Chega a ser até engraçado falar isso, mas se você já viu um filme da Jennifer Lopez, praticamente já viu todos, pois sempre se embasam nos mesmos moldes, mesmos clichês, e até formatos da trama, mudando somente um ou outro detalhe que acaba criando a novidade. Embora isso possa ser visto como um defeito, sabemos ao menos que não iremos nos desapontar com o que é sempre proposto numa comédia romântica, que é rir em muitos momentos e se emocionar em outros, e é exatamente o que "Uma Nova Chance" acaba entregando, mostrando em linhas subliminares o famoso ditado que um diploma pode sobrepor a experiência de anos numa contratação, mas quem souber contratar uma boa pessoa com anos de experiência pode ter um grande sucesso na empresa. Não digo que isso seja o mote principal da trama, pois funciona apenas no começo, virando para o lado tradicional das comédias românticas que é o fato da pessoa mentir sobre algo, e essa mentira virar uma bola de neve imensa, e aqui basicamente essa é a ideia, porém como é de costume, acontecem tantas conexões na trama, que podemos dizer que a vida é uma caixa de coincidências se formos olhar a fundo, mas que ao menos no final conseguiram dar algumas conexões mais moldadas para tudo, embora ainda seja bem impossível de metade dessas coisas acontecerem numa vida real. Ou seja, o longa é cheio de virtudes, mas que assim como a trama é baseada em mostrar que contar mentiras estraga todo tipo de relacionamentos, e se dar uma nova chance só depende de você, poderiam ter mostrado que isso também é uma grande mentira na vida real, mas aí não teríamos um filme.
O longa nos mostra que Maya trabalha numa loja de departamento badalada de Nova York, e está insatisfeita com sua vida profissional. Porém, tudo muda com uma pequena alteração em seu currículo e suas redes sociais. Com sua experiência das ruas, habilidades excepcionais e a ajuda de seus amigos, ela se reinventa e se torna uma executiva de sucesso.
Assim como a protagonista, o diretor Peter Segal não dirigia um longa desde 2015, e aqui ele que é bem conhecido por entregar longas simples bem feitos, conseguiu novamente usar de sua criatividade para que a trama envolvendo uma situação bem casual como uma entrevista de emprego mudasse de rumos através de ajustes nas redes sociais, e usando rapidamente desse mote, a trama muda de ares com um desenvolvimento rumando para família, abandono de crianças, e claro, por usar de uma empresa de cosméticos, a fabricação de cremes 100% naturais, ou seja, uma tremenda salada de temas em um único filme, que basicamente ainda complementa com diversos trejeitos e clichês bem tradicionais do gênero, de modo que a cada ato que ocorre, já sabemos o desenrolar dele bem antes de tudo, e isso é ruim por um lado, mas completamente casual em filmes estilo sessão da tarde, e assim sendo, não digo que o diretor tenha errado na condução escolhida, apenas não quis ousar para chamar a atenção, e entregou algo simples bem feitinho ao menos.
Sobre as interpretações, basicamente Jennifer Lopez entrega sua mulher empoderada tradicional que já vimos em diversos longas seus, aonde começa bem pobre buscando sucesso, e que ao conseguir revela como fez isso de forma não muito usual, ou seja, sua Maya é o retrato de suas outras diversas personagens, mas aqui a faceta de empreendedora/consultora de cosméticos lhe caiu bem, pois como bem sabemos seu nome é usado por diversos produtos, ou seja, ela fez boas caras e bocas tradicionais conseguindo chamar atenção, tendo emoção bem pontuada em diversos atos, entregando algo que já vimos muito, mas que como foi bem trabalhado, acabamos aceitando e gostando. E se a protagonista e o diretor não apareciam em filmes desde 2015, só nessa semana vimos Vanessa Hudgens aparecer duas vezes, a primeira foi na Netflix no começo da semana, mais recatada, e agora sua Zoe veio toda cheia de glamour, com olhares densos e competitivos, mas que soube emocionar também quando precisou, agradando e mostrando que ainda vai conseguir um papel mais chamativo para explodir, pois ainda seu passado de High School Musical permanece. Dentre os demais, cada um teve suas participações bem colocadas, respeitando o protagonismo das personagens e indicando para o rumo mais encaixado, e Leah Remini com sua Joan trabalhou bem os conselhos e demonstrou muita amizade verdadeira para com a protagonista, Treat Williams entregou o empresário bem sucedido, que ama a família, mas que gosta de arrumar confusão também com seu Anderson, Milo Ventimiglia se colocou como par romântico com seu Trey, mas soou bobinho demais, Freddie Stroma tentou ser um vilãozinho barato com seu Rob, mas acabou virando enfeite demais com o fechamento escolhido, e claro tivemos as ótimas comicidades em cima de Charlyne Yi e Alan Aisenberg com seus Ariana e Chase.
No conceito cênico, a trama trabalhou bem diversos elos comerciais, mostrando a grande variedade de produtos de beleza que existem no mercado, mostrou alguns destaques corporativos, ousou brincar com produções químicas, e claro entregou grandes diferenças de mundo entre os grandes executivos e as pessoas comuns, mesmo que essas queiram crescer na vida, tudo acaba sendo limitado, ou seja, tivemos alguns moldes razoavelmente preconceituosos, mas que na realidade acabam acontecendo mesmo, e a equipe artística foi bem coerente ao tentar mostrar tudo isso.
Enfim, é um filme que não vamos sair falando aos quatro cantos que é uma obra prima, que todos precisam sair correndo para conferir, mas que conseguiu trabalhar bem mostrando corporativismo, aonde muitas empresas preferem pessoas mal preparadas, mas que possuam diplomas enfeitados, mostrou também que mentir não é algo bom em lugar algum, mas que em relacionamentos é afundar com toda certeza, e principalmente divertiu o público com boas cenas, ou seja, mesmo abarrotado de clichês, e entregando um filme completamente feito para se ver na Sessão da Tarde, o resultado vai agradar quem for preparado para ver isso, ou seja, se você gosta desse estilo, com certeza sairá bem feliz da sessão, mas caso contrário, fuja, pois a chance de reclamar de tudo é bem alta. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com a última estreia da semana nos cinemas, então abraços e até logo mais.
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