Nos últimos meses vimos dois filmes sendo tão falados que por onde quer que comentássemos sobre filmes, alguém já soltava algo sobre "Bird Box" ou "Um Lugar Silencioso", mas o que a maioria reclamava de ambos é o fato de nada ser explicado quem eram os monstros ou bichos, de onde vinham, e tudo mais, ficando algo mais aterrorizador por parte da mente do público do que da essência visual em si, e agora com o novo longa da Netflix, "The Silence", tivemos um filme que não é uma grande obra por parte do roteiro simples demais, mas que conseguiu logo de cara nos mostrar os bichos (algum tipo de morcego cego e estranho, que ataca o que escuta), e com uma desenvoltura aterrorizadora de qualquer forma nos entrega um longa desesperador por parte da família fugindo disso, e depois tendo alguns outros problemas. Ou seja, não posso falar que seja um filme brilhante, mas que conseguiu criar situações fortes bem colocadas, e que de uma forma bem trabalhada mostra tanto a família em fuga quanto a destruição da humanidade, com uma mistura de longa dramático, tenso e apocalíptico bem dinâmico, e que agrada na medida, sem causar muito, mas também não sendo problemático.
O longa nos mostra que após a exploração de uma caverna desconhecida, um grupo de investigadores libera ao mundo uma espécie desconhecida de predadores. Chamados de "vespas", estes seres voadores e sem olhos se guiam pelo som, e rapidamente semeiam o caos nas maiores cidades mundiais, matando milhares de pessoas. A única maneira de ficar em segurança é não fazer nenhum barulho. Neste cenário pós-apocalíptico, uma jovem surda e seu pai fazem o possível para salvar toda a família do ataque iminente.
Como disse no começo, muitos podem até acusar o diretor John R. Leonetti de plagiar as ideias dos dois longas famosos, mas conhecido por grandes filmes de terror/suspense da atualidade, ele soube criar o clima, encontrar os monstros corretos e com força suficiente para tudo ocorrer, e junto de uma história simples, mas bem elaborada, ele conseguiu trabalhar toda a trama de uma maneira coerente, que pode até ter uma continuação, mas que funciona bem pela tensão, pelos momentos densos e principalmente pelas boas atuações dos protagonistas, de modo que não vemos quase nada de exagero em forma de clichê, mas sim bons atos que remetem histórias conhecidas, que com um vigor bem colocado acaba envolvendo o público e virando algo interessante de ser conferido. Ou seja, uma história apocalíptica que facilmente poderia ocorrer, afinal vai lá saber o que temos nas profundezas, e se mexessem com isso o que sairia de lá não acabaria sendo algum tipo de peste para a vida humana.
O longa não possui expressividades que impressionem, mas todos entregaram boas atuações convincentes para cada momento do longa, aprenderam a linguagem dos sinais para se comunicarem e foram bem coerentes com cada ato para que o filme fluísse bem, de modo que vemos um Stanley Tucci preocupado com seu Hugh, criando boas conexões com cada personagem, fluindo em estilos, mas principalmente mostrando atitudes, desde a paixão pela família, até estar disposto a tudo para defendê-los. A jovem Kiernan Shipka conseguiu conduzir bem sua Ally, entregando bons ensejos como uma garota surda que está rumando junto nos acontecimentos, ficando perdida em alguns atos, mas sabendo entregar bons olhares para funcionar, e com temor nas cenas certas, agradando bem até o final. Miranda Otto é sempre formidável, e mesmo tendo cenas em que quase desaparece, o resultado de sua Kelly chama a atenção, mas sem dúvida a cena mais forte ficou a cargo de Kate Trotter como sua mãe, na hora da precisão deu seu sangue com muito impacto. Quanto aos demais, tivemos John Corbett como o amigo Glenn, que se mostrou o fortão que vai pra guerra sem pensar, tendo claro uma cena bem impactante, mas o destaque mesmo que aparecendo somente nos momentos finais, fica mesmo para Billy MacLellan como um reverendo bem caracterizado pelo que o filme pediu, mas assustadoramente o cara é um padre bem do mal, ou seja, preparem para o fim.
No contexto visual a trama inicialmente pareceu levemente exagerada, com explosões em alguns lugares, e em outros uma serenidade enorme, além de o tempo aparentar passar meio que de forma diferente do usual na trama, pois pareceu que chegaram a poucos dias na casa do campo, mas a dona já estava inteiramente preparada para tudo, assim como a comunidade religiosa já cheia de ideologias prontas para fazer algo a mais, ou seja, o filme teve alguns vértices meio problemáticos nesse sentido, mas foram bem coesos ao entregar cenografias bem trabalhadas para um longa pós-apocalíptico, com tudo bem devastado, coisas abandonadas, e principalmente os corpos em decomposição sendo bem mostrados, além claro dos bichos voadores parecerem uma mistura estranha, mas que não ficaram tão jogados para algo computacional, parecendo realmente estar no meio dos protagonistas, atacando sem piedade, o que foi bem interessante de ver. Com uma fotografia escura, e cenas tensas mais para o final, o resultado foi bem elaborado, com tons neutros sempre puxando para algo mais forte, e isso funcionou para o suspense da trama.
Enfim, é um daqueles filmes bem feitos de suspense/terror que ficamos tensos pela situação e pelos atos em si, mas que poderia até ter ido bem além para causar mais temor no público, e claro tentarem ser um pouco mais originais para que a galera não reclamasse tanto, mas mesmo com esses leves defeitos é uma trama que vale a conferida, e quem sabe façam uma continuação, pois o final deu essa deixa, e aí saberemos o que aconteceu nas cidades. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos.
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