Já disse isso várias vezes aqui no site, mas sempre vale a pena reforçar que o gênero terror é um dos que mais tem diversas vertentes, e cada diretor gosta de explorar ele de formas diferentes, então porque não juntar os vários estilos em um único filme composto de vários curtas? Certamente o produtor de "Histórias Estranhas" teve essa ideia e assumiu que poderia colocar qualquer coisa na telona que funcionaria, que o público entenderia, e o resultado seria incrível! Pois bem, não acontece nada disso, pois com histórias bem estranhas como o próprio nome diz, o resultado beira o bizarro, e dos oito filmes que é composto, apenas três são bem trabalhados, e mais um é possível de assistir e acompanhar, porém os demais parecem ser apenas jogados que sequer o diretor deles deve ter entendido o que acontece, e assim sendo ficamos vendo e falando que será que é isso, e como estava sozinho na sessão conversei o tempo todo com a projeção, falando não mentalmente, mas abertamente das loucuras que vi na tela. Ou seja, um filme muito fraco de contexto, cheio de abusos visuais desnecessários, que até tenta ter uma proposta boa, de vender em um único produto, vários diretores que não teriam sucesso sozinhos, mas o filme é mais jogado na tela, do que possível de causar qualquer tensão, e sendo assim, dispensável na totalidade.
O longa nos entrega uma coletânea de oito contos que apresentam as mais variadas abordagens do horror, do bizarro e do inexplicável, como bruxas, demônios e serial-killers. As histórias são: "Ninguém", "A Mão", "Mulher Ltda.", "No Trovão, na Chuva ou na Tempestade", "Os Enamorados", "Invisível", "Sete Minutos para a Meia-noite" e "Apóstolos".
Como disse acima, não é algo que chegue a chamar muita atenção, e sendo desenvolvido por diversos diretores, cada um foi por um vértice completamente diferente do outro, e o resultado geral não é uma conversão dos temas, então vou falar bem rapidamente de cada um deles:
Em "Ninguém", temos um mendigo/andarilho desesperado atrás de comida, pertences e outras coisas, numa aparente cidade estranha, e que para conseguir suas coisas usa claro da violência, mas é um filme cheio de câmeras na mão, expressividades jogadas, e um resultado mais nojento do que interessante de ser visto.
Com "A Mão", temos um analista monstro, que tem visões estranhas, coloca objetos em sua mente, e com muita maquiagem gosmenta, acaba entregando abstrações num desenvolvimento por absorver a essência das pessoas, ou seja, algo muito maluco.
Em "Mulher Ltda." temos uma história mais divertidinha, porém bem pautada na venda de mulheres mortas revividas como Frankenstein para servirem os homens, brincando como aqueles comerciais mais antigos, trabalhando a ideia de embalagens próprias para cada estilo de homem, ou seja, uma mensagem feminista, dirigida inclusive por uma mulher, ou seja, tem um cunho bem feito, embora os efeitos soem levemente toscos.
Já no filme "No Trovão, Na Chuva ou na Tempestade", o diretor se apropria de uma frase de Macbeth de Shakespeare para entregar um executivo fazendo sua oferenda para bruxa no meio de uma floresta mais iluminada que um campo de futebol (falha grotesca!), em que chega a ser até engraçado o destroçamento do corpo em partes, que ao final nos créditos é agradecido claro uma padaria, ou seja, chega a ser nojento, mas provavelmente tudo era bem comestível.
Em "Os Enamorados" vemos as tradicionais habilidades de cartomantes, aonde durante um sono pós-sexo, o orgasmo com psicodelia e muitas drogas faz com que um crime ocorra, mas é muitas luzes piscando e coisas voando para entrarmos no mesmo clima, ou seja, fora de si.
Agora um dos melhores curtas ficou a cargo de "Invisível", que trabalha uma pegada mais dramática de um homem que nasceu invisível, foi criado por um pai que lhe trancava em um celeiro, e ao fugir para a cidade grande acaba conhecendo mais da vida, e sofrendo muito desprezo pela solidão, mas que ao casar com uma jovem tem um filho e ao separar nunca mais os vê, de modo que o filme trabalha bem as durezas da vida, de um modo bem abstrato, mas cheio de boas nuances.
Em "Sete Minutos para a Meia-Noite", temos algo pactuoso, um parto demoníaco, e mais abstrações em cima de um relógio que para coincidentemente no horário que dá nome ao filme, mas isso é um mero detalhe em meio a diversos outros pequenos erros, como uma carta aparecendo na porta, na sequência o protagonista abre a carta, vira para a mulher, amassa a carta, e ao passar próximo da porta, a mesma carta está no chão, ou seja, um filme que poderia ter melhores cuidados, e faz rir por bizarrices.
Porém, o melhor filme ficou para o final, com "Apóstolos" trabalhando a famosa cena da Santa Ceia em um modo bem aterrorizante, aonde com muito sangue, o protagonista busca agrupar todos os membros para a famosa foto do quadro, mas de uma maneira bem incomum, cheia de referências religiosas, e grandes sacadas visuais, o que chama atenção tanto pelo estilo escolhido, quanto pelas atuações, ou seja, um colírio bem feito para superar os demais curtas da trama.
Enfim, poderiam ter escolhido melhor as obras para que o conjunto tivesse uma harmonia ou direcionamento melhor, e quem sabe até ligar eles com alguma outra história, mas isso seria um trabalho mais árduo e dispenderia muito mais dinheiro, e certamente não era esse o que desejavam, porém deixar com longas bem bizarros só serviu para dar o nome realmente ao projeto, e fazer com que quem fosse conferir fugisse antes do melhor filme, e sendo assim, não tenho como recomendar o longa, deixando como sugestão apenas que tentem ver os dois melhores "Apóstolos" e "Invisível" em algum lugar sem precisar conferir a trama completa. Bem é isso, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais um texto, então abraços e até logo mais.
0 comentários:
Postar um comentário
Obrigado por comentar em meu site... desde já agradeço por ler minhas críticas...