Já ouvimos tantas vezes pessoas dizerem que homossexualismo é doença, que deveria ser tratada, que a religião pode curar, e muitas outras ofensas para pessoas que já nasceram assim, que possuem seu estilo, suas vontades sexuais, e que não se atraem pelo sexo oposto, ou seja, como já ouvimos outras vezes também, cada um é o que é, e não tem quem vá mudar isso. Porém alguns se incomodam tanto com a vida alheia, que acabam colocando limites, fazendo agressões, e até colocando os jovens em internatos religiosos próprios para tentar "curar" eles dessa "doença", e isso é o que nos é mostrado em "O Mau Exemplo de Cameron Post", que usando uma história real como base, poderia até ser ficcional pela ideologia, mas todos veriam a trama da mesma forma, pois mostra o básico para quem não entende que não é uma doença, e que não existe cura, e que todas as metodologias usadas sempre serão péssimas tanto para os familiares que abandonam os jovens, quanto para o próprio jovem que acabará se desencontrando e indo para rumos ruins como suicídio, mutilações e até loucura por outras vezes, e dessa forma, a trama soa envolvente, trabalha bem o tema, e com sutilezas consegue ser interessante de conferir e refletir sobre a temática.
O longa nos mostra que em 1993, a jovem Cameron Post é flagrada com outra garota no baile de formatura. Ela é então enviada pela tia para um centro religioso que afirma curar jovens atraídos pelo mesmo sexo, mas para se submeter ou não ao suposto tratamento, a adolescente precisa antes descobrir quem é de fato.
A diretora e roteirista Desiree Akhavan foi precisa na forma de condução da trama, não ousando muito, mas também não deixando de opinar sobre o que acha do tema, e trabalhando de uma forma simples, coesa e bem efetiva, ela conseguiu fluir o tema com uma dose tênue de símbolos, mostrando a realidade dessas clínicas, sem atacar diretamente, mas pesando bem o tema, mostrando os desafios de alguns jovens, mas principalmente colocando a humanidade no tema, pois já vimos histórias bem pesadas de alguns centros desse estilo, e aqui embora seja algo romantizado por ser religioso, vemos o abuso mental por parte dos orientadores, e claro o desenvolver de cada um. Ou seja, souberam atacar, apontar e desenvolver o tema sem precisar dar nenhum tiro na cara, mas com luvas de pelica, o tom foi mostrado.
Sobre as atuações, todos sabem bem que adoro o trabalho de Chloë Grace Moretz, sempre elogiando seu estilo e forma que dá para seus personagens, mas aqui fazendo a jovem Cameron Post, aparentou um pouco de insegurança, deixando transparecer nervosismo em algumas cenas, e olhares levemente vagos, o que não era necessário da personagem, mesmo a jovem estando com dúvidas da sua personalidade, e isso ficou estranho de ver, mas mesmo com esses momentos espaçados de falhas, a jovem mostrou bom tino para a dramaticidade que lhe foi pedida, e o resultado acaba sendo agradável de ver. Sasha Lane como Jane Fonda e Forrest Goodluck como Adam foram dois bons personagens joviais para a trama, entregando uma boa amizade com a protagonista, criando bons elos visuais, e ambos entregando olhares precisos nas cenas mais tensas, o que acabou agradando bastante de ver. John Gallagher Jr. nos entregou um Reverendo Rick afobado demais nas cenas de precisão, e jovial demais nas cenas mais leves, aparentando ser mais ainda um dos jovens em tratamento pela irmã, do que um guia espiritual para os jovens, e sua cena mais forte ao final chorando foi a clara nitidez de o personagem não saber o que estava fazendo ali, e assim o acerto do ator foi preciso. Jennifer Ehle, já pelo contrário de Gallagher, veio como a Dra. Lydia de uma maneira tão precisa para mostrar a força de um terapeuta para impôr suas opiniões, que por diversos momentos pensamos até que a atriz teve uma formação na área, pois ficou muito coerente suas cenas, mas como apareceu pouco em cena, seus atos aparentaram meio jogados. Quanto aos demais, alguns apareceram mais que outros, mas todos foram bem, valendo destacar Owen Campbell pelas cenas finais de seu Mark, e Emily Skeggs pelas cenas desesperadoras de dúvida de sua Erin tanto na livraria quanto no quarto.
No conceito cênico a trama não quis trabalhar muito a época, deixando o filme mais preso num ambiente mais recluso, deixando apenas transparecer nas cenas iniciais com o vestuário e os carros, mas dentro da comunidade cristã, o longa só voltou a mostrar mais a época quando mostrou o rádio antigo, e em alguns leves momentos que os personagens saiam para passear, o que não chega a ser um problema, pois acaba mostrando que isso pode estar ainda ocorrendo sem ser em uma época específica, mas poderiam ter trabalhado um pouco mais nos elementos cênicos para que o filme todo fosse ambientado coerentemente dentro dos anos 90, e agradasse mais nesse sentido.
Enfim, é um filme bem moldado pelo roteiro, e que agrada bastante pelo conteúdo mostrado para que possamos refletir sobre o tema, e pensar melhor sobre todos que ainda acham que homossexualismo é uma doença, pois a trama consegue fluir bem os pensamentos dos jovens, e claro seus desesperos para poder voltar para a sociedade, e principalmente para a família, e sendo assim, vale a conferida para esse feitio, mas analisando como filme apenas, poderiam ter trabalhado um pouco mais alguns conceitos que chamariam mais a atenção, não ficando apenas com símbolos, mas sim com mais atitudes. Sendo assim, recomendo ele bem, mas com mais ressalvas no quesito técnico do que na ideia textual, pois nesse sentido a trama é maravilhosa. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.
0 comentários:
Postar um comentário
Obrigado por comentar em meu site... desde já agradeço por ler minhas críticas...