Sempre costumo dizer que o feitio de um documentário pode ser interessante para alguns, mas não encaixar em nada para outros, e ultimamente um estilo que tem me agradado bastante são os que contam um pouco da história de bandas, as quais conhecia algumas canções, mas sequer lembrava da bagunça que fizeram no passado, afinal era muito novo na época do estouro. E com "Ultraje", a pegada do diretor foi tão bem desenvolvida, entrevistando praticamente todos os vários integrantes que já tocaram junto com Roger, os empresários, donos de gravadoras, produtores, mostrando como a ousadia e irreverência da banda foi metódica para criar o momento do rock nos 80, estourando em vendas de discos, programas de TV, rádios, e principalmente lotando shows por onde passassem. Ou seja, conseguiram contar em 92 minutos toda uma história completa de anos, trabalhando bem os medos e motivos pelos quais cada um saiu sem brigas, nem discussões, apenas por achar que seu momento ali acabara, e assim, o resultado da trama foi um longa gostoso de curtir, com bons depoimentos, e claro com muito material de arquivo que impressiona não só pela existência, mas sim por ver como as pessoas eram malucas e faziam loucuras em shows.
A sinopse nos conta que uma das bandas mais reconhecidas do cenário musical brasileiro das últimas décadas, o Ultraje a Rigor invadiu os rádios e TVs na década de 1980. No fim da Ditadura Militar a banda estava por toda parte no dia a dia dos brasileiros. É assim que começa a trajetória do grupo, que tem sua carreira e a vida de seus membros, especialmente o líder, Roger, expostas nesse documentário.
Nem tenho muito o que falar do trabalho que o diretor Marc Dourdin fez em seu documentário, somente parabenizar a quantidade de material que arrumou para montar, pois é bizarro ver imagens ruins (bem ruins mesmo), mostrando a banda divulgando sua música na praia de sunga num show bizarro do Raul Gil, ver pessoas dançando malucas em clubes fechados aonde pareciam possuídos pelo demônio com movimentos bizarros, ver os diversos shows de grande porte como do Rock 'n Rio, e claro todos os diversos depoimentos, tudo numa montagem bem trabalhada, sequencial, com uma pegada jovem cheia de grafismos (no melhor estilo que a banda fez no começo para ser reconhecida, como é dito no começo do longa), ou seja, um documentário completo, que mostrou pontos positivos e negativos da personalidade do líder, não se omitiu de acusações que teve, e assim criando um resultado bem moldado.
Claro, que mesmo sendo um ótimo exemplar, tenho de pontuar um único detalhe que me fez tirar um pouco da nota do longa, o miolo, pois embora o filme comece bem agitado, cheio de muita dinâmica nas apresentações, com depoimentos rápidos e tudo mais, ao passar da metade o filme toma uma trajetória para mostrar uma certa decadência na banda, e desanima também o ritmo da trama, cansando um pouco, para retomar depois o fechamento escolhido com o programa do Danilo. Tudo bem que esse molde seja até bem inteligente para realçar o que aconteceu mesmo com a banda, mas como costumo falar, no cinema, cansar o público, faz com que acabem debandando a atenção para outros rumos, e o resultado não soa como o esperado.
Porém, mesmo com esse leve desgaste no final, certamente recomendo o longa pelo bom desenvolvimento, pelas ótimas e divertidas canções (várias que eu nem conhecia), e claro pelo estilo irreverente do documentário acompanhando a ideologia da banda, e assim, quem estiver disposto vale a pena uma conferida. Bem, é isso pessoal, fico por aqui hoje, encerrando as estreias do cinema, mas volto em breve com algumas estreias do streaming, então abraços e até logo mais.
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