É engraçado que quando um filme muito maluco surge para conferirmos, ao acabarmos de ver ficamos com a sensação de "o que será que desejavam nos mostrar?", pois durante o filme "Loja de Unicórnios", fiquei imaginando ser algum tipo de trauma da garota, algum tipo de sonho, alguma metáfora que estão tentando passar, mas ao final vemos que apenas tentaram dar um tom brilhante para a sobreposição da maturidade das pessoas, colocando ideologias de que você deve acreditar no que deseja para conseguir, e coisas do tipo. Ou seja, um filme que tenta ser mágico para algo que não é mágico, e que talvez pudesse até fluir para outros rumos, mas que apenas instigou a ideologia, e jogou como algo entre a comédia e o drama, porém sem o brilhantismo que uma comédia dramática deveria entregar. Sendo assim, é um filme digamos bem mediano de atitudes, que mostra que Brie ainda precisa escolher melhor os projetos que deseja dirigir, senão a chance de estragar até as chances de atriz dramática ficará alta.
A sinopse nos conta que após fracassar na escola de artes e aceitar um emprego entediante num escritório, Kit finalmente tem a chance de realizar seu grande sonho: adotar um unicórnio.
Diria que Brie Larson até entregou uma direção consistente em sua estreia por trás das câmeras, mas já falei isso aqui diversas vezes, se você quer estrear na direção, não seja o protagonista do filme, pois geralmente acontecem muitos erros por alguma das partes, e aqui no caso nem foi tanto a culpa de Brie, mas sim do roteiro completamente maluco de Samantha McIntyre, que também em sua estreia com roteiros para longas, tentou criar um vértice de amadurecimento exagerado por situações que não fluíram como poderia, de modo que o filme ficou alegórico demais, para um final quase sem alegorias, ou seja, esperava ver realmente alguma metáfora mais brilhante para os unicórnios, ou para tudo o que estava acontecendo com a garota, mas ao optar por algo mais simples como o acreditar no potencial, ficou singelo e brilhante demais para uma estreia, e aí o tombo final na cara das pessoas que forem assistir será tarde demais para corrigir. Claro que Brie ainda acertará muito como diretora, pois mostrou que tem ritmo e sabe respirar bem os espaços cênicos, de modo que cada momento aqui era orquestrado com síntese, mas ao final, seu desespero de estreante pecou, e assim ficamos esperando algo maior, e não veio.
É engraçado que antes de Brie Larson ganhar o Oscar de Melhor Atriz em 2016, ela já tinha feito diversos longas e ninguém sequer tinha reparado nela, mas se analisarmos sua expressividade após "O Quarto de Jack", a atriz nos mostra quase sempre um estilo calmo, sem muitas desenvolturas expressivas, e olhares simples demais, o que não mostra ela como uma atriz impressionante, e mesmo agora estourando em "Capitã Marvel", ela se mantém quase da mesma forma, ou seja, é uma atriz simples, mas que tem dinâmica, e aqui sua Kit é bem colocada, entrega bons atos, mas não se desponta, o que é algo ruim de ver, mostrando que ao invés de crescer, ela anda se mantendo, ou seja, talvez se tivesse escolhido outra atriz para o papel seu longa seria bem diferente, e talvez ela teria se destacado melhor como diretora, ou vice-versa. Samuel L. Jackson poderia ter sido muito mais usado na trama com seu papel de Vendedor, mas apareceu pouco, sendo suficiente apenas para dar o tom colorido na trama, e desempenhar um papel ainda mais maluco na trama, criando situações inusitadas, e olhares bem despojados. Agora sem dúvida alguma o longa foi entregue para dois ótimos personagens, que um com muito carisma acabou chamando atenção como par romântico, e outro como chefe maluco soltou as falas mais estranhas possíveis, e nessa ordem temos Mamoudou Athie como Virgil e Hamish Linklater como Gary. Quanto aos demais, confesso que foram enfeites estranhos, tendo os pais e o vizinho um pouco mais de participação, mas nada que surpreendesse.
No contexto visual, temos um longa bem colorido de um lado, aonde vemos a desenvoltura mais infantil e sonhadora da protagonista, indo na loja de unicórnios, no seu quartinho no porão, e até na construção do celeiro para o animal, sempre remetendo a tudo o que já fez na vida, enquanto na vida séria tentando levar uma vida no escritório, e até mesmo no camping da família, temos cores secas, objetos menos chamativos, e tudo com um desenvolvimento sempre remetendo à protagonista, deixando quase de lado qualquer um que ficasse no caminho, ou seja, embora tenha chamado muita atenção, a equipe de arte não conseguiu ir muito além do que desejavam, e dessa forma o filme ficou um pouco preso.
Enfim, é um longa maluco, cheio de virtudes e boas sacadas, mas que se enrolou demais para o que desejava entregar, e no final acabou se perdendo um pouco, de modo que até poderia ter sido um daqueles filmes que ficamos impressionados com tudo o que acabamos vendo nas entrelinhas, de maneira bem subliminar, mas que não conseguiu ter um ápice, e o resultado soa fraco demais para algo que chamou tanta atenção pelas cores, e sendo assim é um daqueles que não tenho como recomendar, sendo apenas um passatempo dentro da plataforma da Netflix. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto logo mais com outros textos, então abraços e até breve.
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