Acho engraçado quando pego esses pôster com diversas críticas já estampadas, pois já começo a escrever pensando no que outros pensaram também, e é fácil entender ao conferir "Mal Nosso", a chuva de críticas positivas (algumas já colocadas aqui, outras vendo durante a grande tour que o longa fez lá fora primeiro, antes de estrear por aqui), e negativas também, afinal nenhum longa agrada 100% dos críticos, pois o filme possui um vértice bem encontrado dentro do nicho que deseja atingir, e ele funciona pela montagem criada, com uma produção impecável, uma direção consistente, e um jogo de maquiagem primoroso, porém assim como só tive adjetivos bem positivos nesses quesitos, em outros o tiro já é mais embaixo, por exemplo o filme tem um começo lentíssimo, aonde priorizaram técnica para mostrar tudo, e o roteiro não se solidifica da necessidade de tantos planos lentos, ou seja, temos algo visualmente crível, que já no trailer chama atenção, mas que talvez mais condensado, ou então com momentos mais chocantes realmente (o que faria talvez a censura subir muito a classificação) para impactar e causar. Mas como o gênero de terror ultimamente não tem solicitado tanto história, mas sim fundamentos, diria que o resultado é bem satisfatório, e consegue agradar no que tenta passar, o que voltamos a falar sobre os elogios, pois sim, remete aos filmes citados em muitos atos, e sendo assim, podemos falar que é um filme bem produzido, que só faltou fazer arrepiar ou assustar mais para ser perfeito para agradar a todos.
A sinopse nos conta que Arthur é um pai zeloso, preocupado com sua filha única, prestes a entrar na faculdade. Ele esconde um segredo desde sua juventude sobre algo que pode ser prejudicial ao futuro da jovem, e para isso contrata os serviços de um serial killer na deep web. Após fazer um acordo com o assassino, Arthur abre as portas para uma jornada mortal envolvendo psicopatas, maldições e demônios.
Em sua estreia na direção de longas, Samuel Galli mostra muita técnica na escolha precisa do que desejava mostrar para o público, com planos longos, situações formais, e claro também por ser seu primeiro, muitos planos comuns sem grandes ousadias, mas isso não impediu que o filme tivesse um semblante favorável para funcionar o terror em si, criando um viés denso, aonde a preocupação para que a história fosse bem explicada resultasse em algo bom, e aí é que entrou um dos problemas da trama, que é o fato do filme soar com um didatismo grande demais, e que acaba personificando em cima dos diálogos e interpretações dos protagonistas. Claro que aqui estou apontando alguns defeitos, mas como já disse, isso tudo é muito superado pelo estilo que Galli optou por filmar, não trazendo nuances forçadas, aonde o imaginário do público fosse necessário, mas sim pontuando sua opinião e deixando que tudo corresse da maneira própria que sua cabeça pensou. E sendo assim, a cabeça pensa em coisas que para uma produção bem modesta, bancada pela equipe, fosse até muito superada, e com essa imposição, o que vemos na telona, é um filme muito bem produzido em cima de poucos recursos, e esse é o charme da trama, pois se enfeitassem demais, talvez o longa saísse do contexto, que por vezes raspa a trave de fugir, colocando até alguns atos a mais do que o necessário. Ou seja, quando temos uma produção bem feita, e uma direção consistente, o resultado é bom, mas com leves toques a mais na história, talvez tivéssemos um filme para recordar dentro dos clássicos do gênero, e esse pequeno elo, como já falei, raspou também para que o longa virasse algo que incomodasse demais para poder errar.
Um dos problemas do filme é que contando com atores inexperientes e/ou provenientes do teatro, vemos excessos de entonações, o que é algo bem comum de vermos em outros longas nacionais de baixo orçamento, mas tirando esse detalhe, os protagonistas foram bem colocados, e fizeram ao menos expressões claras condizentes com cada momento, de modo que tanto Ademir Esteves como Arthur, quanto Ricardo Casella como Charles, conseguiram trabalhar seus atos como deveriam fazer realmente, não esperando nada a mais, tendo uma ou outra cena mais forte e bem feita, mas sempre com muita simplicidade. Claro, que poderiam ter dado tons mais impactantes, mas isso necessitaria que o diretor lhes exigisse bem mais. Dos demais, a maioria foi aparição, tendo leve destaque para os momentos de Fernando Cardoso como o jovem Arthur, e Luara Pepita como Michele.
Embora seja bem simples, a equipe de arte fez um trabalho cheio de detalhes, em boas locações representativas, e aliado à ótima maquiagem de Rodrigo Aragão, conseguiram criar monstros e entidades bem fortes e instigantes, de modo que poderiam até ter abusado mais desse uso para que o filme não dependesse tanto dos diálogos dos atores. Ou seja, uma produção de primeira linha, que foi muito bem feita, que junto também de uma fotografia densa, de cores fortes e chamativas conseguiu representar o que tentavam passar.
Enfim, é um longa que consegue envolver, mostrar serviço e assustar com algumas cenas de sustos rápidos, mas que poderia ter sido minimizado alguns erros simples para que fosse daqueles filmes que ficariam inesquecíveis em nossa mente. Ou seja, vale a conferida com certeza para quem gosta do estilo, mas não esperem algo forte que vá lhe impactar de cara. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.
0 comentários:
Postar um comentário
Obrigado por comentar em meu site... desde já agradeço por ler minhas críticas...