É engraçado como algumas produções nacionais surgem do nada com umas propostas que você para e pensa: "é impossível alguém pensar nisso" ou ainda "não tem como uma cidade dessa ter dessas coisas", principalmente por ter ido muito na infância passar as férias nessa praia, mas dando uma leve pesquisada ao chegar em casa, realmente Peruíbe é a capital nacional dos discos voadores, com diversos casos de abdução, ou seja, fizeram uma pesquisa maior que a minha e criaram um longa mostrando um caso bem maluco, mas que moldado da forma que foi acaba até sendo bem interessante e possível de se imaginar. Até aí tudo bem, termos uma boa pesquisa, e criado uma possibilidade de argumento forte para um filme, mas aí é que entra o maior problema de "A Pedra da Serpente": o amadorismo no estilo, que fez um longa curto de apenas 75 minutos, mas que contém uma abertura, diversas vezes a mesma cena apresentada, e ainda por ser capitular, entregou praticamente a mesma história vista de alguns ângulos diferentes, e sem criar muitas perspectivas para avançar, a simplicidade acabou deixando o filme raso demais, pois merecia algo muito mais elaborado com tudo o que poderia entregar. Ou seja, não digo que seja algo ruim, muito pelo contrário, das ficções que apareceram no Projeta às Sete do Cinemark, com toda certeza essa foi a que mais entreteve esse Coelho, e se pensarem em trabalhar mais a ideia do filme, certamente podem entregar em breve algo digno de assombrar as mentes de um grandioso público, pois a ideia, volto a frisar, é muito boa!
O longa nos mostra que após ter perdido um bebê nos últimos meses de gestação, Joana tira alguns dias de férias em Peruíbe, uma pequena cidade litorânea conhecida por aparições de discos voadores. Depois de uma noite de sexo casual com um desconhecido, um homem some na cidade. Joana inicia uma estranha relação com Maria, a esposa do homem desaparecido, e se vê envolvida em uma trama sobre uma abdução alienígena.
Em seu trabalho de estreia em longas-metragens, o diretor, roteirista, produtor e editor do longa, Fernando Sanches, foi muito coerente no que desejava mostrar, trabalhando tanto na ideia da culpa ser omissa quando algo não é o problema principal, quanto para mostrar vários casos alienígenas na cidade de Peruíbe, brincando com a ideia sem precisar forçar em nada, deixando que o molde capitular se fizesse sozinho pelas essências tratadas. E dessa forma ele foi bem coerente em não querer que o filme fosse alongado, tivesse subtramas, ou saísse dum único plano gerencial, tanto que algumas cenas colocadas no filme nem seriam necessárias (como a da reunião com os clientes da agência e/ou as que aparecem a dona da agência), pois ficaram mais jogadas para mostrar uma amizade que não caberia na trama principal, servindo apenas para o filme sair de um média-metragem para um longa, mas isso não é o principal erro, como disse, o fator dele se limitar a um único caso e arredondar tudo em cima dele, o filme ficou simples demais, e sendo assim o diretor não explorou nem metade do que a trama em si poderia fluir. Ou seja, para um primeiro trabalho, podemos dizer que ele alcançou o que desejava, pois conseguiu uma distribuição nacional de seu longa, e todos os louros possíveis com uma bilheteria maior, mas certamente se pudesse dar uma dica, seria ele desenvolver mais esse mote, e criar algo mais fictício e maior em cima da cidade e suas abduções, não necessitando de entrevistas, nem nada, talvez montando algo mais investigativo do que jornalístico, que aí sim o resultado seria impressionante de ver em qualquer grande telona.
Quanto das atuações, embora exagerada demais, Claudia Campolina conseguiu passar expressividade para sua Joana, sendo bem dinâmica em alguns momentos, mas sempre que precisava demonstrar tensão, ia para o lado mais surtado e gritante, o que não é bacana de ver numa telona, aparentando um vício de atrizes de teatro quando vão para o cinema, mas isso pode ser trabalhado ainda, e ao menos não deixou que o filme desandasse nas suas cenas. Gilda Nomacce deu bastante simplicidade para sua Maria, e colocou um sofrimento cênico que chegamos a ficar com pena realmente dela ser abandonada, e isso era o necessário para a personagem, ou seja, fez bem. Dentre os demais vale positivar os trejeitos marcantes do homem misterioso feito por Ricardo Gelli, e o ar curioso do youtuber interpretado por Fabio Acorsi, e nada mais, pois os demais foram enfeites também bem exagerados, alguns até tendo mais impacto do que outros como o homem atropelado, que descobrimos depois ser importante para a mente da jovem, mas a dona da pousada soou exagerada e íntima demais, a alien parteira soou misteriosa demais, e a amiga/patroa da agência era melhor nem ter aparecido, pois forçou demais.
No conceito visual, assim como ocorre em longas universitários, a equipe de arte foi didática em escolher locações simples e efetivar tudo o que pudesse ao redor, trabalhando bem a cidade de Peruíbe de modo bem fechado, mostrando alguns pontos curiosos das abduções, como a Pedra da Serpente que dá nome ao filme, o Rio Preto aonde aconteceram muitos mistérios, e claro a praia em si, afinal para mostrar para quem não sabe, que a cidade é praiana, além disso nas casas, pousadas e festas, foram bem fechados nos ângulos para não precisar enfeitar muito de decorações de ambientes, o que resultou em um longa sem muitos detalhes, mas foram bem espertos nas cenas dos sonhos e extraterrenas usar muita luz forte para não precisar criar nada místico, e o resultado acaba agradando bastante. Os efeitos também não foram muito primorosos, mas ao menos não caíram no peculiar, ou seja, um trabalho razoavelmente bem feitinho.
Enfim, é um longa que facilmente muitos vão deixar de lado, mas que visto que a sala hoje tinha bem mais público que os últimos filmes do projeto "Projeta às Sete" do Cinemark, acredito que a sinopse e/ou o trailer tenha chamado a atenção ao menos, mas que só recomendaria ele pelo fato de mostrar algo curioso de uma cidade que eu realmente desconhecia tais fatos, e como disse, ao pesquisar vi que realmente tem um ar místico em cima do tema, pois falta um ar mais cinematográfico para servir como ficção realmente para um público maior. Sendo assim, se não tiver com nada mais para ver, pode ir que servirá para uma diversão razoável, sem muitas pretensões, do contrário, espere surgir no Canal Brasil, e ao menos de um tempo vendo por lá, pois não é algo totalmente ruim não. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, encerrando essa semana cinematográfica, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.
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