Imagine um filme com uma bagunça imensa, certamente você irá se conectar com "Se Beber, Não Case", e suas diversas derivações. E vendo o trailer de "Crazy Trips - Budapeste", você irá imaginar vendo a versão francesa dessa obra, porém aqui ao invés dos noivos indo passar sua despedida de solteiro, a ideia é mostrar a formação de uma empresa que organiza essas loucuras em Budapeste, aonde segundo o filme se pode fazer qualquer coisa, desde festas malucas até andar com um tanque atirando para todo lado, ou seja, um filme com um mote até funcional, mas que mais vira uma bagunça do que contém uma história didática em si, entregando um resultado não muito empolgante como roteiro, mas que como diversão livre agrada bastante pelas diversas possibilidades que os protagonistas encontram para divertir seu público alvo, no caso, os noivos. A trama flui bem, tem algumas reviravoltas com lições colocadas, mas como não estavam procurando isso para o filme, o longa quase se perde nas brigas familiares, ou seja, poderiam ter deixado isso de lado para que o filme ficasse somente nas loucuras, mas de certa forma, acabaria ficando exagerado se não tivesse as quebras.
A sinopse nos conta que cansados de seus trabalhos e de suas rotinas cansativas e monótonas, dois amigos colocam tudo a perder quando decidem viajar para a Hungria seguindo o sonho de se tornarem planejadores profissionais de grandes festas e despedidas de solteiro. No entanto, quanto mais eles se esforçam para serem bem sucedidos, mais acabam se metendo em furadas.
O diretor francês Xavier Gens que já fez longas de todos os gêneros possíveis, aqui resolveu brincar muito com seu filme, entregando todas as loucuras possíveis em cima do roteiro do protagonista Manu Payet e Simon Moutairou, de modo que o filme pelo que é dito no começo é baseado em uma história real de uma empresa francesa que leva malucos dispostos a fazer sua despedida de solteiro (ou EVG como é chamado no longa) em Budapeste, ou seja, realmente existiu algo nesse naipe (não sabemos com tanta loucura!) que até tem sentido para aqueles que desejam extrapolar nos últimos dias como solteiro, e diria que o acerto do diretor foi bem colocado, mas claro que ninguém quer entregar somente bagunças em festas, tiros e tudo mais, aí é que entrou o problema do filme, pois com algumas discussões meio que bobas entre os protagonistas e suas esposas, o que acaba soando até jogado demais na trama, resultando em algo perdido, ou seja, pode até parecer maluco o que vou falar, mas estou reclamando da tentativa de colocarem diálogos aonde o público desejava só bagunça, e sendo assim, o filme tentou ser algo maluco, e conseguiu, e só.
Não diria que os protagonistas interpretaram papeis, mas sim curtiram as loucuras, fazendo caras e bocas bem encaixas, de modo que Manu Payet com seu Vincent mais centrado, conseguiu explorar um pouco mais, teve situações mais contidas para seu papel, e demonstrou algumas atitudes mais empreendedoras, mesmo no meio do tumulto todo, dando bons cernes para cada ato seu. Em compensação Jonathan Cohen deixou que seu Arnaud fosse cheio de cenas gritadas, mostrando desventuras e mentiras sem parar, e com um ar mais louco chamou as cenas mais bizarras para si, e não desapontou. Mas se vamos falar de bizarrices, temos de apontar o louco master da equipe, que ficou a cargo de Monsieur Poulpe como Georgio, que se jogou no personagem fazendo de tudo o que se possa imaginar, e trabalhando diversos momentos cômicos para que o filme funcionasse. Quanto ao lado feminino, as esposas Alice Belaïde e Alix Poisson como Cécile e Audrey foram coesas em suas cenas, embora sejam as que faltaram trabalhar melhor o roteiro para que não ficassem tão jogadas, mas ainda assim, souberam trabalhar os olhares e não foram tão ruins.
Agora sem dúvida alguma o ponto alto do longa ficou a cargo da equipe artística que criou festas incríveis em boates insanas (pode até ser que em Budapeste tenha todas essas festas e eles apenas alugaram para fazer algumas filmagens, e isso tenha barateado o longa, mas como não conheço a cidade, vou imaginar que foram criativos!), trabalhou com figurinos repletos de detalhes para chamar a atenção, encontrou tanques, armas, carrões e tudo mais para dar um ar gigantesco para as cenas no campo, e claro desenvolveu os escritórios e hotéis com luxos para realçar tudo ainda mais, ou seja, um design cênico bem moldado para que o filme ficasse bem colorido, e cheio de intenções para que o público fique olhando ao redor, e esqueça da bagunça completa do roteiro, ou seja, a velha fórmula de encher a tela para que a história desapareça e ainda o público goste do resultado.
Enfim, é um longa que dá para curtir sem ter muita pretensão de ver uma história realmente, pois mesmo mostrando as ideias empreendedoras dos protagonistas (a cena dos cálculos é algo muito bem sacado e feito na medida!), a trama parte de algo que teria uma história para se desenvolver, e logo vira a loucura completa, o que não é algo funcional como cinema realmente, e sendo assim, vale a conferida somente se você quiser ver cenas bem malucas, afinal nesse quesito foram perfeitos, ou seja, é algo divertido de conferir na Netflix, que vale pela curtição e nada mais. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.
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