Costumo dizer que sempre temos de conferir um filme com quase nenhuma expectativa para que possamos ser surpreendidos com o resultado entregue, e geralmente quando vou preparado para ver um longa que acredito ter um enredo fraco, e que com certeza irei apedrejar, sou agraciado com obras bem desenvolvidas que costuma me agradar bastante, como acabou ocorrendo hoje com "O Menino Que Queria Ser Rei". Digo isso com muita felicidade, pois o longa aparentava ser algo bem bobinho e que não teria muitos vértices para serem explorados, mas pelo contrário, a trama conseguiu colocar em síntese a lenda de Excalibur, sendo desenvolvida para crianças, mas sem necessitar ficar infantil demais, ousando trabalhar boas batalhas, bons sentidos de amizade e outros lemas morais, e ainda encontrar uma boa desenvoltura entre personagens e efeitos computacionais, o que acabou resultando em um filme leve, com uma boa proposta, mas que pode não encantar o público num primeiro momento, pois a falta de atores conhecidos e um trailer levemente fraco, acabou deixando o filme com cara de algo extremamente feito para crianças bem pequenas, o que não é uma verdade. Ou seja, o filme está longe de ser uma obra de arte, é bem corrido para desenvolver tudo, mas que de certa maneira empolga e agrada com uma sentença bem simples, e isso é o que importa.
A trama nos conta que Alex é um garoto que enfrenta problemas no colégio, por sempre defender o amigo Bedders dos valentões Lance e Kaye. Um dia, ao fugir da dupla, ele se esconde em um canteiro de obras abandonado. Lá encontra uma espada encravada em uma pedra, da qual retira com grande facilidade. O que Alex não sabia era que a espada era a lendária Excalibur e que, como seu novo portador, precisa agora enfrentar a meia-irmã do rei Arthur, Morgana, que está prestes a retomar seu poder. Para tanto, ele conta com a ajuda do mago Merlin, transformado em uma versão bem mais jovem.
Depois de dirigir alguns episódios de séries e um filme mais simples em 2011, o diretor Joe Cornish, que é mais conhecido como roteirista de grandes filmes como "Homem Formiga" e "As Aventuras de Tintim", finalmente consegue um longa de grande orçamento para desenvolver como seu, afinal aqui o roteiro também é dele, e com isso ele foi bem cauteloso para que os efeitos não ficassem tão falsos, e que com o conteúdo de sua história ele conseguisse trabalhar bem todos os atos para que nada ficasse falso demais, ou bobo ao ponto do público desejar nunca ter visto o filme. E dessa maneira, ele conseguiu criar um estilo de filme daqueles que comumente vemos em exibição na TV em qualquer horário, pois tanto os mais jovens, quanto os mais velhos irão se divertir com a forma conduzida para mostrar algo que já vimos de diversas formas, mas que sempre procuram mostrar os atos da mesma maneira, e aqui ao jogar para um vértice mais infantil, com crianças conduzindo a espada, diversos alunos lutando para salvar o mundo (ou no caso a Bretanha como é dito no longa), com cavaleiros de fogo lutando com muito impacto (contra o que seria comum de personagens mais bobinhos brigando com as crianças), e assim o resultado que conseguiu trabalhar ficou até mais considerável que algumas outras refilmagens que a história já teve, ou seja, mesmo vindo com uma história nada original, essa versão soou ligeiramente mais bem colocada dentro da proposta, e conseguiu empolgar bastante com um grupo levemente fraco de expressões, mas bem determinado a entregar um longa divertido ao menos.
Talvez um dos maiores problemas do longa fique a cargo do elenco jovem e inexperiente demais, pois todos aparentaram estar perdidos em cena, e sem muita expressividade em diversos momentos, principalmente nas cenas em que dialogam entre si, porém nas cenas que estiveram com as computações gráficas souberam encaixar bem os olhares para não falharem como a maioria costuma falhar, ou seja, poderiam ter trabalhado mais eles, ou escolhido atores de maior renome para que o filme pudesse vender melhor, mas aí certamente o orçamento incharia demais, e essa não era a meta do longa. O filho do grande mestre da captura de movimentos Andy Serkis, Louis Ashbourne Serkis conseguiu empunhar bem a espada, e também seus diálogos, de modo que seu Alex foi ao menos bem determinado na maioria das cenas, criando situações, correndo bastante, e tentando ser expressivo, porém ainda é novo demais, e não conseguiu entregar diferentes estilos de trejeitos, parecendo estar apavorado durante todo o longa. Dean Chaumot foi bem companheiro com seu Bedders, entregando momentos até graciosos e emotivos demais para com o protagonista, agradando por ser divertido e bem dinâmico na maioria das cenas, mas como secundário se perdeu um pouco. Tom Taylor e Rhianna Dorris foram determinados a serem os famosos antagonistas do longa, fazendo diversos carões e sendo imponentes nas desenvolturas de seus Lance e Kaye, porém quando mudam de lado ficaram jogados demais, o que pareceu não ser bem explicado para os jovens, e isso acabou soando como uma leve falha, mas nada que atrapalhasse felizmente o resultado final. Acostumamos tanto a ver Patrick Stewart careca, que aqui com seu Merlim cabeludo ficamos até olhando bem para saber que é ele, ainda mais por aparecer bem pouco na trama com sua versão, afinal na maior parte do longa temos a sua versão jovem, muito bem interpretada por Augus Imrie cheio de trejeitos, movimentos com as mãos, e soando divertido, mas sem ser bobo demais, trabalhando muito bem com eloquência. A vilã da trama, Morgana, foi bem conduzida por uma Rebecca Ferguson completamente irreconhecível por trás de tanta maquiagem, e a atriz tentou ser impactante nos seus diálogos para sobrepor o bicho estranho que acaba virando, entregando algo até bem interessante.
A direção de arte foi bem efetiva tanto no desenvolvimento da escola quanto nos momentos alegóricos aonde os personagens vão em busca de respostas, criando muitos momentos cheios de personagens computacionais, mas que foram tão bem desenvolvidos ao redor do mundo moderno, que passamos a olhar cada elemento com detalhe, então desde os cavaleiros mortos com suas espadas de fogo, os ambientes cheios de precisão ao anoitecer, e claro as espadas, principalmente Excalibur com sensor de presença inimiga (rsss foi modernizada também!), além claro da ideia bem interessante de que quando a noite desce, quem não foi tocado pela espada some, fez da trama algo bem preciso e resultou em uma arte incrível de ser vista. Como boa parte das cenas ocorrem a noite, a equipe teve de trabalhar bem as sombras dos personagens, com as iluminações de fogo dos cavaleiros, mas sempre dosando bem o tom ao redor, criando algo simples, porém bem feito.
Enfim, é um filme simples, leve, bem recheado de lições morais, mas que consegue envolver tanto os pequenos quanto os adultos, mostrando que adaptar tramas fortes com uma pegada infantil pode ser um novo mote no cinema americano, pois funciona, e como disse no começo, por ter ido sem expectativa alguma para a trama, o longa acabou me surpreendendo bem positivamente. Dessa forma recomendo o filme para todos, pois com certeza irão rir, se divertir e emocionar, claro que com devidas proporções, pois temos muitos exageros e cenas desconexas, mas qual filme não tem, não é mesmo? Bem é isso, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais um texto, então abraços e até logo mais.
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