Olha, já vi diversos tipos de longas de terror, usando psicopatas, assassinos em série, espíritos, casas assombradas, bruxas, mas que eu me lembre é a primeira vez que vejo algo de reencarnação maligna, ou talvez até tenha visto algo envolvendo espiritismo, mas nada voltado para o terror realmente, e isso já é um ponto bem positivo para "Maligno", ou "O Prodígio" como seria em tradução literal do nome original do filme, mas não sem dúvida esse não é o melhor ponto do longa, pois tivemos cenas bem tenebrosas para um garotinho fazer, e espero que com devida atenção nas gravações, limpem sua mente, para que ele passe bem após fazer esse filme, e que ele só veja o resultado final daqui muitos anos, pois "rapaizzzzzzzzzz ô mulequinho du malllll" ... precisei escrever isso dessa forma, pois é a única coisa que vinha no meu pensamento, mesmo sabendo que o jovem estava incorporado por no caso um assassino em série, que será melhor explicado no último ato, mas que já vemos na primeira cena um pouco sobre ele, ou seja, a coisa fica bem tensa, e certamente imagino que tenham cortado tanto do roteiro para não forçar o garoto, quanto do filme que foi pro ar realmente, muitas cenas, pois a trama tinha essência para isso, o garoto foi espetacular nos olhares e trejeitos, e principalmente, em diversos atos, mesmo sabendo o que ia acontecer, arrepia! Ou seja, um filme de terror de primeira linha, que contém alguns defeitos clássicos do gênero, mas que certamente se fizerem a continuação que ficou no ar, vai ser de arrepiar mais ainda!
O longa nos conta que preocupada com o repentino comportamento estranho e violento de seu filho Miles, Sarah inicia uma investigação por conta própria para entender o que está acontecendo. Mas o que ela descobre é que alguma espécie de força sobrenatural está agindo sobre ele, influenciando, cada vez mais, suas ações.
É interessante quando vemos um "novo" diretor de longas de terror, que já possui outros filmes interessantes que acabaram não surgindo nas telonas por aqui, e isso mostra que o mercado do gênero é um dos que mais recebe o preconceito das distribuidoras, mas não vamos entrar nessa briga que tanto irrita este que vos digita, e sim nos méritos de Nicholas McCarthy, que conseguiu dirigir com maestria uma trama interessante criada por Jeff Buhler (que se também não conhecíamos anteriormente, já iremos ficar com grandes olhos para o que fez na recriação do novo "Cemitério Maldito" que estreia em Maio após ver essa sua trama!), pois ele soube não apenas moldar uma história tecnicamente simples, com uma resolução digamos meio-óbvia, e contada praticamente sem entremeios para o público logo de cara (nem pedindo esforço nenhum para que pensássemos em algo), mas que principalmente não ficou com receios de entregar para o garotinho a responsabilidade cênica, pois muitos diretores apenas aproveitariam o jovem como determinante, mas deixaria que a tensão ficasse para as cenas com a "entidade", ou com outros elementos, mas não, ele põe o jovem Jackson para fazer carões, põe ele pra martelar o amiguinho, põe ele para picar, e tudo mais, ou seja, se amanhã ouvirmos que um jovem ficou transtornado por conta de um diretor, saberemos que esse cara foi maluco e ousado ao mesmo tempo, pois volto a frisar, as cenas são fortes para uma criança fazer, e ele faz com primor, que falarei mais abaixo. E dito isso, o único problema que o diretor sofreu em seu desenvolvimento, foi ser objetivo demais, pois o gênero terror, só de fazer arrepiar e causar já é satisfatório, mas quando nos envolve algum tipo de suspense sem entregar de cara, deixando as explicações completas para o final, faz com que a surpresa melhore, e isso não ocorreu aqui, mas ainda assim, ele foi sábio em fechar a trama de uma forma completamente inesperada, para claro, se der bilheteria, e algum produtor maluco desejar, vir com a continuação, e certamente estarei aguardando muito para que isso ocorra!
Nem precisaria falar nada dos demais personagens, e só falar que o garotinho que já foi assombrado em "It - A Coisa" como Georgie, sendo capturado pelo palhaço assassino, fez uns cursinhos lá no esgoto, e voltou mal, muito mal, maligno para fazer aqui seu Miles, que com uma destreza incrível, Jackson Robert Scott entregou personalidade, olhares, tensões faciais, e soube ser preciso em cada uma das cenas que foi colocado como responsável, seja nas calminhas e afetuosas como o garotinho mesmo, ou quando a outra personalidade assumia a forma e botava pra sangrar ou causar o que tivesse em sua frente, ou seja, fiquei fã do jovem, e espero vê-lo em outros filmes, pois mostrou serviço de primeira em tudo aqui. Taylor Schilling trabalhou bem sua Sarah, colocando pavor nas suas expressões (e quem não colocaria!!), criando bons momentos junto do garotinho, de modo que a atriz embora tenha errado em alguns momentos, principalmente nas cenas com os adultos, superasse muito bem quando em cena com o jovem, e a química tensa entre eles foi bem funcional, o que agrada muito no gênero. Talvez quem tenha mais falhado, principalmente por ficar em segundo plano, deixado de lado para talvez a continuação, foi Peter Mooney com seu John, pois nas cenas em que aparece, o ator fica sempre pacato demais, e quando teve sua cena mais tensa, esteve de lado, não mostrando muito, e falhando aos poucos, ou seja, poderia ter sido usado um pouco mais, afinal como é contado em diversos momentos, o personagem tinha um problema bem tenso para usarem, e isso valeria trabalhar na trama. Quanto aos demais personagens, vale apenas um rápido destaque para toda a tensão expressiva que Colm Feore entregou na sua cena mais forte de seu Arthur junto do garotinho, pois o veterano ator quase borrou as calças, e talvez pudessem ter trabalhado um pouco mais Paula Brodeau com sua Elaine Strasser, mas quem sabe na continuação. Quanto à Paul Fauteux, diria que ele como Scarka ficou secundário demais, mas conseguiu passar bem seus trejeitos para o garotinho, encaixando bem o timing entre eles.
No conceito cênico, a equipe de arte foi bem coerente, em dar objetos fortes para o garotinho usar, souberam trabalhar detalhes nos momentos corretos, como a lâmpada na cena com a babá, a tesoura sendo afiada, a chave inglesa, as facas, e tudo mais, não forçando a barra para elementos fora de um contexto que uma criança de 8 anos conseguisse dominar (o que vai causar um leve medinho nos pais de crianças!), mas principalmente a grande sacada foi trabalhar as casas, as escolas, e todas as locações por onde passam, juntamente criando a cenografia necessária para chamar a atenção, além claro das lentes incríveis nos olhos dos protagonistas, que deram algo a mais para os olhares do garotinho. A fotografia brincou bastante com o mais clichê tradicional dos longas de terror, deixando tudo quase sempre na penumbra total, usando e abusando de sombras, e claro, pegando o público desprevenido em alguns atos, ou seja, embora seja comum demais, ainda funciona.
Enfim, é um filme que para quem gosta do gênero vale muito a pena, funcionando dentro do que se propôs, e mesmo tendo diversas falhas na história, a entrega do como resolver rápida demais, entre outros detalhes, o resultado é um longa que arrepia, que causa temor pela violência de alguns atos, e principalmente, que mostra que crianças prodígio são perigosíssimas, então vale a atenção! Sendo assim, fica minha recomendação para o filme, pois foi um belo exemplar de como causar tensão. Bem é isso pessoal, fico por aqui encerrando a semana nos cinemas, mas devo voltar ainda com um texto do streaming, então abraços e até logo mais.
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