Olha, o trailer de "Vice" já prometia algo surpreendente dentro dos fatos da História que não nos foi contada, e meus amigos, lhes digo com muita sinceridade que é bomba em cima de bomba, daquelas de arregalar os olhos e falar: "como puderam fazer tudo isso sem que ninguém visse claramente!", e está lá tudo bem explicadinho, e o melhor, de forma completamente literária, usando elementos da cultura tradicional para explicar o politiquês, mostrando que o diretor Adam McKay se preocupa (e muito!) com o grande público, pois se em seu longa anterior mostrou diversas fraudes na Bolsa explicando com grandes sacadas como tudo funcionava por trás de grandiosas jogadas, aqui ele pegou os bastidores de uma das épocas mais conturbadas do governo americano, e jogou a merda literalmente no ventilador, mostrando coisas que muitos acreditavam ter acontecido, o que estava por trás da Guerra do Iraque, entre muitas outras situações, sem papas na língua, e em uma loucura completa de edição, que muitas vezes até acaba nos deixando perdidos, mas que no resultado final só queremos soltar um "nóóóóhhhh", pois foram muito coesos na montagem para entregar cada detalhe de maneira sorrateira e bem precisa, encontrando nos pontos mais simples uma forma melhor que a outra para contar tudo. Ou seja, um longa completo, que até diria meio bagunçado, mas que consegue empolgar, divertir, dramatizar, e ainda ter uma história incrível, sem precisar apelar para pontos jogados, sendo praticamente perfeito em tudo.
O longa conta a história de Dick Cheney, que silenciosamente se tornou o vice-presidente mais poderoso do mundo, durante o governo de George W. Bush. Suas políticas mudaram o país e impactaram no mundo inteiro, com reformulações que até hoje são sentidas no governo americano.
O diretor Adam Mckay conseguiu com muita ironia e uma proposta bem ousada, entregar em 2016 o longa "Grande Aposta" surpreendendo o público ao mostrar como o mercado financeiro é um terror monstruoso que se bem usado pode fazer com que muitos se saiam bem na fita, mas também pode virar um caos incrível, e aqui ele brincou novamente usando das mesmas técnicas para entregar algo completamente insano que no caso é algo que novamente anda muito na moda, política e guerras, e que com muita sabedoria conseguiu criar um roteiro maluco baseando-se em fatos reais, mas que ele acabou trabalhando, ou seja, não temos nenhuma biografia envolvida, e com tudo o que colocou em cena, certamente os advogados de Cheney, Bush e afins do governo irão dar uma leve cobrada no diretor. Ou seja, se você tem medo de filmes políticos por serem chatos e cansativos, pode esquecer disso ao conferir esse novo longa, pois com muita dinâmica acabamos nem piscando durante toda a exibição, e vamos nos envolvendo tanto com cada situação, que mesmo sabendo muito sobre o que rolou naqueles anos, jamais esperaríamos ver tudo tão escancarado de forma icônica na telona, e isso acaba surpreendendo demais.
É engraçado a confiança que Christian Bale passa para o diretor, pois novamente a parceria deu muito certo, e por fotos é até engraçado você descobrir qual é o Dick Cheney verdadeiro, tamanho o trabalho da equipe de maquiagem, juntamente com a mudança corporal que o ator entregou, de modo que acabamos vendo uma incorporação cênica cheia de detalhes, desenvolturas corporais, trejeitos, um modo de falar calmo, porém completamente preciso do que desejava mostrar, de modo que ficamos reféns do personagem durante todo o longa, que por bem pouco nem ficamos sabendo quem era o presidente na suas épocas tamanho o destaque do personagem, e claro do feitio do ator, ou seja, perfeito. Steve Carell é daqueles atores tão versáteis que ficamos pasmos com a forma que costuma entregar personalidades para seus personagens, de modo que seu Rumsfeld foi retratado como aqueles políticos de carreira forte, que praticamente agem em tudo o que está acontecendo, e o ator incorporou entregando tanto um lado mais emocional, como sabendo claro seus trejeitos cômicos para que o personagem se destacasse mais do que ele, e conseguiu isso brilhantemente. Amy Adams inicialmente como Lynne Cheney entrega muita personalidade e dá um show de carisma, mas num segundo momento sua personagem quase some da trama, e isso certamente fez com que perdesse diversos votos das premiações, pois a atriz fez bem o que podia, chamou a responsabilidade quando precisou, mas no segundo ato quase nem vemos mais ela, e isso é algo bem falho para alguém que teve um grande destaque na vida do marido no lado real da história. Além do trio, o longa ainda teve grandes personagens bem importantes que mereceriam que fossem destacados no texto, mas iria me alongar demais, então darei preferência claro para o presidente Bush, aqui interpretado por Sam Rockwell com precisão cirúrgica para trejeitos, momentos bem colocados para mostrar a inexperiência do político, mas como o longa é de seu vice, nem brincaram com tudo o que poderia do personagem que tantos odeiam, e outros amam nos EUA, e sendo assim, valeu mostrar que Sam foi incrivelmente dinâmico no que fez.
No conceito cênico, a trama nos mostrou algo que praticamente já conhecemos bem, que são os bastidores da Casa Branca, pois com tantos filmes rolando por lá, já acostumamos a ver os gabinetes, o salão oval, e tudo mais por ali, além claro de termos algumas cenas em fazendas de pesca, e claro na casa dos Cheney, e o longa também ousou utilizar muitas imagens do que ocorreu no mundo logo após o fatídico 11/09/2001, trabalhando claro com material de arquivo muito bem recuperado, com declarações e tudo mais, então você deve se perguntar, qual o motivo de tanta falação em cima da direção de arte do longa? E a resposta vem no conceito de figurino, cabelo e maquiagem que a equipe teve não um, mas praticamente um gigantesco trabalho com todos os atores, pois a maioria aparece tanto no começo da carreira de Cheney, novos e bem colocados, como nos momentos finais de sua carreira, já bem velhos, gordos, de cabelos brancos, outros sem, com rugas, e tudo mais, de maneira que precisaram envelhecer uma equipe inteira em diversas cenas, ou seja, um trabalho muito árduo, e completamente bem feito, que consegue chamar muita atenção, seja pela disposição dos atores em engordar, ou claro, na paciência em ficar horas colocando máscaras faciais, e tudo mais que pudesse para entregar semelhanças incríveis com os personagens reais que vimos em diversos jornais na época, ou seja, o prêmio é do longa sem dúvida nessa categoria. A fotografia ficou levemente turva para tentar dar um ar de envelhecimento para o filme, usando cenas escuras, outras mais densas para criar tensão e conflito, outras mais alegres, mas sempre brincando muito com o público, o que resultou em tons completamente ousados para cada momento do filme, o que é estranho de ver, mas que acabou resultando em algo muito bem feito.
Enfim, é um longa que poderia ser moldado de inúmeras formas, que traria de cada forma uma surpresa diferente, pois por mais que tudo seja bem chocante se pararmos para analisar friamente como essa mente trabalhou em seu próprio bem, pensando bem pouco claro em ideologias patrióticas e tudo mais conforme sempre vemos em outros longas, veríamos o resultado ocorrendo da mesma maneira, mas talvez com outros olhares, enquanto que aqui pela desenvoltura frenética que o diretor quis passar, usando muito seu estilo pop cômico com uma pegada mais comum para o público comum realmente entender, diria que foi algo impactante e interessante demais de ser conferido, mesmo que para isso, a velocidade acabe comendo alguns fatos e personagens, o que acabou tirando um pouco do brilho, e da nota também que poderia ser dada se o filme fosse mais coeso nas situações. Ou seja, recomendo demais que todos vejam, e se surpreendam com algumas histórias ousadas dos EUA na época de guerra mais atual que vimos e acompanhamos, e detalhe, fiquem após os primeiros créditos, pois tem uma ceninha muito boa, completamente irônica com o momento atual dos EUA. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais um texto, então abraços e até logo mais.
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