O cinema argentino é tão bom, com tantos vértices bem pontuados, que acabamos indo conferir qualquer filme deles com uma certa exigência a mais, e assim como o restante do mundo, eles também possuem o tradicional simples e fraco, que infelizmente mesmo tendo boas sacadas acaba soando decepcionante. E digo isso de "Um Amor Inesperado" com um pesar imenso, pois o estilo é agradável, os atores são incríveis, mas a história e o formato acabam não empolgando, cativando, ou sequer passando uma mensagem mais emocional instigante que o gênero costuma permear, e assim sendo, o resultado acaba fraco demais. Ou seja, temos um filme com uma boa síntese, mas que não atinge nem metade do potencial!
O longa nos conta que Marcos e Ana são casados há 25 anos. Com a ida do único filho do casal para o exterior, os dois começam a se questionar sobre o que o futuro lhes aguarda e decidem se separar para viver novas experiências. Em meio a aventuras bem-humoradas e descobertas sobre o amor e a rotina, os dois terminam, cada um, por encontrar um romance inesperado.
Em sua primeira direção, Juan Vera mostra o que já sabemos, que filme romântico não cai bem nas mãos de alguém que sempre foi produtor, ou seja, ele nos entrega um filme didático demais, cheio de floridos, de cenografias, de costumes argentinos, e não nos envolve como poderia, e deveria, fazendo algo seco demais, pois certamente veríamos o filme com mais emoção, com uma simplicidade casual, mas que voltasse após a reviravolta com um certame mais contundente, e não é isso o que ele faz. Claro que o filme mostra bem como acaba rolando a vida complexa de solteiro para aqueles que viveram mais de 25 anos juntos, e trabalha bem algumas sacadas, mas a fluidez formatada demais acaba cansando, além de os parceiros secundários serem bem ruins, ou seja, a história até funciona, mas não chega a lugar algum.
Só não digo que o filme foi pior por terem otimamente escolhido dois atores perfeitos para o papel, e por mais incrível que pareça, não temos nem que falar de quase mais ninguém fora eles, ou seja, vemos na telona quase um dueto teatral bem moldado por ótimos atores, que até nos entregam boas personificações de seus papéis, mas ainda assim não conseguiram mudar o resultado do filme. Ricardo Darín fez de seu Marcos, aqueles famosos homens de 50 anos, que praticamente possuem uma vida completamente estável, e que não sabe mudar muito seu rumo quando tudo muda ao seu redor, e ele nos entrega algo bem cheio de carisma, mas sem nem passar perto dos seus melhores momentos no cinema, o que é de uma tristeza incrível, pois sabemos o tamanho do seu potencial artístico. Mercedes Morán trouxe muita personalidade para sua Ana, trabalhando bons tinos cômicos e sensuais com os personagens secundários, encontrando bons vértices e olhares, mas sendo singela demais, o que acaba atrapalhando um pouco sua fluidez, e isso fica bem claro no segundo ato. Quanto os demais, temos de dar leves destaques para Claudia Fontán como Lili, e Luis Rubio como Edi, por serem os melhores amigos do casal, e por tratarem a situação relacional de uma forma mais engraçada, e bagunçada, mas de resto não incrementam muita coisa para o filme. Enquanto Andrea Pietra como Celia, e Jean Pierre Noher como Eloy foram fracos demais como parceiros dos protagonistas.
Como disse no começo, o longa é de um diretor iniciante, mas que foi produtor de grandes filmes argentinos, e sendo assim, aqui ele priorizou bastante a cenografia do longa, com casas e apartamentos cheios de símbolos, e diversos elementos cenográficos funcionais, que acabam servindo bastante para as discussões, mas nada que chame muita atenção, ou seja, alegoricamente o resultado é bonito, mas não funciona para o que o filme necessitava. Com uma fotografia bem tradicional de romances cômicos, com cores claras e tons pastéis, não temos nada contundente para chamar atenção em momento algum, e mesmo no momento do clímax do longa com trovões clichês, e tudo mais, o filme soa fraco demais nesse conceito também.
Enfim, um longa com potencial completo, mas que não flui como poderia, resultando em algo mais chato do que o esperado, e que não agrada, somente tendo um ato bem engraçado numa apresentação, aonde entra "Fogo e Paixão" do Vando, mostrando que o gosto musical das comédias argentinas é bem eclético. Bem é isso pessoal, fico por aqui agora, mas já vou para outro longa para ver se salva a noite, então abraços e até logo mais.
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