Existem algumas propostas que quando aparecem os primeiros trailers já pegamos e classificamos como filmes que certamente não encaixarão em nossos gostos, que por vezes até torcemos o nariz, mas que como vamos conferir tudo que é lançado, acabamos indo na sessão, e ficamos até felizes quando somos surpreendido pelo longa não ser a bomba original que pensamos, e isso aconteceu com "Cinderela Pop", pois logo de cara tinha todos os trejeitos possíveis de um filme forçado para que Maísa tivesse um protagonismo além do comum, mas que trabalhando bem o roteiro, desenvolvendo situações modernas para o conto que tanto conhecemos, o resultado soou muito além disso, recaindo como uma trama bem trabalhada, com boas canções, atuações bem encaixadas, e que diverte bem, agradando principalmente o público-alvo que é o teen. Ou seja, o filme se moldou bem no estilo sessão da tarde, que dá para curtir de boa, contando com um desenvolvimento simples, porém efetivo no que se propôs, só diria que o maior erro foi o ritmo, que aparentemente acelerado comeu algumas partes no miolo durante a edição, deixando o filme mais curto para não cansar, mas que poderia ter sido melhor resolvido de algumas situações.
O longa nos mostra que Cintia Dorella é uma adolescente que descobre uma traição no casamento dos pais. Descrente no amor, ela vai morar na casa da tia e passa a trabalhar como DJ, se tornando a Cinderela Pop. Mas ela não esperava que um príncipe encantado pudesse fazê-la se apaixonar.
Diferente de seus dois filmes anteriores, o diretor Bruno Garroti aqui conseguiu imprimir uma pegada mais ficcional mesmo, fugindo do estilo semi-novelesco que entregou por outrora, criando perspectivas mais cadenciadas e interessantes de acompanhar. Claro, que ainda está longe de ter feito um daqueles filmes que você se surpreende e quer voltar para a próxima sessão para rever, mas só de não ter forçado tanto as situações, já fez com que a trama fosse mais interessante de ser conferida, claro que isso se deve muito também ao bom material do livro de Paula Pimenta, que foi um dos mais vendidos dos últimos anos no país. Outro ponto bem satisfatório que Garroti utilizou, foi o fato de não ficar desenvolvendo tanto subtramas, deixando que os protagonistas se executassem, e tivessem desenvoltura suficiente para que o filme seguisse seus elos, e com isso tivemos até momentos contados sob dois vértices, e agradando nos encaixes, ou seja, funcionando sob duas óticas a trama conseguiu ser bem ciente dos atos e agradou de modo geral no que se propunha, lembrando bem as situações do conto original, mas modernizando e tendo a pegada jovem atual.
Quanto das atuações, posso dizer sem pestanejar que Maísa é a protagonista, mas antes dela tenho de falar de Fernanda Paes Leme, que deu um show como a madrasta vilã completa da trama Patrícia, com olhares de crueldade em níveis fortíssimos, sintonias perfeitas, e incorporando cada ato com uma precisão única, que se fizerem um longa só de vilãs, já podem incluir ela com muita força, pois ela deu show. Agora voltando para a protagonista, Maísa Silva foi coerente com sua personagem, uma garota mais despojada que não sonha com o amor, e quer ser uma DJ, mas sua Cintia oscila demais de temperamento na frente das câmeras, e isso é ruim para o papel, de modo que a artista poderia ter assumido de vez o rancor amoroso, e ter entregue isso com muita disposição, voltando somente em raros momentos de dúvida, mas parecia a cada cena estar na dúvida se amava ou não, claro que é típico das adolescentes fazerem isso, mas no filme ela poderia ter oscilado menos, porém tirando esse detalhe, ela conduziu bem a personagem, e foi melhor que em seu filme anterior, mostrando que em breve pode ser que decole uma protagonista completa. Filipe Bragança como Freddy Prince foi galanteador, cantou bem as canções melódicas, mas tenho de concordar com a personagem principal, foi ultrabrega, de modo que nem se cantasse sofrência seria tão meloso como o personagem foi. Elisa Pinheiro caiu como uma luva para o papel da tia-fada-madrinha Helena, que com boas sacadas trouxe dinâmica e virtudes para as divertidas cenas em que aparece, só não precisava do exagero de ser poetisa, pois aí foi apelar demais, mas de resto agradou demais. Quanto aos demais, diria que todos os jovens foram exagerados demais nas personalidades, e não chamaram a atenção que necessitava, tendo leves destaques para a blogueira Belinha, interpretada por Giovanna Grigio, e algumas boas jogadas das gêmeas interpretadas por Leticia Faria Pedro e Kiria Malheiros.
No conceito visual, a trama escolheu locações simples demais, parecendo que o orçamento foi levemente curto para tudo, com uma festa simples de 15 anos, que mesmo sendo a fantasia, parecia que todos estavam em menos de 20 figurantes arrumados, depois o mesmo ocorrendo na festa de formatura, e até mesmo na festa da família logo no começo, a simplicidade já era apresentada, ou seja, tiveram o trabalho de escolher locações amplas, mas faltou preencher os lugares. Também tivemos poucos elementos cênicos sendo usados, com praticamente apenas uma mesa de som, alguns animais importantes pelos nomes, e alguns figurinos, mas de resto tudo foi sendo apenas jogado na tela, claro tirando o tradicional sapatinho, no caso aqui um tênis.
Enfim, é um longa que agrada sem ser exageradamente forçado, que poderia conferir tranquilamente numa tarde no sofá quando estivesse passando na TV, e que não chega a ser a bomba que havia pensado quando vi o trailer, mas que também não é o melhor filme nacional que já vi, e sendo assim, deixo a recomendação de leve, pois poderiam ter cortado menos para aparecer um filme mais fluído, e certamente poderiam ter valorizado mais a questão artística/cenográfica da trama para que funcionasse mais como um "conto de fadas" moderno, mas tirando essas gafes, o longa vale a conferida. Bem é isso pessoal, encerro aqui a semana cinematográfica, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.
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