Sério! Não esperava me divertir com algo tão tosco como esse novo "Hellboy", que praticamente mistura continuação com um reinício da série, e possui todos elementos possíveis para odiarmos e amarmos ele na mesma proporção, ou seja, um filme com uma desenvoltura tão cheia de efeitos toscos, um roteiro bizarro, elementos cênicos voando para todos os lados, escatologias e pedaços de pessoas sendo estraçalhadas em primeiro plano, diversos furos na história, e tudo mais que você conseguir imaginar, porém funciona tão bem para quem gosta da junção de tudo isso, que de tão ruim que poderia ficar, acabamos nos divertindo e gostando do resultado mostrado, ou seja, um filme que vai muito além do imaginável, que muitos irão reclamar (aliás a maioria dos críticos está executando o longa com facadas diretamente no peito!), mas que para esse Coelho que vos digita, foi a diversão necessária para fechar o final de semana, sendo daqueles filmes que quem gosta de um longa para maiores cheio de destruição, bem forte de violência, e que não se limita para ficar correto irá amar. Ou seja, só vá conferir se você se enquadrar nesse grupo, senão a chance de nem esperar o encontro final é bem alto, quanto mais esperar pelas duas cenas pós-créditos que dão toda a ideia de para onde a franquia deve seguir caso os produtores malucos resolvam fazer mais filmes do diabão.
A sinopse nos conta que ao chegar à Terra ainda criança, após ser invocado por um feiticeiro contratado pelo governo nazista, Hellboy foi criado como um filho por Trevor Bruttenholm, um professor que estava no local no momento em que emergiu do inferno. Já adulto, Hellboy se torna um aliado dos humanos na batalha contra monstros de todo tipo. Quando a poderosa feiticeira Nimue, também conhecida como a Rainha Sangrenta, insinua seu retorno, ele logo é convocado para enfrentá-la.
Praticamente você precisa esquecer de tudo o que aconteceu no passado para ver esse novo filme, porém você necessitará lembrar de muitas coisas para ver esse novo filme, ou seja, só com essa frase já deixarei você completamente confuso com o que o diretor Neil Marshall fez com seu novo longa, pois mesmo sendo um reboot da franquia que rolou com dois longas em 2004 e 2008, a trama se prende a algumas histórias de personagens, que muitos já haviam visto nos quadrinhos, outros porém somente viram parcialmente nas histórias dos longas, ou seja, ele faz a famosa mistura que inicialmente nos deixa perdidos, porém depois até esquecemos do restante e passamos a assimilar como o que está sendo mostrado aqui apenas, ou seja, se você gostava das coisas que rolavam por lá, aqui terá de mudar de opinião para gostar, senão a chance é reclamar de tudo. Dito isso, Neil conseguiu criar uma história bem bagunçada de elementos, que por vezes ficamos perdidos, mas o diretor por ter se perdido também coloca lembretes, memórias e tudo mais, para que você se conecte com a trama, e o resultado disso mostra que se perderam muito na criação de um novo filme, porém mesmo com toda a bagunça, o diretor foi esperto o suficiente para criar tantos monstrengos estranhos, tantas cenas fortes de destruição (algumas bem nojentas!), tanta violência gratuita, que quase vimos um longa realmente baseado em quadrinhos violentos (que é o que Hellboy foi concebido realmente!), ou seja, se desligarmos um pouco o senso de crítica por uma história bem feitinha, acabaremos adorando o que é mostrado na tela.
Agora sem dúvida alguma o que mais ouvimos de críticas ao filme foi o excesso de personagens com alguma participação importante na trama, pois sem tempo para desenvolver cada um, alguns simplesmente surgem do nada e temos de induzir de onde vieram, e isso acaba sendo uma falha gigante, que pode atrapalhar quem gosta de seguir um filme nos mínimos detalhes, portanto uma grande ajuda é você tentar focar apenas no protagonista e na vilã, deixando que o restante faça parte apenas de conexões que possam vir a ser usadas mais para frente. Dito isso, David Harbour deu trejeitos bem mais mal-encarados para seu Hellboy, enquanto tínhamos no passado um Ron Perlman mais carismático e até engraçado, mostrando que a nova franquia ainda possui piadinhas, mas aqui o papo é sério e de impacto, e talvez sem esse carisma o diabão do bem vá precisar de um pouco mais de ajuda para chamar o público para acompanhar sua trama, pois ele até faz bons trejeitos, luta bem, mas parece sempre estar mal-humorado com algo, e isso não é legal de ver em um protagonista, ou seja, você até se conecta à ele, mas não passa a gostar tão facilmente. Milla Jovovich fez uma vilã bem interessante com sua Nimue, mas foi usada tão pouco, que até chegar nela e seus olhares penetrantes, quase esquecemos da personagem, ou seja, foi bem, mas não como poderia. Sasha Lane faz bem o papel de Alice, e incorpora bons momentos como uma vidente com poderes ganhos das fadas, e com uma boa conexão com o protagonista certamente vai acabar caindo bem se houver mais longas da franquia, pois a jovem tem uma boa dinâmica. O mesmo posso dizer de Daniel Dae Kim, que surge de uma forma meio estranha como um policial da M11, mas com boas jogadas junto do protagonista, seu Daimio acaba funcionando e agradando bastante. Ian McShane também tem bons momentos como o pai do diabão, Broom, e acaba tendo histórias demais contadas para chegar até onde deve, e com isso até cansa algumas falas suas, mas o ator sabe fazer bons trejeitos rápidos, e isso acerta no que deve. Quanto aos demais, como disse no começo do parágrafo, opte por não se preocupar, senão a chance de ficar procurando quem é Baba Yaga, Gruagach, entre outros é de se perder facilmente, só digo que a maquiagem digital de criação desses personagens foi algo bem bacana de ver na telona.
No conceito visual, tivemos muitos efeitos computacionais, diversos bichões esquisitos, muita ambientação densa, armas impactantes, pessoas sendo picadas/rasgadas em pedaço em primeiro plano, corpos explodindo, membros voando, muito sangue, muitos líquidos estranhos, ou seja, um pacote completo para que o filme funcionasse muito em 3D, porém não foi lançado na tecnologia (ao menos na pré-estreia que conferi), e com tanto material visual, a equipe ainda foi brincar com a lenda de Excalibur, ou seja, a equipe de arte teve de ser brilhante para conseguir entregar tanto material solicitado para ela, pois mesmo quase tudo sendo computação gráfica, tudo necessitava ser criado para funcionar nas gravações, ou seja, um trabalho bem árduo. A fotografia por ser um filme das trevas, com um diabo alaranjado gigante, focou praticamente todo em tons pretos para dar contraste, e muito fogo, muito laranja, muito vermelho para o sangue voar melhor, e tudo mais que desse tensão, não tendo praticamente nenhuma cena de alívio neutralizador.
Enfim, um filme que tinha tudo para ser uma tremenda bomba, mas que acho que fui com tão baixas expectativas para conferir ele, que acabei me divertindo demais com tudo, e acredito que quem for dessa forma, sabendo apenas o que vai encontrar como disse nos parágrafos acima, certamente também irá curtir bastante a trama, ou seja, só recomendo o filme para aqueles que gostem de muita bagunça visual, muita violência explícita na telona, e só, se você não se enquadra nesse perfil procure outros longas, pois certamente irá odiar cada minuto de projeção. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com a última estreia da semana nos cinemas, então abraços e até logo mais.
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