É interessante observar como alguns longas que tenho visto na Netflix acabam empolgando durante praticamente todo o filme, para no final brochar com gosto, resultando em algo que não diz em nada do que o filme inteiro se propôs, e poderia dizer que é o acaso, mas tem sido quase que algo frequente, parecendo que os diretores têm pego seus roteiros e corrido tanto para entregar um filme a tempo, que não conseguem fechar com um luxo sua história. Mas, se você gosta de algo forte, cheio de ação, aonde os personagens saem dando tiros, lutas corpo a corpo, e mantendo uma rede de conflitos bem complexa, certamente irá gostar dos 90 minutos de "Close", para talvez ficar meio que frustrado nos 4 finais, pois a ideia é boa, o desenvolvimento completamente interessante, mas o fechamento soa tão jogado que podemos achar tanta coisa sobre o filme que até esquecemos de tudo de bom que vimos, o que é uma pena, pois certamente um fechamento bem encaixado, ousando uma declaração polêmica, ou até mesmo durante o miolo não envolvendo nada com a família da protagonista, certamente teríamos algo para falar de boca cheia: "que filme incrível!", ou então vamos pensar em algo completamente absurdo (que é até possível!), mas que por não desenvolver bem e deixar aberto, acaba sendo falho demais. Não vou dar detalhes para não encaixar spoilers, mas poderiam ter ido bem melhor no fato do relacionamento, das datas, da foto, e de tudo mais para que o filme fluísse para onde tentaram, mas quem também chegar ao final com o gostinho de uma ligação maior entre as duas protagonistas, talvez fosse essa a ideia que desejavam mostrar.
O longa nos mostra que Sam é uma especialista contra-terrorismo que assume a função de proteger e cuidar de uma adolescente rica que é herdeira de uma fortuna. Em meio a uma violenta tentativa de sequestro, as duas precisam fugir e lutar por suas vidas.
Diria que o trabalho do diretor Vicky Jewson foi condizente com uma proposta de ação, com uma subtrama embutida, que empolga bastante, cria diversos vértices, mas que acaba tão rapidamente, que nem podemos dizer que o erro teria sido 100% seu, se ele não assinasse também o roteiro, pois como disse no começo até pode ser que ele tenha deixado subentendido tudo o que queria mostrar em relação às protagonistas, e isso funcionar como uma história a parte para emocionar, mas tudo ao final acontece como uma grande bola de neve atropelando todos os elos criados, e isso não é algo bom de se ver, e talvez se tivesse digamos mais 10 a 15 minutinhos, com tudo rolando, alguma deixa sendo falada mais emocionada, e não apenas como entregaram com ela no carro respirando, o resultado seria outro, e quem sabe até chamaríamos o filme de uma grande obra. Ou seja, dizer que é um filme inteiramente ruim só por esse motivo, é subjugar todo o restante que é bem interessante, mas falar que é bom também, seria intervir e tampar os olhos com uma peneira.
Sobre as interpretações, é bem interessante a personalidade e imposição de Noomi Rapace, que muitos até vão julgar sua Sam magra demais para tantas cenas fortes e violentas como uma segurança, mas quem viu seus outros filmes sabe que a atriz manda bem nas lutas corporais, e aqui entregou mais um bom papel do estilo, trabalhando trejeitos e tudo mais, o que acaba agradando bastante. Sophie Nélisse até é bonitinha, possui um perfil bem colocado para uma patricinha herdeira de uma fortuna, mas é muito fraca de expressões, nem parecendo ser a garotinha expressiva que foi em "A Menina Que Roubava Livros", de modo que sua Zoe parece jogada na trama, fazendo caras e bocas, e somente mais ao final consegue entregar alguns trejeitos melhorzinhos, mas nada que consiga salvar sua atuação. Indira Varma fez uma Rima tão seca, que foi condizente para não mostrar suas reais intenções até o final, mas poderia ter trabalhado alguns momentos melhores, para chamar a atenção e até despistar melhor, mas foi dura e sem nada para chamar a responsabilidade. Quanto aos personagens masculinos do longa, ficamos até na dúvida se foram contratados atores, ou somente figurantes, pois todos praticamente falam mensagens rápidas para as protagonistas, lutam e morrem, não tendo nada que parasse a imagem neles, ou seja, melhor nem destacar ninguém.
O conceito visual da trama foi até bem elaborado, encontrando uma mansão quase nível de bunker, cheia de travas e câmeras incríveis, mas que são facilmente quebradas com tecnologia hacker, mas principalmente o longa se passa nas ruas do Marrocos com muita pancadaria em hotéis, nos carros, e claro na própria mansão, de modo que o filme tem uma simbologia tecnológica bem colocada, mas que praticamente é esquecida para que os personagens lutem e atirem muito, ou seja, ação desmedida, quebrando tudo o que tiver pela frente. A fotografia teve um tom bem marrom, para criar tensão de ação, e também elaborar algo mais chamativo para si, mas nada muito surpreendente.
Enfim, como disse no começo é um filme que até empolga, que possui uma ideia bem alocada, mas que foi encerrado de forma grosseira, sem muitos detalhes, deixando muita coisa subentendida, o que não é bacana de acontecer em longas de ação, de modo que até pode ser que alguns vejam de uma forma diferente e se envolvam até mais com a trama, mas a maioria certamente irá reclamar do final, então fica a dica para ver sem muitas pretensões. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã já com a primeira estreia da semana nos cinemas, então abraços e até logo mais.
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