos numa busca incessante por vingança de algo que aconteceu no seu passado, que vamos vendo de forma bem picada também, ou seja, não conseguimos pegar logo de cara tudo o que aconteceu em nenhum dos três atos, pois eles andam quase que paralelos, se interligando para um final bem surpreendente, mas como não temos destaques secundários, e não conseguimos de cara ir entendendo a pegada do filme, por diversos momentos parece que o filme não vai ter fim nunca, e a situação acaba ficando cada vez mais pesada, ou seja, a trama parece não nos conquistar para ficarmos bem presos. E sendo assim, parece que o longa só foi feito para destacar a protagonista para as premiações, e nada mais, e isso é algo ruim de acontecer, porém com o fechamento o resultado ao menos vem, e não ficamos tão a ver navios.
A sinopse nos conta que Erin Bell é uma detetive da polícia norte-americana que aceita participar de um plano arriscado, infiltrando-se entre bandidos para obter informações. A estratégia dá errado, gerando uma tragédia que marca a sua vida para sempre. Anos mais tarde, ela reencontra pistas da gangue de antigamente, e volta a perseguir os responsáveis por seu drama pessoal.
A diretora Karyn Kusama possui um estilo digamos excêntrico de filmes, e embora tenha andado um pouco sumida das telonas, quem não lembra de "Garota Infernal" e "Æon Flux", que davam muita personalidade para as protagonistas lá no começo dos anos 2000, e aqui novamente vemos a força de uma mulher, porém destroçada pelo tempo, e dessa forma pela montagem escolhida de ser dividido em três atos, mas os dois principais irem correndo lado a lado, não sabemos realmente o que aconteceu com ela, apenas sabemos que algo de muito errado rolou, e que ela leva um peso na consciência imenso, mas que na sua busca por vingança não mede esforços e vai com tudo. Dessa forma a diretora, embora tenha dependido demais da maquiagem forte na protagonista, entregou com grande feitio para que Nicole fizesse trejeitos fortes, colocasse seu íntimo a fundo, e encontrasse algo que fosse bem amargo e duro de ser posicionado, que unindo os tons escuros, o lado criminal da cidade, e todo um vértice policial meio que oculto/sem leis, ficasse quase que algo puxado para o noir, e assim sendo o resultado ficou quase que um filme de ator (ou melhor atriz!), que só não foi dessa forma pela montagem escolhida, pois se fosse linear, certamente Nicole humilharia a todos com seu ar intimidador.
Como falei, por ser quase um filme de atriz, posso afirmar com toda certeza que Nicole Kidman simplesmente veio incorporada para que sua Erin fosse daqueles personagens inesquecíveis do cinema, entregando olhares, trejeitos fortes, e claro muita força nos atos, transparecendo uma vivência incrível para que cada ato funcionasse e prendesse o espectador para saber de onde veio esse reflexo, e claro que ela também se deu por inteira para a equipe de maquiagem tirar todo o seu brilho e beleza, criando uma pessoa bem marcada pelas depressões que passou durante a vida, ou seja, foi incrível. Dentre os demais, é bacana ver a química entre a protagonista e Sebastian Stan com seu Chris no passado, mostrando uma troca sincera de olhares, que o ator deu personalidade para o papel, e certamente comoveu pelos atos feitos, Toby Kebell também foi bem impositivo nos atos de seu Silas, entregando pouco em pouquíssimas cenas, mas com uma precisão bem marcada, e Tatiana Maslany se jogou na loucura das drogas com sua Petra, e foi para o ar. Além desses que tiveram uma participação mais efetiva, também é necessário pontuar os momentos de Jade Pettyjohn com sua Shelby que merecia mais destaque como filha da protagonista, mas que ficou muito deslocada para ter apenas uma cena mais marcante, e Beau Knapp junto como seu namorado só deu ares de ser um mal elemento pelos olhares, mas nada que ficasse na marcação que a protagonista deu em cima dele.
No conceito visual, a trama brincou bem com o estilo policial, mas puxando sempre para o ar mais criminoso possível, de modo que nem vemos a protagonista como uma detetive normal, mas sim uma justiceira que faz o serviço completo com suas próprias mãos, ou seja, temos um filme bem denso visualmente, aonde os ambientes fazem mais as vezes dos objetos, e somente as notas marcadas fazem as vezes de objetos cênicos para serem usados juntamente com a cenografia completa de cada local que a equipe encontrou para abrigar os atos bem feitos. E quanto da fotografia, puxaram o tom quase que integralmente para o preto e o marrom, dando um ar noir bem marcado, que por bem pouco não oculta alguns personagens em locações demasiadamente escuras, tendo leves relances para marcar um contraluz, mas nada que realmente impressionasse.
Enfim, o longa está bem longe de ser algo ruim, mas também passa longe de algo genial, de modo que se não fosse pela brilhante interpretação da protagonista, daqui alguns dias nem lembraríamos de visto o filme, e sendo assim até recomendo bem de leve a conferida para ver uma transformação incrível de Kidman, mas que quem for conferir, enxergue bem os três atos de forma separada, e tente não se confundir com a virada final, pois ali sim é que o brilho acontecesse. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com o texto de mais uma estreia, então abraços e até logo mais.
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