Se antes já tinha ideia que o Universo criado por James Wan em sua mente seria imenso, cheio de longas de terror conectados, agora com um filme que tecnicamente não tem nada a ver com a história de "Invocação do Mal", acabar tendo uma leve conexão com tudo, posso dizer que não temos mais como afirmar nada, e que ele vai conseguir ser o cara mais rico e esperto desse gênero com toda certeza, pois o cara é top demais com suas produções, e já vem acertando os passos para ficar apenas atrás da grana e não mais com a câmera na mão. Digo isso com muita felicidade, e não mais com o medo que estava antes dele passar a bola de "Invocação do Mal 3" para Michael Chaves, mas ao ver o que o jovem diretor fez aqui com uma história folclórica conhecida, que já apareceu em outros longas, mas que não tinha tido ainda seu filme próprio, e resultar em algo tão arrepiante como foi "A Maldição da Chorona", posso dizer facilmente que ele sabe o que faz, pois tivemos um filme cheio de nuances, momentos tensos, arrepios vindo em cenas espaçadas, e principalmente, a essência de um terror bem feito (claro cheio de clichês!) que consegue prender o público e fazer com que falássemos mentalmente: "sai daí sua anta... não vai lá ver!", ou seja, um filme bem feito para que quem gosta do estilo de filmes que assustem saia contente com o que verá na telona.
O longa nos mostra que na Los Angeles da década de 1970, uma assistente social criando seus dois filhos sozinha depois de ser deixada viúva começa a ver semelhanças entre um caso que está investigando e a entidade sobrenatural A Chorona. A lenda conta que, em vida, A Chorona afogou seus filhos e depois se jogou no rio, se debulhando em lágrimas. Agora ela chora eternamente, capturando outras crianças para substituir os filhos.
Como já disse no começo do texto, o diretor estreante Michael Chaves irá no ano que vem nos entregar "Invocação do Mal 3", e se antes isso era um medo evidente da franquia sair do eixo perfeccionista de James Wan, aqui vemos que Wan apenas como produtor foi bem sagaz no que deixou para o pupilo, e Chaves soube encontrar estilo próprio para que seu filme funcionasse dentro de algo trabalhado, afinal temos um texto folclórico que com muita certeza diversas pessoas já ouviram alguma versão, e que aqui transformada em filme pelas mãos de Mikki Daughtry e Tobias Iaconis (que antes desse escreveram apenas o romântico "A Cinco Passos de Você") souberam de certa forma romantizar um longa de terror para que ele fosse assustador, mas tivesse tons próprios bem colocados, ou seja, tiveram a capacidade de criar um contexto bem coerente para uma história tensa, que depois de desenvolvida traz algo a mais para a situação, e com isso o resultado flui bem. Sendo assim, quando vemos a conexão do longa com o primeiro filme de "Annabelle", que por consequência está dentro do arco do "Invocação do Mal", já ficamos bem felizes, e com isso a trama já se mostra válida, mas quando vamos mais a fundo mostrando que a trama conseguiu nos arrepiar e causar certos incômodos, o resultado é ainda melhor.
Agora só não digo que o longa foi melhor, por não terem preparado melhor o elenco, e acredito que aí esteja o maior problema da trama ter um diretor estreante que não soube como passar para os atores o que desejava ver nas cenas, e dessa forma a trama tem alguns buracos cênicos que poderiam ter sido minimizados. Linda Cardellini caiu bem na personalidade de Anna, criando momentos tensos, e mostrando expressões assustadas para cada momento, oscilando entre o ceticismo de não crer no que vê, até o desespero de sentir o que está vendo, e com isso, o resultado acaba sendo bacana de ver, mesmo que tenha demorado para aparecer realmente suas melhores cenas. Raymond Cruz meio que foi jogado na tela com seu Rafael, mas ao trabalhar o personagem nas cenas tensas fez bem, e quem sabe num próximo filme do Universo criado, ele volte para ajudar e ser bem coerente. Patricia Velasquez foi deveras exagerada com sua Patricia, entregando atos fortes, mas próprios de uma mãe desesperada, só talvez melhoraria sua cena de fechamento, pois ficou um pouco boba demais. Marisol Ramirez merece os parabéns pelo que fez como A Chorona, entregando facetas expressivas bem fortes, e colocando tensão nos gritos, mas como costumeiramente ocorrem com as entidades dos filmes, poderia ser mais forte nos impactos. Quanto aos demais, diria que Sean Patrick Thomas teve um bom começo como Detetive Cooper, mas evaporou depois, Tony Amendola fez a aparição precisa do Padre Perez (que fica como spoiler para quem lembrar dele!) mas aqui não fez muita coisa, mas sem dúvida o destaque fica para as cenas bem colocadas das crianças Roman Christou e Jaynee-Lynne Kinchen, que trabalharam de forma bem expressiva, agradando e arrepiando com suas cenas.
No conceito artístico a trama trabalhou pouco o visual dos anos 70, pois ficando praticamente o longa inteiro dentro da casa da família, saindo apenas para ir na igreja, ou na cena inicial aonde temos o ar policial dentro da cena do crime, o resultado acaba soando levemente pobre de intenções visuais, mas sabiamente a equipe de arte brincou com elementos "mágicos" nas cenas de Rafael, e claro abusando de uma fotografia bem escura, pegando o público desprevenido com a mulher inteira de branco aparecendo do nada com as diversas mudanças de ângulo da câmera repentinamente, ou seja, não quiseram trabalhar tanto com elementos cênicos, mas foram coerentes ao menos nas cenas dentro da banheira, ou nos atos com muitas velas, brincando com o imaginário do público, e envolvendo dentro da tensão propriamente desejada pelos fãs do gênero.
Enfim, esperava realmente ver um bom filme, e tinha certas expectativas do que seria entregue, e felizmente foi algo que encontrei bem colocado, com boas dinâmicas, e que funcionou como previsto. Claro que poderiam ter ido muito além brincando mais com a ideologia folclórica, mostrando mais sobre A Chorona realmente, e menos já no ataque à família, mas como longas do gênero tem de prender o público logo de cara, o resultado funciona e agrada bastante, então quem gostar de longas com sustos, leves arrepios em cenas espaçadas, com toda certeza pode ir conferir que sairá feliz com o que verá, mas só não vá esperando ver um longa de terror cabeça, daqueles cheio de ideias mirabolantes, que aí a chance de odiar é bem alta. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais textos, então abraços e até logo mais.
PS: Fiquei na dúvida de dar 7 ou 8, e ficaria bem no meio, mas como as atuações não foram algo que impressionasse realmente, vou deixar com um coelhinho a menos.
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