É engraçado observar como alguns diretores de animação geralmente se vertem por estilos incomuns nas histórias, de modo que um filme sobre um parque de diversões, com animais falantes, provenientes da imaginação de uma garotinha, poderia virar algo quase depressivo, falando de doenças, medos, temores, e tudo mais num tom mais denso e forte, que remetesse a situações de tentar se superar e voltar para salvar sua esperança. Ou seja, "O Parque Dos Sonhos" consegue ser profundo e divertido na mesma proporção, e que graças às muitas cores, aos bichinhos cheio de interações, a trama consegue prender a garotada com bastante envolvimento, pois a densidade mais puxada para um lado sombrio, raspa de fazer com que o público fique mais tenso do que feliz, e o risco de dar errado era bem algo, mas felizmente o resultado final acaba bem agradável e gostoso para todos curtirem, valendo tanto para os pequenos, quanto para os adultos tentarem lembrar que mesmo que o medo lhe domine, temos de buscar nossa luz interior e voltar a sonhar para que os sonhos se concretizem.
A jovem otimista e sonhadora June encontra escondido na floresta um parque de diversões chamado Wonderland, que é cheio de passeios e animais que falam. O único problema é que o parque está confuso e desorganizado. June logo descobre que o parque veio de sua imaginação e que ela é a única que pode deixar o lugar mágico de novo.
Embora não seja feito pelas maiores produtoras de animações, o longa mostrou um grande feitio em texturas e composições, de modo que certamente caso desejassem trabalhar até mais no parque com os diversos brinquedos fantasiosos, e nas loucuras da garotinha, certamente o longa entregaria algo cheio de virtudes e muita tecnologia, agradando tanto no contexto quanto talvez em algum jogo envolvente com todos os personagens da trama. Porém o diretor não quis ir por esse vértice, e junto com diversos roteiristas de peso, acabaram optando por trabalhar mais como nossa mente pode apagar toda a desenvoltura criativa quando o medo e a escuridão da dúvida e questionamentos entram com força na nossa mente quando temos algum problema. Ou seja, tivemos uma animação que soa bonita visualmente, mas que trabalha tanta tensão dramática que o resultado fica bem no meio termo com algo mais introspectivo.
Mesmo com esse tom mais dramático, os personagens conseguiram ter um carisma incrível com suas cores, estilos, formas, de maneira que acabamos rindo até mesmo com os bichinhos de pelúcia zumbis maníacos que saem destruindo tudo no parque, mas sem dúvida o grande feito fica a cargo do ursão Boomer, do macaco Peanut e da javali Greta, que conduzem bem cada ato seu, tendo ótimas texturas, maravilhosas interações entre si, e com a protagonista, e principalmente fazendo a dramaticidade acontecer. Quanto da protagonista June, a garotinha teve uma pegada bem moldada de atitudes, e junto com sua família e amigos conseguiu transmitir segurança, e envolver a cada ato. A dublagem feita com bons atores e dubladores de profissão conseguiu dar um tom bem colocado com boas pegadas pela turma do Porta dos Fundos, e montando cada ato com simplicidade, mas colocando atitude e bons tons. Outro ponto muito bem divertido, foram os alunos indo para um acampamento matemático, todos entoando musiquinhas e piadelas envolvendo números, pi, e tudo mais dessa matéria que raramente vemos em filmes animados.
O visual completo do longa foi incrivelmente recheado de detalhes, com a garotinha montando maquetes do parque espalhadas pela casa toda, brincando bem com os amiguinhos para criar o seu próprio parque real com pedaços de madeira e tudo mais, além claro da grandiosa composição quando entramos realmente no parque completamente destruído, com elementos voando, mostrando sonhos se destruindo, e claro muitos elementos alegóricos bem colocados para representar cada ato, tudo com muita textura, muitas cores, dando algo belíssimo de se ver. Quanto do 3D da trama, diria que temos muitos bons momentos, mas poderiam com toda certeza ter abusado muito mais para agradar o público que gosta desse estilo, com tudo voando para a escuridão, mas claro que os momentos na montanha russa, e no escorregador deram o charme visual de profundidade comum de vermos em simuladores.
Enfim, é uma animação gostosa que dá para curtir pelo ar divertido desenvolvido, mas que soa bem pesada pela trama inserida, que pode até assustar, mas que agrada bastante por tudo o que foi mostrado na tela, criando um estilo até diferente do usual. Claro que esperava bem mais desenvolvimento do parque, por gostar muito de jogos desse estilo, mas a forma que tudo foi colocado no longa, acabou sendo sutil e bem encaixado, valendo a recomendação. Bem é isso pessoal, fico por aqui agora, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.
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