Alguma vez você já se pegou enumerando todos os clichês que filmes românticos possuem? Já reparou que em todas as histórias do gênero acontecem cenas muito semelhantes, quiçá iguais? Pois bem, se você nunca fez isso, irá fazer após conferir o longa da Netflix, "Megarrromântico", aonde não rimos de piadas, ou de grandiosas sacadas engraçadas, mas sim vemos tantas referências e cenas encaixadas exatamente iguais já vimos em outros filmes, que quase passamos o longa inteiro tentando conectar com qual estão brincando agora, e embora isso pareça bem besta, acaba sendo uma delícia de acompanhar e se divertir, de modo que o filme que é bem curtinho (88 minutos), parece até ter menos, passando num piscar divertido de olhos, ou seja, é exatamente aquele filme que você procura para se desestressar, e acerta a mão em cheio, pois com atores incrivelmente bem colocados, uma produção rica em detalhes, e um roteiro afiado conseguem resultar em um longa empolgante e gostoso de conferir.
O longa nos mostra que Natalie é uma jovem arquiteta bastante cética em relação ao amor, que se empenha para ser reconhecida por seu trabalho. Um dia, ao saltar do metrô, ela é assaltada em plena estação e, ao reagir, acaba batendo com a cabeça em uma pilastra. Ao despertar em um hospital, ela descobre que, misteriosamente, foi parar dentro de um filme de comédia romântica.
Diria que foi mais trabalhoso a pesquisa dos roteiristas para compor todos os filmes que "fariam homenagem" no longa do que para o diretor Todd Strauss-Schulson colocar suas mãos e criar uma comédia bem sacada cheia de desenvolturas criativas, aonde os clichês, que são os maiores problemas da maioria dos filmes, se destacassem e soassem bem colocados, divertindo para algo maior, ou seja, ele teve de pegar sua bíblia de erros que nunca se deve cometer numa comédia romântica e ler ela de ponta-cabeça para conseguir inserir tudo no longa. E felizmente ele conseguiu, pois a trama soa leve, engraçada, cheia das referências trabalhosas que os roteiristas inseriram no longa, remetendo "Uma Linda Mulher", "O Casamento do Meu Melhor Amigo", entre os mais famosos, e muitos outros, trabalhando momentos de musicais, encontros e desencontros, e claro, eliminações de palavrões, o que acaba sendo bem engraçado de ver com a protagonista, pois sabemos que em todos seus filmes, ela fala horrores incríveis, e essa foi bacana de ver a maquiagem em cima de sons. Ou seja, um filme bem ornamentado, que passa longe de ser o mais original no quesito, pois já tivemos outro semelhante, brincando com as comédias pastelões, outros que trabalham com os de terror, e tudo mais, mas aqui a sacada foi trabalhar com alguém que nunca acreditou em amor, e isso é algo bem comum nos dias de hoje, e assim sendo a moral final acaba valendo e muito, e claro, divertindo na medida.
Agora sem dúvida alguma a melhor escolha possível de protagonista foi Rebel Wilson, pois com seu estilo próprio desbocado, um perfil fora do comum de comédias românticas, e claro muitos trejeitos fortes para colocar desenvoltura na trama, fez com que sua Natalie, tanto real quanto a do sonho, ficasse incrível, conseguindo encaixar boas cenas do começo ao fim, tendo alguns leves desencontros de olhares, mas que no geral acaba agradando em cheio. Adam Devine que já foi par romântico de Rebel em "A Escolha Perfeita", volta aqui como Josh, sendo também bem coerente em todos seus momentos, divertindo com absurdos colocados tradicionais, e que conseguindo colocar um carisma simpático em diversos momentos ainda consegue chamar a atenção. Acredito que tenha sido proposital, mas Liam Hemsworth no longa ficou completamente a cara do seu irmão Chris, de modo que a todo momento ficamos pensando ser o Thor como proposta romântica para a protagonista com seu Blake, mas souberam entregar para o ator atos tão bem sacados, que acabamos rindo de seus atos errados. A indiana Priyanka Chopra entregou sua beleza para Izabela, e só, tendo alguns momentos mais chamativos, mas sempre ficando em segundo plano, mesmo quando precisava se destacar. Bandon Scott Jones forçou muito a barra para entregar o estereótipo maior dos gays em comédias românticas com seu Donny, mas que no final voltou com uma sacada tão bem colocada, que será um belo chute na moral ética que costumam colocar nesses filmes. E para finalizar o elenco principal, tivemos Betty Gilpin com sua Whitney entregando o tradicional público de comédias românticas, sendo bem sacada tanto no momento real como alguém emotivo demais, quanto no sonho com sua rebelde inimiga de serviço. Ou seja, todos foram incrivelmente bem moldados para cada ato, deixando que os dois protagonistas principais desenvolvessem muito os dois lados, mas sempre encaixando um clichê aqui, outro ali, para ser desmistificado na sequência.
Como disse no começo, a produção se empenhou muito no conceito artístico, retratando tudo inicialmente de um modo rústico, selvagem, cruel, aonde bem exposto conseguiu retratar algumas realidades tensas de escritórios e vida de solteiros mais jogados, com apartamentos bagunçados, pessoas acumulando comida, e tudo mais, para ao mudar para o lado mágico das comédias românticas com flores para todos os lados, cenários limpinhos, pessoas se ajudando, casamentos riquíssimos e tudo mais num deslumbre total das situações, mostrando claro que a equipe de arte pesquisou muito, e conseguiu encontrar ótimas jogadas cênicas para realçar tudo em níveis altíssimos para que ninguém precisasse olhar duas vezes, além claro, das diversas referências para ligarmos à outros filmes, ou seja, algo incrível de ver, que juntamente de uma fotografia inicialmente cinza, com tons bem pálidos, se muda para algo que é quase um arco-íris de tantas cores e formas.
Como o longa brinca também com os musicais, a trama teve diversas canções colocadas para brincar com outros filmes, encontrando um timing bem moldado que vale a conferida só para rir, além claro dos protagonistas cantando em alguns momentos, ou seja, além de ritmo conseguiram ganhar estilo para o longa. Aqui deixo o link da trilha sonora oficial do longa e uma playlist que fizeram com várias das músicas que toca no filme (tem algumas que não lembro de ter ouvido, mas como a escolha foi boa, fica junto).
Enfim, para um longa que parecia bem bobo, cheio de caras e bocas pelo trailer, o resultado final foi muito bem sacado, e consegue divertir na medida certa. Claro que recomendo que você não vá conferir esperando rolar de rir, pois essa não é a proposta da trama, e nem tem piadas que remetam a isso, mas com sutilezas bem encaixadas, o filme diverte e agrada. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.
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