Sempre existiu grandes brigas de reinos na antiguidade, e como a maioria era meio que parente, sempre os conflitos familiares pelos tronos eram disputas bem interessantes, e principalmente envolvendo grandiosos egos, exércitos, e claro declarações polêmicas de bastidores. Se você leu tudo isso e pensou que o Coelho começou a assistir "Game Of Thrones", você errou, pois a trama que fui conferir hoje se chama "Duas Rainhas", e mostra um pouco do conflito entre as primas rainhas da Inglaterra e da Escócia durante os anos 1500, que com muitos diálogos fortes, guerras armadas por pessoas próximas, traições de todos os lados, casamentos por interesses e muito mais mostrando como o reinado de duas mulheres foi conflitivo numa época importante, mas que com muita sabedoria (e claro um pouco de loucura!) resultaram em algo mais pra frente que sabemos da união do grande reino da Bretanha. Diria que o filme poderia ter focado muito mais nisso do que na dinâmica das duas mulheres no trono, pois abriria um leque maior de conflitos, mas como já tivemos outros filmes de outras épocas, essa foi uma escolha bem colocada, mas que não incrementou muita coisa.
O longa explora a vida turbulenta da carismática Mary Stuart. Rainha da França aos 16 anos e viúva aos 18 anos, Mary desafia a pressão para se casar novamente. Em vez disso, ela retorna para a Escócia, sua terra natal, para recuperar seu trono legítimo. Mas a Escócia e a Inglaterra estão sob o domínio da poderosa Elizabeth I. Cada jovem rainha enxerga sua “irmã” com medo e fascinação. Rivais no poder e no amor, e mulheres importantes em um mundo masculino, as duas devem decidir como jogar o jogo do casamento contra a independência. Determinada a governar muito mais do que ser uma figurante, Mary afirma sua reivindicação ao trono inglês, ameaçando a soberania de Elizabeth. Traição, rebelião e conspirações dentro de cada reinado colocam em perigo os dois tronos - e mudam o curso da história.
Diria facilmente que o maior problema do filme ficou a cargo da direção meio sem foco na maior parte do tempo, e exagerada de foco em outros momentos, que acabou virando uma bagunça organiza na estreia de Josie Rourke comandando as câmeras, que praticamente caiu de paraquedas no meio de uma produção que já tinha sido cotada por diversos outros diretores, mas que estava bem difícil de sair do papel, porém não podemos ser tão criteriosos com a jovem diretora, pois ela soube dar o ar de protagonismo que as mulheres da trama mereciam, ousou falar de diversos atos que muitos julgam nunca existir no mundo antigo (como relacionamentos homossexuais) e impôs força visual numa trama que praticamente seria contada com exageros dialogados, e isso já lhe faz ter mérito por dar um direcionamento mais contundente. Claro que muitos verão a trama com outros olhos, e conseguirão enxergar algo a mais, ver uma trama mais artística, trabalhada em elos, e que facilmente como uma série seria incrível visualmente com tudo se desenvolvendo por diversos eixos (aliás, essa série existe de uma maneira bem mais ficcional! Mas que se fosse embasada na realidade, certamente seria em cima desse texto). Ou seja, um filme que foi por um rumo, teve diversas atitudes bem encaixadas, mas que merecia algo a mais para ser funcional, e não apenas expositivo, pois não temos nada que impacte realmente como história fictícia bem contada, mas quase um documentário dramático teatralizado.
Agora se não decidiram virar série certamente foi por conta de desejarem um elenco protagonista bem enxuto, e confiar muito no taco das protagonistas, que deram um show de expressividade em cada um dos atos que dependeram delas, acertando com precisão quase cirúrgica cada momento, entregando olhares e diálogos fortes para que cada uma mostrasse seu estilo sem falhar, ou seja, duas incríveis atuações. Saoirse Ronan soube controlar as emoções com foco e muita simpatia para que sua Mary fosse o carisma em pessoa, e com isso cada cena sua embora mostrasse a força de uma rainha, também subvertia para algo mais bem colocado, não deixando que o fluxo saísse de seu campo de atuação, ou seja, soube trabalhar os personagens adjacentes quase como peões de xadrez realmente defendendo sua coroa como rainha, envolvendo tudo até seu momento final. Já pelo outro lado, Margot Robbie, que tem uma personalidade mais impulsiva em todos os filmes que faz, deu um vértice icônico para sua Elizabeth, trabalhando com serenidade atos precisos, e com muita força os necessários de loucura, envolvendo e sabendo se desenvolver a cada nova cena. Os demais todos se doaram aos poucos para cada um dos atos, tendo leves destaques para Jack Lowden como Lord Darnley, Ismael Cruz Cordova como Rizzio, e James McArdle como Conde James.
No conceito cênico, como bem sabemos os longas de época dos reinados são cheios de locações imponentes, grandes festas, muitas lanças, e claro o que fez o longa concorrer a diversos prêmios: grandiosos figurinos, maquiagens e penteados, que foram de um luxo imponente, cheio de detalhes, e muita coreografia bem encontrada para que tudo se encaixasse, ou seja, perfeição na medida certa para que a história fosse contada. A fotografia ficou bem acinzentada para realçar o momento tenso, dando claro mais destaque para os cabelos ruivos das protagonistas, e claro o grande desfecho do vestido vermelho, que acabou chamando atenção demais já no começo (aliás, dá para pararem com esse estilo de começar um filme com o final, é tão brochante ficar esperando acontecer!!).
Enfim, é um longa estiloso, mas que ficou levemente bagunçado de atitudes, não impondo nada muito além do esperado, criando bons momentos, mas sem um desenvolvimento completo por nenhum dos lados, parecendo estar apresentando um resumo de algo maior, ou seja, poderiam ter trabalhado mais qualquer um dos grandiosos momentos que resultaria em algo mais satisfatório, embora não seja um filme cansativo de conferir, que quem gostar desse estilo sairá até levemente satisfeito. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, afinal essa semana está bem recheada de estreias pelo interior, então abraços e até logo mais.
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