Quando você vê o pôster acima deve pensar se tratar de uma comédia bem interessante, cheia de boas sacadas e tudo mais, principalmente quando você não confere o trailer antes de ir assistir, mas eis que chega na sessão e o longa já começa numa tensão tão forte que pensamos até estar em sala errada, mas não, era o início de uma novela brasileira, misturada com um drama argentino, inserindo pitadas de literatura poética, que resolveram chamar de "Happy Hour - Verdades e Consequências", mais uma parceria entre Brasil e Argentina que acaba resultando em algo bem moldado, mas que enrola tanto na proposta que não conseguimos curtir como poderia, de modo que o filme até flui, mas vai tendo tantas tramas desconectadas, que quando vemos quase que surge mais personagens do que a novela das nove, ou seja, um longa até bem trabalhado dentro do mote de que contar um desejo para uma mulher pode virar uma bagunça imensa na vida de um homem, mas que também quando o vértice inverte, o humor acaba na mesma hora.
A sinopse nos conta que Horácio é um argentino que mora no Brasil há 15 anos com sua esposa Vera. Sua vida muda radicalmente quando por acidente, ele vira um herói instantâneo. Com essa reviravolta, ele decide dar voz aos seus desejos e propõem à Vera um relacionamento aberto. Enquanto Horácio lida com a fama repentina, Vera pensa na separação, mas sua candidatura à prefeitura a faz reavaliar: para ela nunca foi tão importante continuar casada com Horácio.
Em sua estreia como diretor de longas de ficção, Eduardo Albergaria teve em suas mãos atores de peso tanto em longas nacionais quanto nos longas argentinos, e que praticamente não necessitaria muito trabalho para que estes fizessem boas interpretações de seus papeis, porém com um roteiro escrito por diversas mãos, o resultado não dependeu das atitudes interpretativas, mas sim do conflito de histórias que acabam acontecendo quando tem esse modelo, pois geralmente um filme que tem muitas interferências acaba virando novela, e é exatamente o que acabou ocorrendo aqui, com histórias até bem arquitetadas pela alegoria poética que o protagonista entrega, juntamente com a ideia de um relacionamento aberto moderno, mas vertemos tanto para algo mais bagunçado, que o resultado infelizmente não empolga em momento algum, salvo algumas risadas pelas inversões de personalidade nos últimos atos quando a esposa alfineta o marido com a possibilidade da traição. Sendo assim, diria que Eduardo necessitará de um outro longa para empolgar, e falar que foi sua grandiosa estreia, pois nesse ficou devendo, e nem foi tanto por sua responsabilidade, apesar de que ele também assina o roteiro.
É engraçado que o longa contém ótimos atores, que já vimos em outros longas, mas que aqui parecem apenas flertar com a interpretação tradicional, deixando olhares de lado, e quase ditando seus diálogos para algo mais subjetivo e quase narrado, de modo que o filme quase nem dependa deles para funcionar. Sendo assim, Pablo Echarri consegue demonstrar com seu Horácio ao mesmo tempo o desespero do ataque midiático em cima dele, o desejo pela aluna atirada, e claro também o amor respeitoso pela esposa, mas sempre ficando atrás de ensaios narrados, ele acaba cansando o público com o que faz, o que não é gostoso de ver na telona. Letícia Sabatella fica ainda mais ocultada dentro da trama, de modo que sua Vera até se mostra imponente como uma deputada estadual, que acaba sendo forçada a uma candidatura a prefeita de uma maneira até engraçada, mas quando entra para o lado de casa, ela fica simples demais de atitudes, o que soa até estranho de ver, mas ainda assim consegue ser interessante de expressões. Uma das grandes sacadas expressivas ficou a cargo de Luciano Cáceres com seu Ricardo, pois até é visto rapidamente pelo espectador seus reais ensejos, mas o protagonista não enxerga isso, e claro que com essa desenvoltura nos panos secundários, o resultado acaba ficando bem colocado e agradável de ver seus trejeitos e bons momentos. Quanto aos personagens secundários, tivemos alguns leves pontos de destaque para Marcos Winter como o deputado completamente contrário a protagonista Othelo, mas que por interesses políticos vira candidato à vice dela, Chico Diaz também soou interessante como o organizador da campanha cheio de desenvolturas, e claro temos de pontuar toda a sedução que Aline Jones faz com sua Clara.
O lado artístico da trama também foi bem estranho, oscilando com cenas na câmara, com cenas em bares, praias, no apartamento dos protagonistas, mas sempre mostrando pessoas perdidas em frente de onde desejam ir, para mostrar o simples, que não enxergamos o que queremos mesmo estando na nossa frente, ou seja, até que com boas analogias, a trama se encaixa dentro de um vértice maior, mas sem muita ousadia, o resultado soa simples até de atitudes visuais.
Enfim, um filme mediano, que quem gosta de novelonas até pode achar interessante, mas que certamente não será algo que empolgará ninguém. Sendo assim, deixo a recomendação bem em segundo plano, apenas para aqueles que gostem do estilo, e desejam ver uma produção mista entre Brasil e Argentina. Bem é isso pessoal, fico por aqui encerrando a semana no cinema, mas logo mais volto com textos do streaming, então abraços e até logo mais.
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